Por Zé Carlos
Nesta viagem aos Estados Unidos, com que venho enchendo este
blog com os títulos de AGD na América
o tempo foi longo para não me considerar um turista comum, mas foi curto para
me considerar um “expert” na vida e
na cultura do povo americano. É nesta condição intermediária, ou seja, sem
definição precisa, que escrevo sobre certos atos e fatos, e até boatos, que se
passaram comigo naquele país.
Lá eu me encontrei com brasileiros que já moram no país há
bastante tempo, ao ponto de não saberem quem é o Neymar, mas conhecerem os
ídolos do futebol americano, aquele esporte que para sair vivo de campo o jogador
tem que ter mais de 2 metro de altura e mais de 150 kilos. E eles me contaram algo do qual me lembrei
quando estava lendo semana passada os blogs que sempre acompanho para compor a
AGD.
Foi um texto da jornalista Melissa de Andrade, que já vive a
algum tempo em Seatttle – USA, e que escreve no Blog do Noblat às
sextas-feiras, e desta vez com o sub-título: “Mudança? Faça você mesmo”. Leiam, e eu volto.
“No país do estilo de vida prático, onde reina o conceito de
faça-você-mesmo, é comum pintar a própria casa, fazer a própria faxina e
diminuir a carga de trabalho para cuidar das crianças. Pintores, faxineiras e
babás são caros. Serviço, de maneira geral, custa bem mais que no Brasil. É por
isso que muita gente também resolve fazer a própria mudança.
Empresas como a U-Haul oferecem caminhões a partir de US$ 19,95 por
dia, cobrando US$ 0,79 por milha rodada. Com essa tarifa camarada, pode ficar
bem em conta levar todos os móveis para o apartamento novo. Mas e como se faz
para carregar os objetos de grande porte – cama, sofá, geladeira?
Diferentemente do Brasil, os apartamentos de aluguel já vêm com alguns
dos itens mais pesados de uma mudança. Os eletrodomésticos de linha branca já
“fazem parte” do imóvel. Geladeira, fogão, lavadora de pratos, e muitos até
micro-ondas, lavadora e secadora de roupas, tudo isso está excluído da lista de
objetos a transportar numa mudança de endereço.
Para carregar os demais itens, muitos apelam para a ajuda dos amigos.
Eu já participei de pelo menos 10 mudanças de pessoas conhecidas. Em algumas
não tinha muito o que fazer, em outras eu ajudei a encaixotar, carregar,
descarregar e desempacotar. Serviço completo. Com pizza ou cachorro-quente de
agradecimento do anfitrião.
O bom é que o amigo tem boa vontade. O problema é que não tem seguro
para objetos danificados. Boa vontade pode deixar escorregar caixas, arranhar o
móvel na parede do corredor e danificar algum objeto por carregá-lo de mau
jeito. Eu mesma já quebrei uma louça de estimação de uma amiga e passei semanas
me martirizando por isso. O barato pode sair caro.
Claro que existem empresas de mudança, de todos os tipos e de todos os
preços. Adoro os nomes criativos: duas delas são Starving Students (“Estudantes
famintos”, criada por recém-saídos do ensino médio) e Gentle Giants (“Gigantes
Gentis”, que não sei o quanto são gentis, mas certamente são bem grandões). É
preciso preparar o bolso, porque uma mudança de porte médio pode custar uns US$
1.200.
Pode valer a pena entrar no espírito e fazer-você-mesmo a sua mudança.”
Eu, com o tempo que
passei na América, não poderia contar uma história como esta. Não fiz mudanças,
nem minha nem de meus amigos. Apenas posso constatar a veracidade absoluta do
texto quanto à praticidade dos americanos, sua luta pela sobrevivência, e o
problema do valor alto da mão de obra.
Entretanto, tenho um fato a acrescentar que me chamou a
atenção, e que foi vivido por um amigo, já há muito tempo na terra do Tio Sam e
já tendo feito inúmeras mudanças por aquele
país a fora. Ele contou que já não era estranho para ele a carestia da
mão de obra por lá. E, sendo informado, que o sistema de mudança mais barato
era aquele descrito pela Melissa, foi direto alugar um caminhão para fazer sua
primeira mudança, com a ajuda única de sua esposa, que ainda tinha que cuidar
de dois filhos pequenos, pois, se mudança é cara, imagine uma creche.
Lá chegando alugou um caminhão e foi cumprir sua missão.
Surgiu um problema que ele não esperava. O caminhão era de câmbio automático (o
que ocorre com quase todos os automóveis daquele país) e ele nunca havia
dirigido um carro automático, quanto mais um caminhão. E ele teve que se virar
de alguma forma para cumprir sua missão.
Quando saí daqui do Brasil, eu até tirei uma carteira de
internacional de motorista, pensando em lá fazer o mesmo que tinha feito quando
morei no velho mundo. Foi a automaticidade dos carros um dos fatores que me fez
desistir desta empreitada. Graças a Deus, não tive que fazer mudanças.
Entretanto, tive que cortar o cabelo, e descobri que deveria pagar 20 dólares
para fazê-lo na barbearia mais próxima. Fui prático como os americanos. Comprei
uma máquina de cortar cabelo por 15 dólares, pedi a permanente ajuda de minha
mulher nesta ação, e ainda a usarei por alguns anos aqui no Brasil.
O grande ponto desta cortadora de cabelo é a sua origem. Ela
é “made in USA”, tornando-se então uma raridade naquele país, porque já se
torna difícil comprar algo que não que não seja fabricado pelos asiáticos e
outros estrangeiros. Mas, isto me gerou um sério problema no seu aproveitamento
aqui no Nordeste, a voltagem. Tenho que comprar um transformador para não virar
um cabeludo.
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