Por Zezinho de Caetés
Este final de semana foi um horror. Não sei se esta é a
palavra adequada para descrever a quantidade de notícias que davam como certa a
queda da Dilma, a qualquer momento. E eu, como sou um fã incondicional de sua
renúncia, não desliguei os olhos e ouvidos, e mesmo o nariz, do noticiário.
Digo nariz, porque a coisa está fedendo.
Todos sabem que a Dilma está tentando governar o Brasil,
mesmo sabendo que é incompetente para fazê-lo. No fundo, no fundo, ela estava
apenas procurando cumprir o papel que o Lula lhe deu, de forrar sua cama para
que ele voltasse a governar o país. Eu digo estava, porque parece que, com a
entrevista que ela deu ontem a alguns jornalistas, bem resumida pelo texto do
Ricardo Noblat que abaixo transcrevo, agora quer tentar governar sozinha, pois
descobriu que o Lula é um atraso de vida.
Eu não quero dizer que ela vai conseguir. Pelo contrário,
acho que, com as lambanças feitas pelos dois, Lula e Dilma, dificilmente ela
escapa do impeachment ou da cassação. Mas, pelo que ela disse, se verdadeiro, a
renúncia fica mais difícil. Eu, acredito que ela está dizendo a verdade, e fará
tudo que for possível para não cair, pois, se cair, como ela poderia continuar
a “dieta Ravena”, que a transformou de uma gorda numa magra, cuja silhueta até
foi elogiada pelo Obama, sob os olhares ciumentos da Michele?
No entanto, o que ela disse na entrevista (que pode ser
vista completa aqui),
pelo menos as oposições vão pensar duas vezes antes de dizer que o impeachment
será um trauma, acreditando que a renúncia seria uma questão de horas ou dias.
Agora, mais do que nunca, a luta pelo Fora
Dilma deve continuar, antes que ela se faça de vítima das instituições, com
a velha história de “torturada”.
Fiquem com o Noblat, por enquanto, que eu vou ler com
cuidado a entrevista completa por ele resumida abaixo, para responder com
segurança à grande dúvida nacional: A Dilma cai, ou não cai?
“Impeachment? Bobagem! “Eu não vou cair, isso aí é moleza”', afirma
Dilma. A oposição? “É um tanto golpista”. Menos o PMDB que é “ótimo”.
Não, ela não se sente no volume morto, como observou Lula outro dia.
Lula pode dizer o que quiser sobre o que quiser, que Dilma não se incomoda.
Reconhece-lhe o direito.
Dilma concedeu entrevista exclusiva a Maria Cristina Frias, Valdo Cruz
e Natuza Nery publicada, hoje, na Folha de S. Paulo. Seguem trechos da
entrevista:
- Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer
onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não.
Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida
do país.
- Outro dia postaram que eu tinha tentado o suicídio, que estava
traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e
torturada.
- [Dilma descartou a renúncia] Eu não sou culpada. Se tivesse culpa no
cartório, me sentiria muito mal. Eu não tenho nenhuma. Nem do ponto de vista
moral, nem do ponto de vista político.
- Falam coisas do arco da velha de mim. Óbvio que não [tenho nada a ver
com o petrolão]. Mas não estou falando que paguei conta nenhuma também. O
Brasil merece que a gente apure coisas irregulares. Não vejo isso como pagar
conta. É outro approach. Muda o país para melhor. Ponto.
Os jornalistas perguntaram a Dilma o que ela achou da prisão dos
presidentes das empreiteiras Odebrecht e Andre Gutierrez. Resposta:
- Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho.
Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas.
Acho estranho só.
- Eu não vou terminar [o mandato dela] por quê? Para tirar um
presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus
desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base
real.
As duas últimas perguntas da entrevista:
- Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.
- O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou.
Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a
cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se
tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar
nervosa, com medo. Não me aterrorizam.
- E se mexerem na sua biografia?
- Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum
dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país
sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido.
-------
Comento: o ponto forte da entrevista é a disposição revelada por Dilma
de lutar pelo próprio mandato. Lutar com todas as forças. Desafiando,
inclusive, adversários para que tentem derrubá-la.
Ela não dá pistas sobre como reagiria. E tudo o que diz pode ser mais
retórica do que qualquer outra coisa.
Um processo de impeachment só vai adiante quando se ampara em provas de
ilícitos. Por enquanto faltam provas. Mas isso não quer dizer que elas não
possam aparecer.
Dilma manda com a entrevista um duro recado para Lula: o petrolão não
foi obra dela. Portanto, só pode ter sido obra dele. E ela não se mexerá para
atrapalhar investigações e possíveis julgamentos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário