Por Zezinho de Caetés
Ontem, perguntei aqui: Dilma
cai ou não cai? Alguns acharam que a pergunta era boba, porque já tem uma
resposta certa e sabida: “Sim”. Mas,
eu digo, que, tal qual o caso grego, tanto o “sim” quanto o “não” podem
vencer, e lá na Grécia deu o “não”,
para o gáudio de todo esquerdista vivo neste planeta. A Dilma deve ter se
regozijado com o “não” grego, no
entanto, pelas estatísticas, a população brasileira se alegraria mais com o “sim”.
Então há também de me perguntar, tal qual a música do Caetano Veloso, se “o Haiti é aqui”? Eu diria que se aqui
der o “não”, “a Grécia não é aqui”, mas, se der o “sim”, não tenham dúvidas, “a
Grécia é aqui”. Neste trocadilho de palavras pode esta incluso o nosso
futuro político e econômico. E a situação não está tão claro que possamos
avistar uma luz no fim do túnel. E, para ser franco, muitas vezes, eu não vejo
nem o túnel.
Hoje transcrevo o texto (Blog do Noblat -08/07/2015) do
Hurbert Alquéres, cujo título também nos relembra música: “Nervos de aço”, do Lupicínio Rodrigues, e que era tão cantada pelo
Roberto Jefferson, o delator do mensalão. E sua tônica é mais ou menos a
questão levantada por Lula, se ainda há água na barragem do PT, ou se o partido
está realmente já no volume morto. Para mim, ele já está no terceiro volume
morto, e não há bomba d’água capaz de tirar algum líquido puro dali. Só sairá
sujeira, daqui para frente.
E vivemos tempos bicudos, tão bicudos que até os tucanos
estão com medo, e dizem, que prudência e caldo de galinha não faz mal a
ninguém. Leiam o texto, e meditem, mas, ajam se for necessário. Talvez tenhamos
que ir às ruas com mais força, dentro da lei e da ordem. Vem aí o dia 16 de
agosto, se antes o TCU não resolver o problema.
“Vivemos aqueles dias que se equivalem a vários anos. A crise é de tal
ordem que quase todas as previsões são atropeladas pelos fatos, de uma hora
para outra. Quem imaginaria, ali por
outubro de 2014, que poucos meses depois a proa do navio da presidente Dilma
Rousseff estaria submersa?
A expectativa de poder, aquela que exerce uma atração irresistível no
mundo da política, anima, e, ao mesmo tempo joga um enorme fardo nas costas da
oposição e seu maior representante, o PSDB. A ela não é mais dado o direito de
agir como franco-atirador, dando tiros para todos os lados, sem levar em
consideração as consequências de seus atos para o Brasil. É prudente ter muita
calma nessa hora.
A delicadeza do momento consiste exatamente nisto. O país passa por uma
transição, de fim de um modelo, onde o que está aí já não consegue se impor
como antes, mas o novo ainda não se afirmou. Difícil prever o quanto vai durar
este período instável. E as forças oposicionistas devem se preparar para fazer
a travessia de um longo inverno, pois 2018 ainda está longe.
Até lá, importa ter um discurso coerente, com propostas concretas para
a superação da crise econômica, ética e política, sem cair na armadilha do
populismo ou do radicalismo estéril. Há que se tirar lições dos erros do
adversário, que está pagando preço altíssimo por ter prometido os céus na
campanha eleitoral para entregar o inferno aos brasileiros.
Cabe a todos – governo e oposição – confiar e reforçar o papel
republicano das instituições, que, ressalte-se, tem sido cumprido com méritos.
Isso vale para a Polícia Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Contas da
União, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e as primeiras
instâncias do Poder Judiciário.
Como bem disse Lupicínio Rodrigues, é preciso ter nervos de aço.
Quando um regime ou um modelo vê no horizonte os seus estertores, é
natural que adote a lógica do confronto. Por desespero ou simples manobra, daí
o tom raivoso e quase alucinado da presidente Dilma Rousseff e de muitos
petistas.
A quem interessa alimentar esse clima de guerra? Para as oposições ele
não traz vantagem alguma. O jogo a ser jogado é o da democracia, da construção
pacífica e pactuada para aquela que pinta ser a maior crise da história moderna
brasileira.
Não basta apenas evitar a esparrela do confronto. É preciso estar
atento a outro risco, o do “cesarismo” como solução da crise.
A história está aí para demonstrar que quando duas forças contendoras
se exaurem mutuamente, uma terceira força pode emergir. Os Césares dos tempos
de hoje poderão ser de direita ou de esquerda e se apresentarão à sociedade
como um novo Messias. Por detrás deste discurso salvacionista certamente estará
uma postura autoritária e populista.
A socialdemocracia não se exauriu, mas terá de operar em um fio de
navalha. De um lado, faz-se necessário que tenha toda a calma do mundo para não
jogar gasolina na fogueira. De outro não pode temer assombrações e abdicar do
seu papel de ser oposição. Tem de vibrar em sintonia com o sentimento
mudancista dos brasileiros.”
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