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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Qual será a colocação do Brasil na Copa do Mundo?





Por Zezinho de Caetés

Estou tão ligado no julgamento do mensalão que os bons textos que deveria comentar aqui e transcrevê-los, como o faço quase sempre, vão se acumulando no disco do computador. Hoje, abaixo, transcrevo um texto que saiu publicado no Globo no dia 06/09/2012, escrito pelo Carlos Alberto Sardenberg, e que merece toda a atenção.

Sua análise e conclusão são brilhantes. Apenas penso que comparar a falta de convicção do governo atual e do anterior, com aquele do Fernando Henrique Cardoso, não é, no mínimo adequado. Havia no final do governo FHC uma tentativa de se diminuir o papel do Estado, que poderia até ser visto como uma contradição com os princípios da Social Democracia da época anterior a de Thatcher no Reino Unido, mas era absolutamente coerente com a versão mais moderna deste sistema político e econômico.

O que o meu conterrâneo Lula fez em seguida, é verdade, foi manter o que vinha sendo feito, graças ao Palloci, que conseguiu sustentar os petistas mensaleiros longe por um tempo. Mas, já para se manter no poder, na era quase Dilma, tudo passou a girar em função do estado para fins eleitorais e de apoio político, culminando com os acontecimentos de 2005 (leia-se mensalão  ou uma tentativa frustrado de termos um partido único de fato) e posterior queda do próprio Palloci.

Mesmo, com a manutenção das políticas econômicas do FHC, no governo petista tudo passou a funcionar dentro de sua lógica: aparelhar para governar, dentro da administração pública. E esta simplesmente inchou, ao ponto de chegarmos a ser o último lugar em eficiência pública com atesta o texto abaixo. E a derrocada continuará se a Copa do Mundo não nos salvar.

Seguindo o desejo de se manter no poder começa-se a se ensaiar, nesta fase do governo Lula, gerido por Dilma na presidência, um processo de privatização que o governo diz que será diferente, para ver se vende o peixe, e se comprometer com a responsabilidade de trocar apenas a vara de pescar. E vamos ver se pelo menos teremos todos os estádios para a Copa do Mundo. E eu até espero que o Brasil ganhe a copa, mas, tenho minhas dúvidas, se o PT aparelhar até a comissão técnica, aceitando o Romário nos seus quadros e o nomeando treinador.

Mas, fiquem com Sardenberg, e prestem atenção em nossos números. Por enquanto, não ganhamos nada.

“Diz o Fórum Econômico Mundial que o Brasil é o 48º país mais competitivo do globo. É bom ou ruim? Depende. Considerando que subiu cinco posições em relação ao ranking do ano passado, está bom. Entramos no “top 50″ pela primeira vez, uma posição avançada em um grupo de 144 competidores. O Brasil está à frente de Rússia, Índia e México, por exemplo.

Considerando, porém, os que estão à frente, não está bom. Perdemos para China, o que é normal, mas também para Turquia, Polônia e Chile, entre outros emergentes importantes.

O quesito tamanho conta a favor do Brasil. Quanto maior a economia, maiores as possibilidades de negócios. Mas entre os grandões, aqueles países que produzem mais de US$ 2 trilhões ao ano, o Brasil vai para o fim da fila.

Resumindo, essa 48ª posição não dá direito à Libertadores, mas também está longe da zona de rebaixamento. Um tanto acima da média, disputando a Sul-Americana, posição que certamente não é suficiente para uma nação que pretende ser rica um dia.

Onde se pode melhorar? Em tudo que tem a ver com o governo. Isso mesmo. O ranking do Fórum Econômico Mundial, cujo parceiro local é o Movimento Brasil Competitivo, considera vários itens, da macroeconomia à micro e ao ambiente de negócios. Em tudo que o setor público é preponderante, a classificação fica abaixo da média. Ao contrário, o que depende da iniciativa privada vai acima.

Por exemplo: no quesito “comunidade de negócios sofisticada”, a posição brasileira é 33ª.

Já no que se refere à regulação do governo, o Brasil vai para o último lugar; impostos e sistema tributário, também o pior do mundo; desperdício de gastos (públicos), 135ª; qualidade da educação (116ª); eficiência do governo (111ª).

Isso confirma a dominância da agenda atual: como derrubar o custo Brasil? A resposta, resumida, está na cara: reduzir o tamanho relativo do governo, aumentar a sua eficiência e desobstruir o ambiente de negócios de modo a abrir espaço para a iniciativa privada.

A boa notícia é que, pouco a pouco, se forma um consenso em torno desse caminho. Lideranças políticas e econômicas têm chegado a essa posição por razões diferentes. Ou por necessidade e por convicção.

No segundo grupo, estão todos aqueles que desde anos vêm sustentando essa doutrina. Já na vertente da necessidade, está o pessoal que gosta de uma economia controlada pelo Estado, mas verifica, no exercício do governo, como a administração é incompetente.

Estamos falando, claro, de parte do governo Dilma. Trata-se de uma ala que privatizou aeroportos não porque acredita na lógica do mercado, mas simplesmente porque percebeu que o governo não conseguiria entregar as obras a tempo.

Tudo bem, pode-se dizer. Se fizerem a coisa certa, de que importa a motivação? Hegel, se não estou me atrapalhando com as longínquas lições da faculdade de filosofia, dizia que a Humanidade só resolve os problemas quando eles se impõem, que os líderes surgem nos momentos necessários.

De certo modo, isso aconteceu com Fernando Henrique Cardoso. Ele vinha da social-democracia, do estado do bem-estar social, da esquerda à europeia, e acabou, por necessidade, avançando na agenda da reforma do Estado, das privatizações e das bases ortodoxas da macroeconomia. Como aliás fizeram muitos outros líderes de sua época (Bill Clinton, Tony Blair e Gerhard Schroeder).

E como Lula, certamente. Por necessidade, ele manteve a base econômica de FHC e até avançou, no primeiro mandato, na agenda de microrreformas que melhoraram o ambiente de negócios.

Assim, Dilma Rousseff. Quem imaginaria que ela poderia comandar um amplo programa de privatizações e de redução de impostos?

O problema é que essa turma que vai pela necessidade tende a abandonar o caminho ao menor sinal de dificuldades políticas na implementação ou, inversamente, de alívio na situação.

É diferente uma privatização tocada por uma Margaret Thatcher, digamos, e pela nossa turma aqui. Convicção faz diferença. Diz-se, por exemplo, que não haverá mais privatizações de aeroportos.

Veremos. A necessidade é forte, o momento exige, mas falta saber se as lideranças são também aquelas exigidas pela situação. Um mau sinal: na pesquisa da competitividade, há um item “confiança nos políticos”. Brasil, 121º lugar.”

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