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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O GAY QUE SUMIU NO AÇUDE - UM BABADO.

Açude da Nação

Por Carlos Sena (*)

Conta-se como verdadeira a história que segue. O cenário é um bairro de uma cidade do interior de Pernambuco, localizado nas imediações de um açude chamado DA NAÇÃO. O rapaz, tido e havido na cidade como gay assumido, diante de uma provável crise existencial, tranca-se num quarto de sua casa.

Inesperadamente, a família o ouve chorar, tenta abrir a porta, mas ele não colabora e continua no seu choro escandaloso. De repente, o moço sai aos berros vociferando que iria se jogar no açude. Abre a porta da casa, ignora os pedidos da família para que se acalme, mas ele sai aos prantos rumo ao açude da NAÇÃO. Por onde passava repetia que iria se suicidar no açude, ao mesmo tempo em que não continha o choro, nem dava importância aos parentes que tentavam em vão impedi-lo. Em cada rua que passava mais pessoas seguiam-no como que querendo fazer alguma coisa, mas ele não se dobrava aos pedidos e, finalmente, chegou à beira do açude. Diante de uma plateia considerável, lançou-se nas águas e sumiu. Todos ficaram na expectativa de vê-lo boiar, no caso de ter se afogado, ou mesmo vê-lo desistir do intento, pois poderia saber nadar.

Passada quase uma hora e nada do rapaz aparecer nem de uma forma nem de outra. Os familiares, amigos e curiosos já estavam indóceis quando, de repente... Tchan, tcham, tcham, tcham... Ressurge ele com a cabeça de fora bem no meio do açude. Surpreso com tanta gente na beira do açude gritou: “vocês me amam, vocês me amam, vocês me amam”! Diante disto, muita gente correu para as margens do açude, outros mergulharam para ver se o alcançavam com o intuito de “quebrá-lo de pau”, como se diz no nordeste. Ele, exímio nadador, certamente conhecendo as águas mansas e as malocas encobertas pelo capim, zarpou bonitinho. Conta-se que passou muito tempo sem aparecer nas redondezas, mas há quem acredite que ele não planejou aquele espetáculo tão cheio de “babados fortes”...

O que ninguém sabia era que o suicida de araque fora nadador de primeira, deixando todo mundo chupando o dedo, na condição de expectador de segunda.
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(*) Publicado no Recanto das Letras em 27/04/2010

Um comentário:

  1. Meu Caro CSENA, vale ressaltar o seu pleno conhecimento de causa, ao falar do tal veado!! SORTE A MINHA, que NÃO o conheci (o seu veado), NEM quero conhecer. Mas creio que ele (o veado) deveria ser tão "VALENTE" como o foi o "famoso" Zezé das Moças, que, infelizmente, conheci em Quebrangulo - AL, no anos 50/60.

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