Por Zezinho de Caetés
Sem a mesma infrastrutura do meu “lar doce lar”, exagero em
escrever pouco e ler um pouco mais sobre o que está se passando no mundo. Já
estou até com vontade de voltar. Por enquanto só me resta mandar para a AGD
alguns textos que acho relevantes e exigiriam mais letras neste nariz de cera.
Semana passada li um destes, escritos, como sempre de forma
brilhante pelo Sandro Vaia, no Blog do Noblat, tendo o título de “Política 1, Energia 0”. Ele mostra a
qualidade do capitalismo em nosso país. Também, o que esperávamos? Num país
onde o governador mais capitalista é um socialista, só poderia dar nisto. Tudo
se passa como se empresário fosse escravo do governo, ao ponto de ser instado a
dar mais importância ao povo do que aos seus acionistas, como se o estes não
fossem os verdadeiros donos da empresa. É de revoltar.
Mas, fiquem como o Sandro Vaia, com o qual discordo apenas
no placard, pois se isto continuar assim vai ser muito mais elástico, contra o
Brasil.
“A campanha eleitoral de 2014 já começou nas contas de luz.
A oposição, que ao que tudo indica vai de Aécio Neves (ainda resta
saber que tipo de jogada o governador de Pernambuco Eduardo Campos prepara para
esse tabuleiro de xadrez), já sai com a fama de ter impedido a redução de 20%
nas contas, que foi a promessa que a presidente Dilma fez ao País.
O discurso já está pronto e já foi espalhado aos quatro ventos: a
redução não chegará a 20% porque os estados governados pelo PSDB, São Paulo, Minas
e Paraná, não permitiram que as suas concessionárias, Cesp,Cemig e Copel,
reduzissem o preço das tarifas na rodada de renegociação e renovação das
concessões.
O governo já mostrou que gosta de brincar de capitalismo como se este
fosse uma modalidade de banco imobiliário, e de tanto mudar as regras aqui e
ali, instalando a volatilidade e semeando dúvidas sobre a validade das regras e
dos contratos, o que conseguiu foi produzir o anti-milagre de aumentar a carga
tributária de 33,58% para 35,31% do PIB e diminuir o crescimento para algo
próximo de 1%.
A racionalidade econômica vem sendo cada vez mais substituída pelo
voluntarismo, como se as regras fossem apenas um capricho que deve curvar-se à
vontade política do governo e produzir o milagre intangível do famoso almoço
grátis.
Todos devem curvar-se à vontade da rainha. O secretário executivo de
Minas e Energia, Marcelo Zimmerman, saiu com a linda frase de que as companhias
elétricas dos 3 estados “preferiram privilegiar seus acionistas do que
favorecer o povo”, como se a função das empresas fosse encher seus acionistas
de prejuízos.
É o capitalismo de Branca de Neve e os 7 anões, o que só funciona em
fábulas.
É o tipo da demagogia primária que funciona eleitoralmente. A
complexidade do tema e a necessidade que as empresas têm de manter a saúde
financeira para poder continuar investindo e impedir que o sistema entre em
colapso, é um raciocínio complexo demais para chegar ao consumidor.
Antes de baratear as tarifas, barateia-se o raciocínio. Raciocínio
barato rende votos.
Todo mundo, sem exceção, acha que o governo, sim, deve baratear as
tarifas de energia, que estão entre as mais altas do mundo.
Mas há maneiras e maneiras de fazer. Dois técnicos altamente
insuspeitos de anti-governismo, como Luiz Pinguelli Rosa e Ildo Sauer, acham
que o governo errou na maneira como conduziu a renovação das concessões e as
elétricas de SP, MG e Paraná, estão certas em resistir à imposição de baixar as
tarifas sob risco de afetar a sua saúde econômica e sua capacidade futura de
investimento.
Mas o jogo de 2014 começou: política 1, energia 0.”
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