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sexta-feira, 18 de março de 2011

O I Encontro de Blogueiros de Bom Conselho




Por Zé Carlos

Amanhã chegarei a Bom Conselho para cumprir um missão que, há pouco mais de 6 meses, nem me passava pela cabeça. Participar de um encontro de blogueiros, como blogueiro. Meu pai sempre repetia, quando a gente procurava rumos mais altos, do que ele os previa para nós, que “formiga quando quer se perder cria asas”. Em parte ele estava certo, e se ele pudesse me ouvir, pois ver-me jamais pôde, diria, “você está procurando sarna prá se coçar”.

Pois não é, que estou aqui já todo empolado me coçando todo. Pois não tenho a mínima ideia do que irei lá fazer. A única coisa que me parece certa é que receberei os cumprimentos por entrar nesta atividade sendo um cidadão provecto. Eu, certamente, os agradecerei, e mais, se vier de alguém com a minha idade, eu o aconselharei a criar o seu blog imediatamente. Estou absolutamente certo que esta atividade vai ser recomendada pelos gerontologistas como um santo remédio para o Alzheimer, e os assistentes sociais a indicarão para substituir o jogo de dominó nas praças. Penso que o Roberto Lira já descobriu isto ao criar o seu ótimo blog Ilha de Pala.

Eu acompanho a atividade blogueira já há bastante tempo. Mas, como “chefe” de blog, só recentemente. O pessoal da CIT Ltda, me incentivou, ajudou e continua me ajudando a carregar o prazeroso fardo. Tenho que agradecer a eles. Uma forma de agradecimento é representar o Blog da CIT no evento, já que o seu administrador, o Diretor Presidente estará presente mas, por relutância quanto ao uso de pseudônimo, não pode aparecer. Infelizmente, para ele, não poderá receber os cumprimentos pelo o excelente blog que ele administra.

Eu aqui toco num ponto que deverá ser abordado no Encontro.  O anonimato e a pseudonímia. Tanto para quem os usa como meio de expressão quanto para quem é usuário desta expressão, há problemas e soluções para eles. Um dos problemas é este do qual falei. Talvez só eu possa cumprimentar o Diretor Presidente pela sua atividade. Uma das soluções é que, se ele não quer ser cumprimentado, nem xingado, é um meio eficiente. Muitos distinguem entre anonimato e pseudônimo. Minha principal tese e encampada por alguns é que esta distinção na época digital é tão precária, que é muito melhor que não exista.

Quando eu era menino, existiam uns calendários que pareciam uma caixa de fósforo colada num papel, e este colocado na parede, e que todo dia retirávamos uma folhinha, para atualizá-lo, e no verso desta havia um provérbio. Eu adorava, e muitas vezes decorava até o dia do provérbio. Havia os anônimos e os assinados. Por exemplo, “Sê como o sândalo, que perfuma o machado que o corta”, atribuído a Buda, ou “O navio é seguro quando está no porto. Mas não é pra isso que se fazem navios” que era dado como anônimo. Eu os achava inspiradores para fazer o bem e para correr alguns riscos pela vida. Se atribuirmos a autoria de Buda ao segundo e deixar o primeiro como anônimo, ele terá efeitos semelhantes se nos fixarmos somente no que está escrito e não nos autores. Se alguém se interessa pela autoria está dando ênfase a quem escreveu e não ao que está escrito. Por estas e outras, existem tantas versões de livros religiosos antigos e mesmo de livros não religiosos.

No fundo, no fundo os mitos e ideologias se formam assim. Se eu começo dizendo foi Jesus que disse, há um grau de atenção e percepção diferente do que virá. Se eu disser, foi Hitler que disse, haverá outro grau. Por isso é que se diz que a História é a história dos vencedores. Imaginem se Getúlio tivesse se aliado ao eixo na segunda grande guerra, será que haveria a CLT? Seria adorado pelo trabalhismo? Vejam a frase seguinte:

Poderia haver uma sujidade, uma impudência de qualquer natureza na vida cultural da nação em que, pelo menos um judeu, não estivesse envolvido? Quem, cautelosamente, abrisse o tumor haveria de encontrar, protegido contra as surpresas da luz, algum judeuzinho. Isso é tão fatal como a existência de vermes nos corpos putrefatos.”

De quem é esta frase? Quem a escreveu e quando? Você concorda com ela?  E o seguinte trecho?

Ai de vós, escribas e fariseus [judeus], hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.
Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de iniqüidade.
Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.
Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
E dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas.
Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes entre o santuário e o altar.
Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre esta geração.
Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!
Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;”

Para quem não sabe a autoria destas frases, e muitos que a vêem nos Blogs não sabem, elas são anônimas. O que você sentiu ao lê-las? Deu vontade de sair matando Judeus por aí a fora? Descubram os autores e verificarão porque o anonimato tanto pode levar ao bem ou ao mal. Faria alguma diferença para você se soubesse quem a escreveu?

Frases como esta aparecem todos os dias, sem autores definidos. O que devemos fazer é educar os cidadãos para refletirem mais sobre o que lêem, ao invés de procurar os seus autores. Isto é para a justiça fazê-lo, quando o mal é reconhecido.

Finalmente, tentarei alimentar esta fera sedenta de letras, que é a A Gazeta Digital, lá de Bom Conselho. Espero que a internet esteja boa no Hotel Raízes. Não é mais só de eletricidade que estamos dependente. É o progresso...

2 comentários:

  1. Prezado Zé Carlos e todos os participantes do PRIMEIRO ENCONTRO DE BLOGUEIROS DE BOM CONSELHO,

    ESCREVER EM BLOG É SÓ UMA NOVA MANEIRA DE SERMOS TOLOS, PRETENCIOSOS, MEDÍOCRES, AGRESSIVOS, MESQUINHOS OU TODAS AS ANTERIORES. LONGA VIDA A ESSAS NOSSAS "NOVAS" QUALIDADES DE "ABESTADOS"...

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  2. Caro Zécar, companheiro de futebol na juventude e compartilhador de blogue na adultice (é velhice Roberto, cuidado com o Alzheimer ele pega os velhinhos, kkkk!). Você hoje me fez relembrar os provérbios da minha infância. O atribuído a Buda: “Sê como o sândalo que perfuma o machado que o fere”, eu o lia numa plaquinha de pendurar na parede (que pertencia a minha mãe) e nela aparecia como ornamento o machado e a tora de sândalo. Existia outra plaquinha (está pertencente ao meu tio Delzuite) que continha o seguinte provérbio: “Quem bebe morre quem não bebe também morre, então vamos beber”. Essa plaquinha também era ornada com um barrilzinho de cachaça, que não deixava dúvidas sobre a mensagem. Acho que assimilei os dois provérbios no meu viver. Se bem, que o segundo tem me dado mais dores de cabeça (literalmente) do que o primeiro. Será problema da velhice? Fazer o quê, vou morrer mesmo.
    Me aguarda Beto, to chegando à Belacap para vivenciarmos o segundo provérbio! kkkkk!

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