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quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Haiti é aqui. A Grécia não é aqui, ou, vice-versa?




Por Zezinho de Caetés

Ontem, perguntei aqui: Dilma cai ou não cai? Alguns acharam que a pergunta era boba, porque já tem uma resposta certa e sabida: “Sim”. Mas, eu digo, que, tal qual o caso grego, tanto o “sim” quanto o “não” podem vencer, e lá na Grécia deu o “não”, para o gáudio de todo esquerdista vivo neste planeta. A Dilma deve ter se regozijado com o “não” grego, no entanto, pelas estatísticas, a população brasileira se alegraria mais com o “sim”.

Então há também de me perguntar,  tal qual a música do Caetano Veloso, se “o Haiti é aqui”? Eu diria que se aqui der o “não”, “a Grécia não é aqui”, mas, se der o “sim”, não tenham dúvidas, “a Grécia é aqui”. Neste trocadilho de palavras pode esta incluso o nosso futuro político e econômico. E a situação não está tão claro que possamos avistar uma luz no fim do túnel. E, para ser franco, muitas vezes, eu não vejo nem o túnel.

Hoje transcrevo o texto (Blog do Noblat -08/07/2015) do Hurbert Alquéres, cujo título também nos relembra música: “Nervos de aço”, do Lupicínio Rodrigues, e que era tão cantada pelo Roberto Jefferson, o delator do mensalão. E sua tônica é mais ou menos a questão levantada por Lula, se ainda há água na barragem do PT, ou se o partido está realmente já no volume morto. Para mim, ele já está no terceiro volume morto, e não há bomba d’água capaz de tirar algum líquido puro dali. Só sairá sujeira, daqui para frente.

E vivemos tempos bicudos, tão bicudos que até os tucanos estão com medo, e dizem, que prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém. Leiam o texto, e meditem, mas, ajam se for necessário. Talvez tenhamos que ir às ruas com mais força, dentro da lei e da ordem. Vem aí o dia 16 de agosto, se antes o TCU não resolver o problema.

“Vivemos aqueles dias que se equivalem a vários anos. A crise é de tal ordem que quase todas as previsões são atropeladas pelos fatos, de uma hora para outra.  Quem imaginaria, ali por outubro de 2014, que poucos meses depois a proa do navio da presidente Dilma Rousseff estaria submersa?

A expectativa de poder, aquela que exerce uma atração irresistível no mundo da política, anima, e, ao mesmo tempo joga um enorme fardo nas costas da oposição e seu maior representante, o PSDB. A ela não é mais dado o direito de agir como franco-atirador, dando tiros para todos os lados, sem levar em consideração as consequências de seus atos para o Brasil. É prudente ter muita calma nessa hora.

A delicadeza do momento consiste exatamente nisto. O país passa por uma transição, de fim de um modelo, onde o que está aí já não consegue se impor como antes, mas o novo ainda não se afirmou. Difícil prever o quanto vai durar este período instável. E as forças oposicionistas devem se preparar para fazer a travessia de um longo inverno, pois 2018 ainda está longe.

Até lá, importa ter um discurso coerente, com propostas concretas para a superação da crise econômica, ética e política, sem cair na armadilha do populismo ou do radicalismo estéril. Há que se tirar lições dos erros do adversário, que está pagando preço altíssimo por ter prometido os céus na campanha eleitoral para entregar o inferno aos brasileiros.

Cabe a todos – governo e oposição – confiar e reforçar o papel republicano das instituições, que, ressalte-se, tem sido cumprido com méritos. Isso vale para a Polícia Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e as primeiras instâncias do Poder Judiciário.

Como bem disse Lupicínio Rodrigues, é preciso ter nervos de aço.

Quando um regime ou um modelo vê no horizonte os seus estertores, é natural que adote a lógica do confronto. Por desespero ou simples manobra, daí o tom raivoso e quase alucinado da presidente Dilma Rousseff e de muitos petistas.

A quem interessa alimentar esse clima de guerra? Para as oposições ele não traz vantagem alguma. O jogo a ser jogado é o da democracia, da construção pacífica e pactuada para aquela que pinta ser a maior crise da história moderna brasileira.

Não basta apenas evitar a esparrela do confronto. É preciso estar atento a outro risco, o do “cesarismo” como solução da crise.

A história está aí para demonstrar que quando duas forças contendoras se exaurem mutuamente, uma terceira força pode emergir. Os Césares dos tempos de hoje poderão ser de direita ou de esquerda e se apresentarão à sociedade como um novo Messias. Por detrás deste discurso salvacionista certamente estará uma postura autoritária e populista.


A socialdemocracia não se exauriu, mas terá de operar em um fio de navalha. De um lado, faz-se necessário que tenha toda a calma do mundo para não jogar gasolina na fogueira. De outro não pode temer assombrações e abdicar do seu papel de ser oposição. Tem de vibrar em sintonia com o sentimento mudancista dos brasileiros.”

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