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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

BANHEIRO GAY




Por Carlos Sena (*)

Já existe uma nova onda no besteirol da falsa moral: criação de um banheiro para o chamado terceiro sexo. Acho mesmo que não precisa. Quem mais tem medo disto talveez seja quem não se decidiu gastar um pouco do seu dinheiro se cuidando por dentro, quero dizer, indo a um bom psicanalista. Evidente que este assunto não é tão simples de ser resolvido, inclusive porque há outras questões por "trás" dele (questão boa sempre é pela frente). Sendo pratico: um gay masculino ou feminino quando entra no banheiro que, em tese, é o seu, geralmente é visto com desdém pelos que lá estão. Isto para aqueles que são afetados na maneira de falar, vestir, etc. No caso de haver uma permissão legal para, digamos, um travesti utilizar o banheiro feminino ou, no caso, um sapatão utilizar o masculino, certamente haveria bafum. Nossa civilização não tem esse preparo, embora já tenhamos um certo avanço neste sentido. Por outro lado a gente sabe que uma lei não resolve muito esse tipo de problema! 

Pelo princípio do sexo, acreditamos que dificilmente um travesti ou assemelhado fosse se trancar no banheiro feminino querendo “comer” uma mulher, exceto se fosse no carnaval de Olinda no desfile das Virgens do Bairro Novo. O contrário talvez nem fosse assim. Um sapatão entrando num banheiro masculino causaria espanto por se tratar de um personagem que não se encontra normalmente no banheiro dos homens. Por mais homem que seja um sapatão, há algo nele que nós, homens, logo percebemos que se trata de uma mulher homossexual. Acredito que a reação masculina não fosse de repúdio como no caso do banheiro das mulheres. Os homens, como sempre “se acham”. Normalmente defendem a tese fajuta de que não tem sapatão na mão deles, ou seja, pra eles todo sapatão é uma mulher que nunca arrumou um homem que a fizesse gozar. Algo tipo: não existe mulher difícil, mas mulher mal cantada. Claro que isto é o viés machista do nosso homem que se diz macho, porque sendo homem a palavra não lhe define como deve. Macho talvez sim. Só que macho deve procurar feme (assim mesmo feme) e, neste caso, vira o jogo da retórica mal resolvida.

Retomando o banheiro, acho mesma essa questão importante, mas ao mesmo tempo idiota. Quem está se incomodando com isto não são os que, de fato, querem dar uma cagadinha ou mijadinha sem aporrinhação de gênero, mas os falso moralistas de plantão que vivem dentro dos seus "armários"... Ou não! Os gays, em sua maioria, não gostam de banheiro sem homem. Como iriam "arriscar um olho” ou até mesmo os dois, ou até mesmo uma “pegaçãozinha” básica?... Portanto, talvez os homossexuais masculinos não gostassem de utilizar o banheiro feminino como alternativa, da mesma forma que as mulheres (com toda razão) não se sentissem a vontade com esse novo personagem no seu espaço. Três banheiros beiram o politicamente correto da falsa moral. Há muitos governos que isto defendem mesmo detestando gays. Mas tem o entendimento equivocado de que defendendo minorias ganharão votos nas proximas eleições. Engano também. Gay, em sua maioria trabalha e tem vida financeira própria. No geral são formados e pensam criticamente ao ponto de não votar em quem defende gay só pra ganhar voto.

Talvez o que falte mesmo nesta questão seja a praticidade dos governantes ou dos donos de ambientes públicos como shoppings, super mercados, etc., no sentido de resolverem essa questão sem alarde. Como? Explico: ao invés daqueles banheiros juntos e bem demarcados "H e M", com pia junto e nem sempre papel higiênico, poderia fazê-los separados e com um local para lavar mãos e pentear os cabelos, retocar a maquiagem, em área comum. Afinal, banheiro não é salão de beleza, pois não sei que diabo tem as mulheres para irem aos banheiros em “magote” feito cacho de pitomba, apinhadas! Num único ambiente seriam feitos banheiros (até agora não entendi essa falsa moral. Se não se toma banho nesses banheiros, por que esse nome?) em que homens, mulheres, gays masculinos e femininos e LGBT pudessem utilizar. Num mesmo vão, ficavam pequenas “casinhas” com a privada rente à porta ao ponto de mal caber uma pessoa. Nelas entravam todos tanto pra mijar quanto pra cagar. Não precisaria daquela fila de mictórios para os homens ficarem lá olhando pro pau um do outro. Quem tem o pau pequeno fica rodeando a “casinha” pra mijar, muitas vezes suando frio de aperto! Portanto, nessa nova modalidade (uma só casinha com privada) em que não houvesse espaço pra mais de uma pessoa, resolveria todo esse bafafá do exagero do politicamente correto.

Questão teoricamente resolvida. Banheiro único pra todo mundo, na modalidade “dois em um”, pois ninguém utiliza o banheiro para tomar banho. Como mencionei, até nisto nós somos preconceituosos. Se há banheiros, ótimo. Mas chamar de banheiro o conjunto de privada e mictório só para parecer bonito no vernáculo? Concordo que dizer que vai ao cagador ou ao mijador, não seja lá tão elegante. Mas eu consigo ir cagar ou mijar e deixar todo mundo que estiver comigo sabendo "pra onde eu fui" sem precisar ser, digamos, chulo na expressão escatológica que mistura, mijo, peido, vômito e outras coisitas mais.  Ilustrando, digo que já fui a vários restaurantes que o local escatológico é um único quartinho. Se for um homem que estiver lá dentro, qual é o problema? Se for uma mulher, qual problema terá? Se for um do movimento LGBT, o que causará? Nada, absolutamente nada. Ou tudo, se quisermos entender que algum falso moralistas poderá chiar. Se o recinto for pequeno do tamanho de uma única pessoa, por si só fica estabelecido o controle. Seria desnecessário  "H ou M" na porta. Apenas um "WC". Não entramos no mérito individual, mas do coletivo. Se, mesmo assim alguém se trancar lá dentro pra fazer outra coisa com outra pessoa, então deve ser instituido um prêmio, pois mais parecerá um gincana. O que os empresários tem que fazer é limpeza nos recintos que o povo mija e caga. A maioria dos supermercados não limpa nada daquelas privadas infectas. Simbolicamente talvez signifique que eles, os capitalistas de merda, queiram nos dizer e nós não entendamos: “pra que banheiro limpo se vocês são pra nós como merda e mijo”?

Continuo achando a questão importante e idiota, não necessariamente na mesma ordem. IMPORTANTE porque a sociedade moderna tem que ser prática e deixar de querer saber o que os outros fazem ou deixam de fazer com o seu sexo. IDIOTA porque quem leva para a latrina algum tipo de problema é porque tem uma relação intima com ela. Nessa minha sugestão, certamente que cagadores teriam que ser um local com proteção para garantir a privacidade dos usuários. Os funcionários seriam pessoas dos dois ou três sexos que pudessem trabalhar no local. Isto ajudaria a manter o ambiente limpo e, de certa maneira, estaria instalado um processo de educação para convivência com as diferenças. Com licença que já é tarde e eu preciso fazer o numero dois. Explico: preciso dar uma cagadinha.

PS.: No outro dia que escrevi este texto, relendo-o retruquei: "puta que pariu, em pleno terceiro milênio o homem ainda tem dúvidas acerca de uma simples cagada"... Fazer o quê?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 05/02/2012

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