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terça-feira, 4 de setembro de 2012

DIABETES NA LINGUAGEM POPULAR





Por Carlos Sena (*)

1. O QUE É DIABETES?

 Grosso modo, DIABETES É “AÇUCAR” NO SANGUE. Como nosso sangue não funciona com açúcar, então nós começamos a ter problemas com essa doença que chamamos de Diabetes. Esse que chamamos de “açúcar” é o combustível que nos mantém vivos. O que para o automóvel é a gasolina, para nós é a glicose – energia que alimenta as células para que a gente viva e funcione bem. Essa energia passando a não ser assimilada pelas células fica sem ter o que fazer no nosso sangue. Assim, procura fazer do seu jeito, ou danificando nossa vista, nossos rins, provocando infarto, AVC, etc. Todo esse “quiprocó” se dá porque o nosso pâncreas fica meio que preguiçoso e não manda INSULINA suficiente para a nossa corrente sanguínea. Sem insulina o sangue não é “queimado” e encaminhado para as células e, naturalmente, fica sobrando no nosso sangue. Já no diabético do tipo 1, coitado, o pâncreas não funciona nem devagar nem acelerado, ele parou.

2. QUAIS OS TIPOS DE DIABETES?

HÁ TRÊS TIPOS DE DIABETES:

TIPO 1 – O Pâncreas deixou de funcionar na infância;
TIPO 2 – O Pâncreas não deixou de funcionar, mas funciona menos. Geralmente os efeitos começam a serem sentidos a partir dos quarenta anos.
DIABETES GESTACIONAL - Ocorre na mulher, durante a gravidez, especialmente se esta:
tem mais de 30 anos,
tem parentes próximos com Diabetes,
já teve filhos pesando mais de 4 Kg ao nascer, abortos ou natimortos,
é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação.
(Há casos em que a taxa de glicose volta ao normal depois do parto.)

3. METÁFORA – Há uma metáfora que criamos para, na linguagem popular, mas, pedagógica, compreendermos a Diabetes tipo 2: Imagine que o pâncreas que é o órgão do corpo humano que produz INSULINA começa a falhar. Esse é o momento em que a “mola” que ejeta insulina para o sangue começa a ficar sem força. Essa “mola” de tanto mandar insulina para um sangue aos poucos vai ficando sem pressão, meio “preguiçosa”. Deste modo, quando o homem alcança mais ou menos quarenta anos, a quantidade de INSULINA que é jogada no sangue se torna insuficiente e, deste modo, sobra açúcar na corrente sanguínea. No diabético tipo 1, não se aplica esta metáfora, haja vista o pâncreas ter perdido sua função.

4. FUNÇÃO DA INSULINA: abrir espaços nas células para que o açúcar adentre e mantenha nosso corpo com as energias que precisamos para viver com todos os nossos movimentos. Essas energias vêm do açúcar que ingerimos através de doces propriamente ditos e de carboidratos, principalmente.

5. POUCA INSULINA: como a insulina jogada no sangue será sempre menor do que as células necessitam para “queimar” o açúcar que adentra nelas, então a corrente sanguínea fica “doce”, por conta do excesso de açúcar que não conseguiu ser totalmente “queimado” ou inoculado nas células.

6. QUEIMANDO CALORIAS: todo diabético, independente se do tipo 1 ou 2 tem que se exercitar. Não pode ser sedentário. Exercícios físicos devem fazer parte da rotina de todos, pois as energias que a pouca insulina mandada pelo pâncreas não pode queimar, quem queimará são os exercícios tipo caminhada, por exemplo.

7. O SANGUE “DOCE” – Quando se instala a diabetes e não se começa logo a proceder seu controle, então começa a ser prejudicial a estrutura orgânica do corpo que não foi feito para receber o sangue “adocicado”. Deste modo, as veias e artérias começam a ficar com resíduos em suas paredes e isto pode descambar com prejuízo para os rins, vistas, cérebro, coração, etc. A imagem de um cano d’água –daqueles que levam água para nossas casas pode ser um bom exemplo disto: com o tempo o lodo toma conta das paredes dos canos por conta de alguma impureza que na água vai sendo conduzida. Um belo dia o cano, com o seu diâmetro diminuído por conta do lodo, pode se romper porque não aguenta mais a pressão da água. Da mesma forma que nossas veias poderão, igualmente, estourar por não aguentarem a pressão, pois a área livre para o sangue circular ficou diminuída por conta do açúcar, das gorduras, etc., grudadas em suas paredes. As consequências disto geralmente se se materializam em forma de infarto no miocárdio, AVC – acidente vascular cerebral (o popular derrame), isquemia, etc. Os rins, por sua vez, poderão requerer hemodiálise, a visão pode cegar, membros podem ser amputados, dentre outros males. Tudo por conta dela, a DIABETES, principalmente por conta da falta de controle ou controle mal gerenciado pelos portadores.

8. TIPO 1 E TIPO 2: esses tipos tem suas peculiaridades no tratamento e no diagnóstico, mas nas consequências não tem grandes diferenças quando não há o cuidado necessário. TIPO 1 É MAIS LETAL: geralmente o diabético desse tipo tem complicações maiores por conta da faixa etária. Imaginem o que significa para uma criança que não pode comer doce e tomar Coca-Cola, comer macarronada, etc., não é fácil. Se os diabéticos do tipo 2 já sofrem com as dificuldades de reeducação alimentar, imaginem as crianças e adolescentes. Na escola, então, tudo fica difícil diante dos colegas e das guloseimas calóricas que as cantinas dispõem.

9. CARBOIDRATOS: são, para o leigo, o que menos preocupa quanto se trata da diabetes. Para a grande maioria da população – diabética e não diabéticos, o doce é o que deve ser evitado para o controle da diabetes. Engano: o doce deve ser evitado, mas, principalmente os carboidratos. Pão, feijão, arroz, macarrão, milho, etc., se convertem em açúcar. É aí que mora o perigo! O diabético mais que qualquer outra pessoa deve procurar consumir no máximo 2.400 calorias. Estas quantidades são as que mantem um ser humano com energia capaz de sustenta-lo ativo por todo o dia. Quando esses valores são extrapolados, então o diabético tem que fazer uso:

De dietas no primeiro momento, associada a exercício físico;
Se o descontrole persistir, então entra a dieta, os remédios e os exercícios físicos;
Se ainda persistir o descontrole, então a medicação pode ser aumentada em termos de dosagem e de princípio ativo, mas sem abrir mão da dieta e dos exercícios físicos;
Se chegar a um ponto de um descontrole total, o médico deve avaliar e, certamente irá recomendar INSULINA externa, aplicada todo dia, mas, sem deixar os demais componentes citados anteriormente.
Deste modo, chega-se a conclusão que o grande vilão da diabetes não é o doce propriamente dito. É também, mas não apenas. A maior quantidade de açúcar no sangue de um portador pode ser derivada dos carboidratos. Este é o caso de certos diabéticos super rigorosos no controle de doces. Comer doces? Nem pensar. Mesmo os diets eles evitam. Contudo, eles sofrem muito para controlar o açúcar que é produzido por pães, biscoitos, macarrão, arroz, etc...

10. DIET e LIGTH – Diet é uma coisa e ligth é outra. Nem tudo que não contém açúcar o diabético pode comer. O alimento pode ter zero de açúcar, mas ter muitas outras calorias que influenciam no açúcar do mesmo jeito, de forma disfarçada. Geralmente os produtos DIET são os melhores para os diabéticos. LIGTH é uma combinação de menos calorias, principalmente para quem não deseja engordar, ou para alguma dieta recomendada pelo médico em função de algum outro mal que não seja diabetes. Um diabético controlado pode, eventualmente, fazer uso de produtos ligth, moderadamente. O rótulo dos produtos deve ser muito bem observado pelos portadores do Mellitus. Este é o sobrenome da diabetes que estamos falando, DIABETES MELLITUS. Algumas embalagens já trazem o símbolo da associação dos diabéticos como forma de garantir a procedência dos produtos, mas mesmo assim não se deve confiar de cara. O produto deve ter no rótulo a certificação da ANVISA e, se possível, o diabético deve ligar para o serviço de atendimento ao consumidor. Voltando a questão DIET, entendemos que se alguém não pode comer gordura, algum alimento que não tenha gordura pode ser considerado DIET, mas o diabético não pode utilizá-lo sem que tenha a certeza de que além de não conter gorduras não contém açúcar. Lembrando: zero açúcar não é garantia de nada se os demais componentes do produto forem calóricos além da conta.

11. MEIO DIABÉTICO – Da mesma forma que não existe meio grávida, não existe meio diabético. Diante da história de vida de cada paciente o médico pode fazer um prognostico de possibilidades em função da carga genética da família, da vida sedentária, etc., de algum paciente. Uma pessoa obesa, com antecedentes familiares de diabetes, sedentária, certamente será uma forte candidata a ser diabética tipo 2.

12. VALORES DE REFERÊNCIA – Se, num exame simples de glicemia de jejum, os valores não ultrapassagem 100 mg/dl, tudo bem, dentro da normalidade. Contudo, se ultrapassar 126 mg/dl, tudo mal. Pode ser sinal de diabetes. Há uma corrente de médicos que advoga até 110 mg/dl como normal, mas o mais aceito é até 100 mg/dl por margem de segurança.

13. JEJUM DE 12 OU DE 8 HORAS? Há controvérsias. Mas, o professor Dráuzio Varela admite 8h de jejum. Como quem pode mais pode menos, acredito que 12 horas não altera o resultado para menos, mas pra mais e isto é bom, sob esse ângulo de visão. O laboratório, geralmente explicita se o método utilizado foi de 8 ou 12 horas de jejum.

14. GLICEMIA DE JEJUM É O MELHOR EXAME PARA IDENTIFICAR SE UMA PESSOA É DIABÉTICA? – Não. A glicemia de jejum é um teste corriqueiro que pode dizer ao médico se determinado paciente está com propensão ou não. Uma glicose de jejum no valor de 80, por exemplo, não faz sentido investigar amiúde; uma de 115, já acende a luzinha amarela, mas já é bom providenciar outros exames complementares desse círculo.

15. QUAIS SÃO OS EXAMES QUE, DE FATO, DECRETAM QUE ALGUÉM SEJA DIABÉTICO? Um médico cuidadoso começa pelo exame chamado de HEMOGLOBINA GLICOSILADA OU GLICADA. Esse exame serve para mostrar como a glicose tem se comportando no sangue   nos três meses. Dito diferente é um exame que não nos permite mentir para o médico, pois ele nos “desmascara” quando a gente quer lhe passar uma mentirinha acerca do nosso descontrole com a saúde. Muitos, às vésperas de ir ao médico, fazem toda a dieta. Esquecem que o médico, após ser diagnosticado diabetes, não só pede a glicemia de Jejum, mas a Glicada ou Glicosilada, como vimos. O que caracteriza a glicemia de jejum é o intervalo de 8 ou 12 horas. A Glicada, não precisa. Até uma gotinha serve para fazer esse importantíssimo exame. Contudo, a prova da “janela” ou dos “nove” – aquela que vai dar a sentença de diabético TIPO 2 OU GESTACIONAL é a CURVA GLICÊMICA. Esta é feita da seguinte forma: em jejum de 8 horas, o laboratório retira a primeira quantidade de sangue. Após uma hora, o paciente bebe um liquido tipo garapa e, em seguida, é feita nova coleta de sangue, repetindo-se em três vezes consecutivas durante mais ou menos três horas. Faço uma leitura de que a curva glicêmica provoca o pâncreas para ver como sua “mola” propulsora está funcionando diante da resposta que ele dá à garapa que a gente dá pra ele ”trabalhar”... O resultado dessa curva é dado da seguinte forma em valores de referencia:

Inicial: 95mg/dl
Após 1 hora: 180mg/dl
Após 2 horas: 155mg/dl
Após 3 horas: 140mg/dl

O diagnóstico de DIABETES é dado quando em dois dias diferentes os valores máximos são ultrapassados. No papel que o laboratório fornece com  os resultados, uma CURVA se apresenta com os resultados. O médico irá explicar ao paciente e, certamente, encaminhar a um endocrinologista para as orientações de praxe.

Por hoje é só. Atenção: não sou médico, mas sou diabético. Essas informações são para os que, por acaso, não tenham o domínio razoável dessa doença terrível que mata em silêncio, mas depois que “grita” faz o maior barulho em nossa vida. Se eu me enganei com alguma informação corrijam. Tive essa preocupação porque acho que a maioria dos médicos não se comunica bem. Como além de diabético sou escriDOR, postei essa contribuição.

OBSERVAÇÕES:

a) Se você observar que as formigas estão rondando seu xixi, porque algum pinguinho distraído caiu fora do vaso sanitário, ligue o sinal de alerta. Eu desconhfiei que minha glicose estava alta por conta disto Afinal, formiga gosta de açucar, não de xixi.

b) Os sintomas dessa doença nunca vem sozinhos. Pode ser que já aparecem levando você para o pronto socorro. No geral, há indicios como: boca seca, muita sede, xixi intermitente, vista turva, etc.

c) Frutas não tem açucar, mas tem glucose, ou seja, um tipo de açúcar natural, mas que não deixa de ser açucar. Se as frutas forem ingeridas em excesso, causam danos à saúde do mesmo jeito que o açucar do doce, dos carboidratos, etc. O mesmo cuidado deve ser com a ingesta de sucos. O suco de limão é o melhor de todos. A maçã é uma das mais recomendadas. Banana tem muito açucar, uva tem muito açucar, caqui tem muito açucar, etc. Melhor pegar com uma nutricionista a relação das calorias em geral e das frutas no particular. No reino das frutas, será sempre melhor ingerí-las com o bagaço, como no caso da laranja.

d) A importância dos alimentos integrais é porque eles demoram a invadir a conrrente sanguinea, porque sua digestão é lenta. Sento lenta, manda a glicose pro nosso sangue também de forma vagarosa. Isto é bom porque o organismo não se agride com muita rapidez, como no caso de um arroz branco comum, por exemplo.

e) Há quem diga que diabético pode comer tudo, desde que esse tudo seja em quantidades equivalentes à necessidade de calorias que o corpo precise para nos manter saudáveis o dia todo. Se o bolo é diet, não se pode comer a metade dele, porque dessa forma, o sentido se perde em função do acumulado das calorias. Bolo, mesmo diet é massa; mesmo sem açucar, é massa e é, por consequencia carboidratos...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 12/08/2012

Um comentário:

  1. Li e fiquei feliz por essa contribuição. Pois, na condição de diabético sempre achei que os médicos se comunicam mal com o paciente para lhes dizer, na linguagem popular, tudo acerca. Relendo, fiquei feliz, pois vi que fui fiel a mim mesmo e ao que determina a orientação técnica com esse fim.
    carlos sena.

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