Miguel e Davi |
Por Zé Carlos
Em minha viagem aos Estados Unidos, internacionalizando a
AGD, eu parei de escrever com minha mais genuína identidade, ou seja, como Vovô
Zé. Não deixei de ser ele, isto é impossível. Muito pelo contrário, a saudade
que tive lá, aumentada em muitos percentuais, apenas me levou a viver mais como
um velho e saudoso avô babão. Hoje volto a escrever para os meus netos, sendo o
Vovô Zé. Portanto, parem de ler-me aqui, aqueles que não gostam deste tipo de
relação, promíscua, no bom sentido.
Durante todo tempo no exterior, nesta época moderna das comunicações
fáceis e ágeis, vi os meus netos crescendo, quase ao vivo. Pelas suas idades (3
anos e 1 ano) a cada dia eles fazem coisas de que eu duvidava que as fizessem,
e me surpreende. Ver meu neto Miguel, começando a falar e dizer pela primeira
vez “bobô”, é tão emocionante que só
as lágrimas narram com perfeição o momento, e nunca as palavras. Ouvir os
pedidos comerciais do Davi, escolhendo as cores de um par de chuteiras para
futebol de salão e dando notícias do Campeonato Brasileiro, também emociona e diverte.
(Alguém sabe como se diz, em inglês, chuteira de futebol de salão? Eu e a Vovó
Marli descobrimos e trouxemos uma para ele com as cores do Náutico).
Agora estou de volta, e já os encontrei no aeroporto com
beijos e abraços. Mas, não foram estes gestos, já esperados, que me chamaram a
atenção. O que notei mesmo foi a evolução deles com pessoas em apenas três
meses de falta de convivência. E esta observação continuou pelas nossas
andanças pela casa deles no interior. Nenhum deles era mais aquele que deixei.
Suas mentes mudaram e nossas relações também. Enquanto, antes de sair o mais
novo, o Miguel, não tinha muita noção do relacionamento comigo, agora, ele já
tem plena consciência dele, gerando um fato de natureza social que no fundo no
fundo gera um exercício de política, no mais profundo e sincero nível.
O Davi o mais velho sempre foi muito apegado comigo e eu com
ele por ser, talvez, o meu único neto por um bom tempo. Mas, agora, lá estava o
Miguel a me assediar com seu carinho e meiguice, sob o olhar ciumento do mais
velho. E eu perguntando, políticamente, “o
que fazer?”. Ou como fazer para preservar toda a felicidade de Vovô Zé em
sua relação, agora, com os netos? Até agora não sei como me comportar, a não
ser pela intuição de avô. Ou seria pelo instinto? E o que vi é que não deu bom
resultado até agora. Não houve como preservar todo o sentimento da forma
individual, como existia, pois agora são dois para amar e dar carinho.
O que gostaria, e penso que isto se aplica geralmente a
outros avós, era me transformar em dois, mas, isto é impossível. Por enquanto
estou me valendo do fato de que temos duas pernas, nas quais posso sentar os
dois e dois braços com os quais posso carregá-los, e espero, que minha filha
não tenha mais um neto, pois não teria membros para tantos. Mesmo assim, só
temos um coração, uma cabeça e os olhos só vão numa única direção.
Fora as atitudes físicas de tentar carregar os dois, jogar
futebol com os dois, dar comida aos dois, só me resta agora uma habilidade que
nunca tive muito: a Política. Penso, que nos últimos tempos, convivi tanto com
eleições, lá fora e aqui, que me surpreendo tentando reproduzir os atos do
Obama, quando ele tenta conciliar o fato de ser negro com o amor por toda a
nação. Pelo que vi por lá, é tão difícil sua situação quanto a do Vovô Zé querendo
preservar incólume o amor dos dois netos. Eu não sei se o Obama conseguiu ou
conseguirá fazer isto em mais quatro anos. Eu pareço não ter conseguido até
agora, pelo menos com o Davi. Ele se recusou a falar comigo ao telefone,
recentemente. Espero, quando ele ler esta postagem no futuro, tenha uma
explicação, pois o Vovô Zé ficou muito triste (se alguém ler isto agora, não
conte para ele, pelo amor de Deus).
Porém, vou continuar tentando voltar ao mesmo nível de amor
que antes, mesmo sabendo que vai ser uma parada dura. E agora penso: “Não seria possível eu aumentar os meus
níveis de amor e carinho, em intensidade, e esquecendo a quantidade?” Penso
ser por aí a resolução de todos os problemas políticos deste tipo. Se a resposta
for positiva, nas próximas eleições pensarei em me candidatar a vereador. Ainda
não sei se em Recife ou em Bom Conselho. Preciso antes escolher o partido com
mais cuidado do que ir logo escolhendo o PAN (Partido dos Aposentados da
Nação).
Vejam o filme que fiz e ao qual chamei Davi e Miguel x Miguel
e Davi ou vice-versa. Isto já é politicagem...
Nenhum comentário:
Postar um comentário