Dilmaquinista |
Por Zezinho de Caetés
O Blog do Augusto Nunes publicou ontem um texto de um dos seus colaboradores eventuais, o Celso Arnaldo Araújo, que me fez ver e ouvir o discurso de Dilma em Fortaleza, só para verificar se o que ele diz, e que concorda comigo, em preferir a Fabiana Karla, que faz a caricatura da presidenta no programa da Globo, o Zorra Total.
Todos já sabem que quando a Dilma fala de improviso é um desastre ambulante. Mas, desta vez ela exagerou e realmente descarrilou na promessa do metrô de Fortaleza. Eu, nunca vi algo assim. E chego a temer pelo nosso país, se deixarem, no exterior, esta mulher abrir a boca sem uma assessoria adequada.
Sua tentativa de se penitenciar pelo pito público que deu no governador Cid Gomes aqui em Pernambuco, foi de um pateticismo inimaginável. Ela chega a dizer que nunca na história deste país houve um programa como o Minha Casa Minha Vida. Com os resultados que vejo para ele, parece até uma brincadeira. Mas, não é, é uma coisa séria para ela, pois quando faltam as palavras, a cantilena de que o Brasil mudou, que não é mais o mesmo, etc. é a tábua de salvação.
Mas, fiquem com o texto que o blogueiro chamou de “No comando do metrô de Fortaleza, a maquinista-presidenta de chanchada vai de encontro ao desejo da população”. E se aguentarem assistam ao vídeo até quando ela manda um beijo ao coração dos cearenses. Eu não sei se alguém infartou por lá, mas, eu quase o fiz.
“Dizem que Dilma adora a imitação grosseira ─ao nível de palavrões cabeludíssimos ─ que dela faz na internet o humorista mineiro Gustavo Mendes. Mas sua meninona dos olhos, no perigoso terreno da galhofa, é a comediante Fabiana Karla, que interpreta a personagem Dil Maquinista no quadro “Metrô Zorra Brasil” ─ o ponto alto (no caso baixo) do programa Zorra Total, chanchada cativa das noites de sábado na Globo.
Celso Kamura, o samurai de aplique que cuida das madeixas presidenciais, confessou outro dia à revista Época que foi ele quem introduziu sua mais ilustre cliente à imitação de Fabiana. “Dilma morreu de rir e disse que é igual mesmo”, disse o coiffeur, sem revelar quem é a original.
Depois de assistir a este vídeo ─ com o triunfal discurso de Dilma na futura Estação Virgílio Távora, do metrô de Fortaleza, que deve começar a funcionar mais ou menos na mesma época em que correr o primeiro trem da Transnordestina e a primeira gota d´água da Transposição do Rio São Francisco ─ quem costuma ver o Zorra ficará em dúvida sobre quem imita quem. Dilma Rousseff não será uma sátira de Fabiana Karla?
Todos os 16 minutos do vídeo — que começa com um estranhíssimo pedido de licença da presidente ao governador Cid Gomes para “comprimentar esse povo fantástico do meu Ceará”, como se o povo pertencesse a ele ─ têm aquele diapasão de agonia característico da fala de Dilma, no qual as palavras erradas, para expressar pensamentos completamente sem nexo, vão saindo aos solavancos, escoltadas pateticamente por mímicas de esforço e esgares atônitos, como se estivessem sendo trazidas a fórceps de um arquivo morto que há anos não é consultado. Espremendo-se tudo, escorre a pataquada de sempre: antes de Lula/Dilma, o Brasil não tinha água, televisão, casa própria, muito menos metrô.
Não recomendaria a audição do discurso inteiro nem aos espectadores fiéis do Zorra ─ ao contrário de Dil Maquinista, a maquinista desgovernada não tem graça nenhuma. Mas destaco este trecho, que começa aos 9:14 do vídeo, como síntese de um esquete típico do Dilma Total:
“E isso significa que ela tem de ter uma estrutura de transporte de massa, que faça, que faça, mais do que jus, mais do que…… que vá de encontro ao desejo da população, mas que ela garanta pra Fortaleza que ela possa crescer sem ter aqueles problemas que hoje nós vemos ocorrer nas grandes cidades que cresceram antes no Brasil”.
Massa, que faça, que faça: não seria uma solução para o transporte em Fortaleza ou em qualquer das cidades “que cresceram antes” – mas talvez uma boa rima para Caetano.
“Mais do que jus, mais do que…”: está com jeito de desfecho de poesia concreta ─ se bem que, da família Campos, Dilma prefira Eduardo. Mas o mergulho da presidente num mundo sem palavras, por intermináveis nove segundos, entre “mais do que” e “que vá de encontro ao desejo da população” soa como o prenúncio silencioso do desastre de quem ainda confunde “ao encontro de” com “de encontro a”.
No fim do túnel do metrô de Fortaleza havia uma luz – mas era o trem do Zorra vindo de encontro a Dilma.”
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