Por Carlos Sena (*)
Não me canso de falar que na vida
não há ACASO. O que há é a falta do momento exato para que muitos se sintam com
essa certeza. Não se trata de nada espiritual, tampouco sobrenatural. É que a
própria ciência está se “rendendo” às evidências cósmicas das energias
positivas e negativas que conduzem o mundo desde sempre.
O homem não domina o tempo,
tampouco o seu futuro dominará. Em função da tridimensionalidade da vida, nós
humanos, nos escravizarmos pela ânsia de querermos saber o que nos acontecerá
no futuro. Essa dominação do futuro em nossa vida, muitas vezes nos torna
dependentes dele ao ponto de deixarmos de viver o presente. Ao passado, nada
mais compete ser buscado, exceto o que ele já nos deu de experiência; exceto
suas marcas em nosso rosto, corpo e cabelos.
Contudo, na imaginação de que nada na vida é por acaso, presente,
passado e futuro se interligam. Então a gente tem que ser proativo com esses
tempos e fazer deles todas as ilações em função da compreensão da vida
presente. Neste sentido, o grande dificultador são os nossos limites. Como
seres humanos o que mais temos dentro de nós, a despeito de pensarmos o
contrário, são elementos dificultadores dos processos holísticos acerca dos
fatos que acontecem conosco e que, quase sempre nos contrariam. Essa
contrariedade é em função do pouco domínio que, como dissemos, não temos,
acerca do futuro.
A expressão muito utilizada pelos
pais quando dão conselhos aos filhos “quando você crescer você vai entender
tudo isto” é uma forma simplificada do que estamos querendo colocar. Os pais,
diante das suas experiências, no fundo, estão querendo dizer aos filhos que
aquilo que lhes incomoda é uma questão de tempo, ou seja, de compreensão dos
acontecimentos da vida. Outra expressão popular que leva a isto: “Deus escreve
certo por linhas tortas” A rigor, Deus escreve certo por linhas certas, mas,
nós não temos o alcance de fazer as ligações dos fatos com o tempo futuro. Este
não nos faculta inferir. Contudo, tenho a sensação de que a natureza cósmica
tem seus movimentos e que eles são infinitamente diferentes dos nossos. Por
isto, talvez, quando a gente perde um grande amor sempre chega alguém e nos
diz: “dê tempo ao tempo”. Ora, o tempo passa e adiante você, de fato, encontrou
o seu grande amor! Mas, aquele anterior não o era? Então, é um pouco da canção
de GIL que diz que “a semente tem que morrer pra renascer grão” (grifo meu).
Nós é que somos fracos de sabedoria,
certamente. Pior: achamos que somos o “cão do terceiro livro”, a “bala que
matou Getúlio”, “as polegadas de Marta Rocha”, mas não passamos de seres
frágeis em nossa composição, embora fortes nos componentes naturais humanos de
pensar, agir e sentir. Tanto nada disso somos que ainda ficamos preocupados se
as pessoas são GAYS ou não. E se são devem ser “ativas ou passivas”. Quando eu
estudava o ginasial (faz tempo, mas era assim que se chamava), a gente estudava
as vozes dos verbos: ativa, passiva e reflexiva. Diante disto, fico matutando:
se existe um gay ativo, outro passivo, quem é o reflexivo? Seria o do
“armário”? Nem quero saber. Como não acredito no acaso, certamente chegará um
dia, como dizem na minha terra “em que a casa cai” ou que “macaco vira homem”
porque “toda araruta tem seu dia de mingau”...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 10/11/2012
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