Por Zezinho de Caetés
Dias atrás li um texto do imortal Merval Pereira intitulado:
“Tudo junto e misturado” que, em
outros tempos mereceria um séria reflexão. Hoje, apenas se chega à óbvia
conclusão de que nos últimos 10 anos, pelo menos, estamos navegando num mar de
lama da política.
Hoje, o político não pensa mais em ideologia, nem dele e
muito menos do seu partido. Ele só pensa em conchavos para se eleger na eleição
seguinte. Somos governados, aqui em Pernambuco, por alguém que se diz
socialista pois pertence ao Partido Socialista. Mas, da forma como se comporta,
e talvez para o bem do Estado, nunca vimos alguém com crenças capitalistas e
privatistas tão arraigadas. O problema é que ele “só pensa naquilo”: ser presidente da república. Está esperando para
ver para onde dobra o vento para abandonar a presidenta, por ter os mesmo
objetivos que ele. Com o Lula ele ainda está maneirando mas, ele que não se
meta a cruzar seu caminho. Vide a eleição municipal.
Vivemos no reino dos conchavos, ao ponto de um ministro do
STF achar normal sair pedindo voto para assumir sua posição pedindo votos ao Delfim
Netto e João Pedro Stédile, do MST. Ainda bem que ele deu a volta por cima e
seguiu o relator no julgamento do mensalão, pondo o título de quadrilheiro na
testa do JD.
Quanto a esta lambança do Lula com a Rosemary, saímos da
vida estritamente pública para entrar literalmente na privada da vida política
brasileira. Pensem, senhores e senhoras, quantas Rosemarys temos no meio
político, a nomear seus irmãos e ex-maridos para os cargos públicos, pagos por
nós. E o único argumento petista para a tal prática é que o
FHC também fez. Mesmo se tivesse sido igual, o que não foi, isto não se
justifica.
Eu não tenho tantos fervores religiosos como minha amiga
Lucinha Peixoto, mas, não me furtarei a entrar numa igreja, quando passar por
uma, e rezar algo que aprendi na infância para o bem do Brasil. Agora lembrei
da campanha, que odiei certa época logo depois do golpe militar, que era “Doe ouro para o bem do Brasil”. Com todos estes casos deveríamos lançar a
campanha: “Diga uma reza para o bem do
Brasil!”. Quem sabe funciona?! Fiquem com o imortal:
“Dos fatos dos últimos dias, podemos selecionar vários que retratam à
perfeição nossos tempos que, na definição de Eduardo Portella, são de “baixa
modernidade”. Dois são exemplares, não apenas pelos protagonistas, mas pela
maneira ligeira com que assuntos de Estado são tratados. Não por acaso, o modo
petista de governar está na origem dos dois acontecimentos.
Pela ordem de precedência (pelo menos política) vamos tratar primeiro
do caso envolvendo a chefe de gabinete da Presidência da República em São
Paulo, Rosemary Noronha, apanhada por uma ação da Polícia Federal em diversas
falcatruas, com ramificações em vários órgãos do governo e em agências
reguladoras.
Rosemary viajava na comitiva presidencial sempre que a primeira-dama
dona Marisa não estava, todo mundo a conhecia como “a namorada” do Lula. Com
esse título, Rosemary nomeava e demitia, era pistolão de primeiríssima até
mesmo para ministros e autoridades dos diversos escalões da República.
O que fazem os petistas diante dos fatos que vão se desenrolando dia
após dia no que chamam de mídia? Partem para o ataque, acusando o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso de também ter tido amantes, e até mesmo filho fora do
casamento (que acabou provando-se não ser seu).
A “mídia” brasileira sempre tratou com discrição esse tipo de coisa, e
estaria fugindo à regra somente porque se trata de Lula. Nada mais mentiroso. O
que difere o caso de agora dos anteriores é que Rosemary ocupava um cargo público
e nomeava pessoas para órgãos do governo. A corrupção que vai sendo revelada é
apenas consequência dessa atrofia.
Outro caso: como decorrência do julgamento do mensalão, onde, como se
sabe, figuras graúdas do PT foram condenadas até à prisão, o ministro do
Supremo Tribunal Federal Luiz Fux vem sendo acusado de traição e estaria na
lista de prioridades para vingança dos petistas.
Tudo porque teria prometido, ou deixado subentendido, em encontros com
figuras de proa do governo, como o ainda todo-poderoso José Dirceu, e o
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, ambos já então réus do mensalão, que
poderiam contar com seu voto no julgamento.
Como Fux não entregou o que presumidamente prometera, pois acompanhou o
voto do relator Joaquim Barbosa em praticamente todos os casos, estaria no
índex petista.
A primeira observação a fazer é que, a ser verdade, o governo petista
estaria trocando a nomeação para o STF pela garantia de impunidade, o que não é
uma prática possível de ser assumida publicamente, mas explica a ira de quem o
nomeou com essa cabeça torta.
O que fez Fux, fustigado pelos ataques anônimos? Dispôs-se a dar uma
entrevista a Mônica Bergamo, da “Folha de S. Paulo”, para contar sua versão dos
acontecimentos e esvaziar possíveis retaliações, até a divulgação de gravação
de uma das conversas em que supostamente vendera sua alma pela nomeação.
A entrevista de Fux pode ter esvaziado um golpe traiçoeiro, mas deixou
cheiro de podre no ar e é desastrosa para ele e o STF. O ministro não apenas
confirmou que teve diversos encontros com pessoas importantes no PT e no seu
entorno, como Delfim Neto, como contou episódios que não são nada abonadores e
podem indicar que trocou votos pela indicação ao STF.
A aproximação com o então ministro da Fazenda Antonio Palocci se deu
depois que Fux votou a favor do governo no Superior Tribunal de Justiça numa
disputa sobre IPI que proporcionou uma economia de 20 bilhões de dólares. “Você
poupar 20 bilhões de dólares para o governo, o governo vai achar você o máximo.
Aí toda vez que concorria, ligava para ele”, conta Fux.
Quanto ao apoio de João Pedro Stédile, do MST, ele conta que fez uma
mesa de conciliação no STJ entre o proprietário e os sem-terra de um terreno
invadido e depois pediu a ele para mandar um fax ao Planalto recomendando-o.
Diz-se que o então presidente Lula recusou-se a nomeá-lo com um
argumento que tem lá sua lógica: “Como posso nomear um juiz que é apoiado tanto
pelo Delfim como pelo Stédile?”.
Os dois casos mostram o estado das coisas no Brasil, onde a mistura de
público e privado sempre foi o calcanhar de Aquiles do sistema democrático.
Passamos por um retrocesso, voltando a práticas que pareciam superadas e de
exacerbação do patrimonialismo justamente com o PT, que chegou ao poder
supostamente para alterar a maneira de fazer política no país.”
P.S: Por está me sentindo já muito caranguejo e mestiço
neste litoral, estarei brevemente, viajando pelo interior, voltando as origens,
e tentando obter um pouco da fortaleza do sertanejo e agrestino, e curtindo as
festas de fim de ano. Por isso, minha colaboração com este valoroso Blog fica
suspensa por algum tempo. Agradeço aos meus leitores e ao Zé Carlos pela
deferência em publicar-me. Zezinho de Caetés.
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