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sábado, 5 de março de 2011

BRINCAR O CARNAVAL



Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho

Esta chegando à festa do Rei Momo, o Carnaval. Coloco-me neste tempo como um folião aposentado. Já não sinto vontade de sair à rua mesmo que seja somente para observar os blocos passarem aqui nas ladeiras de Olinda. A onda de violência, de agressões atinge quem pula o frevo como também quem observa, apesar do policiamento ostensivo. Pessoas, que se dizem foliões, saem para brincar e pular no intuito de fazer somente agressões desrespeitando os milhares de pessoas que se concentra nas históricas ruas de Olinda. O ano passado fui uma das vitimas destas agressões, quando fui quase pisoteado por uma multidão em desabalada carreira, por uma confusão entre dois rapazes na Rua Prudente de Morais. Voltei para casa imediatamente, com os meus filhos. Além destas situações, as drogas e a embriaguez assolam na multidão de foliões desenfreadas. Ninguém esta livre destes malfeitores durante a festa de Momo, pois, a alegria que o Carnaval proporciona, e que deveria ser muitas das vezes acaba em tragédias trazendo tristeza para a família.

As ruas são infectadas pelas fezes e urina dos “foliões” que não escolhe local, fazendo suas necessidades em qualquer lugar, nas praças, esquinas, becos e nos pátio das igrejas seculares, Patrimônio da Humanidade trazendo aquele mau cheiro para o aglomerado de pessoas fantasiadas e suadas sob o sol de trinta e cinco graus ou sob a brisa do mar nas noites estreladas em Olinda, descendo as ladeiras e percorrendo as ruas estreitas e os becos da cidade. Ninguém respeita ninguém. É uma bagunça sem tamanho.

Quem não se lembra dos carnavais de outrora? Não é um ataque de saudosismo, mas eu me lembro destes carnavais, em Bom Conselho, quando criança, em Garanhuns na fase da mocidade, ou como se chama hoje, adolescência e na faze adulta no Recife.

Os carnavais nos clubes deixaram de existir. Passamos ao carnaval dos trios elétricos, que fazem um barulho ensurdecedor, com musicas que nada tem haver com o nosso carnaval pernambucano, pois o frevo, o maracatu são coisas raras de se escutar, inclusive nas rádios, e com suas fantasias tradicionais. Nem o Galo da Madrugada, saiu desta empreitada do carnaval, pois, quem se lembra do inicio do desfile do bloco do Galo da Madrugada saia às ruas por volta das cinco e meia da manhã, atualmente, quando atinge a Avenida Guararapes é por volta das duas ou três da tarde, o que é inconcebível, para o nome que ostenta GALO DA MADRUGADA.

Não faz muito tempo que alegria contagiante das famílias acontecia nos salões dos clubes interioranos, da AGA em Garanhuns, Clube dos Trinta em Bom Conselho, no Clube Internacional, no Clube Português, no Sport, Náutico e no Clube Atlético de Amadores, no Recife, onde havia o tradicional Baile dos Casados na segunda feira ao som de uma orquestra tocando o frevo rasgado ou mesmo um frevo canção, onde tudo eram alegria e com muita graça dos foliões fantasiados de pierô, colombina, marinheiros e prisioneiro jogando confetes e serpentinas no meio de salão, e muitas das vezes um jato de lança perfume cortava o espaço e atingia os olhos dos foliões.

Brinquei muitos carnavais, em Bom Conselho desfilando no Bloco Amigo da Onça dentro do clima de animação de criança percorrendo algumas ruas e visitando casas de famílias, que servia a meninada Guaraná, Coca Cola com biscoitos Sortidos. Em Garanhuns, fazíamos o corso em um jipe, pela manhã, jogando a água limpinha e melando as pessoas de talco Cinta Azul ou Gessy. À tarde antes de ir para alguma matine no Sport, no Sete de Setembro ou na AGA, visitávamos algumas casas tomando alguns tragos de “batida de limão” Isto sim, era um Carnaval, mesmo com algumas ocorrências de violência, não atingia os níveis de violência dos nossos dias.

No Recife, não perdia o Galo da Madrugada ficando a espera no Bar Savoy, na Avenida Guararapes, após uma noite no Pátio do Terço onde acontecia a cerimônia dos Tambores Silenciosos. Depois saiamos para algum arrabalde para presenciar blocos. Em Olinda, nunca perdia o desfile das Virgens de Olinda, olhava um pouco e depois me aboletava no Bar de Zé Pequeno com a família, a saborear Agulhas Fritas com uma cervejinha bem gelada. Lá paras o final da tarde voltávamos para a casa, para a noite ir ao baile no Sport clube do Recife.

Vamos todos brincar o carnaval, em paz e harmonia, todos irmanados em só pensamento e um só coração. Vamos nos fantasiar de acordo com as nossas recordações juvenis e o lugar onde brincamos os carnavais dos sonhos. Para que isto aconteça é somente é sairmos consciente de que este não é o último carnaval que se brinca, pois, com certeza outros carnavais virão. Vale à pena lembrar algumas marchinhas que tocaram em carnavais de nossa juventude e, que ainda hoje é lembrada raramente:
 “
Olha a cabeleira do Zezé / será que ele é (bis) / Será que ele é bossa nova / Será que ele é Maomé / Será que ele é transviado / Isto eu não sei se ele é / Corta o cabelo dele / Corta o cabelo dele”

Mais ainda,

“Vem cá seu guarda bote este moço Pra fora/ que está no salão brincando com pó de mico no bolso / Foi ele, foi sim, / foi ele que jogou o pó em mim / foi ele foi ele sim, que jogou o pó em mim”

Outra,

“Mulher que não consentem seu marido passear / e por qualquer besteira passa logo a reclamar / deixa prá lá / deixa o homem se virar / homem em casa o dia inteiro / só dá prá atrapalhar / e a mulher que muito anda sempre dá o que falar”

Mais uma para encerrar e vocês brincarem

Você pensa que cachaça é água / cachaça não é água n/ao / cachaça vem do alambique / e água vem do ribeirão / pode me faltar tudo na vida / arroz, feijão e pão / pode me faltar manteiga / isto não faz falta não / pode me faltar o amor / até isto eu acho graça / só não quero que me falte / a danada da cachaça.

E, agora que vocês estão no embalo,

Sempre ouvi dizer que numa mulher / não se bate nem com uma flor / loura ou morena não importa a cor / não se bate nem com uma flor / já se acabou o tempo / da mulher só dizer então / cala boca menina / ai, ai, não me dê mais não.

Um bom Carnaval para todos.
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(*) Lucinha ontem me telefonou e disse que a CIT recebeu um artigo do Zetinho, sobre o carnaval de antigamente. Quando eu disse que a A Gazeta Digital também tinha recebido, ela propôs que eu o publicasse pela AGD e enviou o filme a seguir. Segundo ela, os do Blog da CIT, menos ela, estão todos na gandaia. Então leiam, vejam filme e cantem também. (Zé Carlos).

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