Por Carlos Sena (*)
1. O QUE É DIABETES?
Grosso modo, DIABETES É “AÇUCAR” NO SANGUE.
Como nosso sangue não funciona com açúcar, então nós começamos a ter problemas
com essa doença que chamamos de Diabetes. Esse que chamamos de “açúcar” é o
combustível que nos mantém vivos. O que para o automóvel é a gasolina, para nós
é a glicose – energia que alimenta as células para que a gente viva e funcione
bem. Essa energia passando a não ser assimilada pelas células fica sem ter o
que fazer no nosso sangue. Assim, procura fazer do seu jeito, ou danificando
nossa vista, nossos rins, provocando infarto, AVC, etc. Todo esse “quiprocó” se
dá porque o nosso pâncreas fica meio que preguiçoso e não manda INSULINA
suficiente para a nossa corrente sanguínea. Sem insulina o sangue não é
“queimado” e encaminhado para as células e, naturalmente, fica sobrando no
nosso sangue. Já no diabético do tipo 1, coitado, o pâncreas não funciona nem
devagar nem acelerado, ele parou.
2. QUAIS OS TIPOS DE DIABETES?
HÁ TRÊS TIPOS DE DIABETES:
TIPO 1 – O Pâncreas deixou de
funcionar na infância;
TIPO 2 – O Pâncreas não deixou de
funcionar, mas funciona menos. Geralmente os efeitos começam a serem sentidos a
partir dos quarenta anos.
DIABETES GESTACIONAL - Ocorre na
mulher, durante a gravidez, especialmente se esta:
tem mais de 30 anos,
tem parentes próximos com
Diabetes,
já teve filhos pesando mais de 4
Kg ao nascer, abortos ou natimortos,
é obesa ou aumentou muito de peso
durante a gestação.
(Há casos em que a taxa de
glicose volta ao normal depois do parto.)
3. METÁFORA – Há uma metáfora que
criamos para, na linguagem popular, mas, pedagógica, compreendermos a Diabetes
tipo 2: Imagine que o pâncreas que é o órgão do corpo humano que produz
INSULINA começa a falhar. Esse é o momento em que a “mola” que ejeta insulina
para o sangue começa a ficar sem força. Essa “mola” de tanto mandar insulina
para um sangue aos poucos vai ficando sem pressão, meio “preguiçosa”. Deste modo,
quando o homem alcança mais ou menos quarenta anos, a quantidade de INSULINA
que é jogada no sangue se torna insuficiente e, deste modo, sobra açúcar na
corrente sanguínea. No diabético tipo 1, não se aplica esta metáfora, haja
vista o pâncreas ter perdido sua função.
4. FUNÇÃO DA INSULINA: abrir
espaços nas células para que o açúcar adentre e mantenha nosso corpo com as
energias que precisamos para viver com todos os nossos movimentos. Essas
energias vêm do açúcar que ingerimos através de doces propriamente ditos e de
carboidratos, principalmente.
5. POUCA INSULINA: como a
insulina jogada no sangue será sempre menor do que as células necessitam para
“queimar” o açúcar que adentra nelas, então a corrente sanguínea fica “doce”,
por conta do excesso de açúcar que não conseguiu ser totalmente “queimado” ou
inoculado nas células.
6. QUEIMANDO CALORIAS: todo
diabético, independente se do tipo 1 ou 2 tem que se exercitar. Não pode ser
sedentário. Exercícios físicos devem fazer parte da rotina de todos, pois as
energias que a pouca insulina mandada pelo pâncreas não pode queimar, quem
queimará são os exercícios tipo caminhada, por exemplo.
7. O SANGUE “DOCE” – Quando se
instala a diabetes e não se começa logo a proceder seu controle, então começa a
ser prejudicial a estrutura orgânica do corpo que não foi feito para receber o
sangue “adocicado”. Deste modo, as veias e artérias começam a ficar com
resíduos em suas paredes e isto pode descambar com prejuízo para os rins,
vistas, cérebro, coração, etc. A imagem de um cano d’água –daqueles que levam
água para nossas casas pode ser um bom exemplo disto: com o tempo o lodo toma
conta das paredes dos canos por conta de alguma impureza que na água vai sendo
conduzida. Um belo dia o cano, com o seu diâmetro diminuído por conta do lodo,
pode se romper porque não aguenta mais a pressão da água. Da mesma forma que
nossas veias poderão, igualmente, estourar por não aguentarem a pressão, pois a
área livre para o sangue circular ficou diminuída por conta do açúcar, das gorduras,
etc., grudadas em suas paredes. As consequências disto geralmente se se
materializam em forma de infarto no miocárdio, AVC – acidente vascular cerebral
(o popular derrame), isquemia, etc. Os rins, por sua vez, poderão requerer
hemodiálise, a visão pode cegar, membros podem ser amputados, dentre outros
males. Tudo por conta dela, a DIABETES, principalmente por conta da falta de
controle ou controle mal gerenciado pelos portadores.
8. TIPO 1 E TIPO 2: esses tipos
tem suas peculiaridades no tratamento e no diagnóstico, mas nas consequências
não tem grandes diferenças quando não há o cuidado necessário. TIPO 1 É MAIS
LETAL: geralmente o diabético desse tipo tem complicações maiores por conta da
faixa etária. Imaginem o que significa para uma criança que não pode comer doce
e tomar Coca-Cola, comer macarronada, etc., não é fácil. Se os diabéticos do
tipo 2 já sofrem com as dificuldades de reeducação alimentar, imaginem as
crianças e adolescentes. Na escola, então, tudo fica difícil diante dos colegas
e das guloseimas calóricas que as cantinas dispõem.
9. CARBOIDRATOS: são, para o
leigo, o que menos preocupa quanto se trata da diabetes. Para a grande maioria
da população – diabética e não diabéticos, o doce é o que deve ser evitado para
o controle da diabetes. Engano: o doce deve ser evitado, mas, principalmente os
carboidratos. Pão, feijão, arroz, macarrão, milho, etc., se convertem em
açúcar. É aí que mora o perigo! O diabético mais que qualquer outra pessoa deve
procurar consumir no máximo 2.400 calorias. Estas quantidades são as que mantem
um ser humano com energia capaz de sustenta-lo ativo por todo o dia. Quando
esses valores são extrapolados, então o diabético tem que fazer uso:
De dietas no primeiro momento,
associada a exercício físico;
Se o descontrole persistir, então
entra a dieta, os remédios e os exercícios físicos;
Se ainda persistir o descontrole,
então a medicação pode ser aumentada em termos de dosagem e de princípio ativo,
mas sem abrir mão da dieta e dos exercícios físicos;
Se chegar a um ponto de um
descontrole total, o médico deve avaliar e, certamente irá recomendar INSULINA
externa, aplicada todo dia, mas, sem deixar os demais componentes citados
anteriormente.
Deste modo, chega-se a conclusão
que o grande vilão da diabetes não é o doce propriamente dito. É também, mas
não apenas. A maior quantidade de açúcar no sangue de um portador pode ser
derivada dos carboidratos. Este é o caso de certos diabéticos super rigorosos
no controle de doces. Comer doces? Nem pensar. Mesmo os diets eles evitam.
Contudo, eles sofrem muito para controlar o açúcar que é produzido por pães,
biscoitos, macarrão, arroz, etc...
10. DIET e LIGTH – Diet é uma
coisa e ligth é outra. Nem tudo que não contém açúcar o diabético pode comer. O
alimento pode ter zero de açúcar, mas ter muitas outras calorias que
influenciam no açúcar do mesmo jeito, de forma disfarçada. Geralmente os
produtos DIET são os melhores para os diabéticos. LIGTH é uma combinação de
menos calorias, principalmente para quem não deseja engordar, ou para alguma
dieta recomendada pelo médico em função de algum outro mal que não seja
diabetes. Um diabético controlado pode, eventualmente, fazer uso de produtos
ligth, moderadamente. O rótulo dos produtos deve ser muito bem observado pelos
portadores do Mellitus. Este é o sobrenome da diabetes que estamos falando,
DIABETES MELLITUS. Algumas embalagens já trazem o símbolo da associação dos
diabéticos como forma de garantir a procedência dos produtos, mas mesmo assim
não se deve confiar de cara. O produto deve ter no rótulo a certificação da
ANVISA e, se possível, o diabético deve ligar para o serviço de atendimento ao
consumidor. Voltando a questão DIET, entendemos que se alguém não pode comer
gordura, algum alimento que não tenha gordura pode ser considerado DIET, mas o
diabético não pode utilizá-lo sem que tenha a certeza de que além de não conter
gorduras não contém açúcar. Lembrando: zero açúcar não é garantia de nada se os
demais componentes do produto forem calóricos além da conta.
11. MEIO DIABÉTICO – Da mesma
forma que não existe meio grávida, não existe meio diabético. Diante da
história de vida de cada paciente o médico pode fazer um prognostico de
possibilidades em função da carga genética da família, da vida sedentária,
etc., de algum paciente. Uma pessoa obesa, com antecedentes familiares de
diabetes, sedentária, certamente será uma forte candidata a ser diabética tipo
2.
12. VALORES DE REFERÊNCIA – Se,
num exame simples de glicemia de jejum, os valores não ultrapassagem 100 mg/dl,
tudo bem, dentro da normalidade. Contudo, se ultrapassar 126 mg/dl, tudo mal.
Pode ser sinal de diabetes. Há uma corrente de médicos que advoga até 110 mg/dl
como normal, mas o mais aceito é até 100 mg/dl por margem de segurança.
13. JEJUM DE 12 OU DE 8 HORAS? Há
controvérsias. Mas, o professor Dráuzio Varela admite 8h de jejum. Como quem
pode mais pode menos, acredito que 12 horas não altera o resultado para menos,
mas pra mais e isto é bom, sob esse ângulo de visão. O laboratório, geralmente
explicita se o método utilizado foi de 8 ou 12 horas de jejum.
14. GLICEMIA DE JEJUM É O MELHOR
EXAME PARA IDENTIFICAR SE UMA PESSOA É DIABÉTICA? – Não. A glicemia de jejum é
um teste corriqueiro que pode dizer ao médico se determinado paciente está com
propensão ou não. Uma glicose de jejum no valor de 80, por exemplo, não faz
sentido investigar amiúde; uma de 115, já acende a luzinha amarela, mas já é
bom providenciar outros exames complementares desse círculo.
15. QUAIS SÃO OS EXAMES QUE, DE
FATO, DECRETAM QUE ALGUÉM SEJA DIABÉTICO? Um médico cuidadoso começa pelo exame
chamado de HEMOGLOBINA GLICOSILADA OU GLICADA. Esse exame serve para mostrar
como a glicose tem se comportando no sangue
nos três meses. Dito diferente é um exame que não nos permite mentir
para o médico, pois ele nos “desmascara” quando a gente quer lhe passar uma
mentirinha acerca do nosso descontrole com a saúde. Muitos, às vésperas de ir
ao médico, fazem toda a dieta. Esquecem que o médico, após ser diagnosticado
diabetes, não só pede a glicemia de Jejum, mas a Glicada ou Glicosilada, como
vimos. O que caracteriza a glicemia de jejum é o intervalo de 8 ou 12 horas. A
Glicada, não precisa. Até uma gotinha serve para fazer esse importantíssimo
exame. Contudo, a prova da “janela” ou dos “nove” – aquela que vai dar a
sentença de diabético TIPO 2 OU GESTACIONAL é a CURVA GLICÊMICA. Esta é feita
da seguinte forma: em jejum de 8 horas, o laboratório retira a primeira
quantidade de sangue. Após uma hora, o paciente bebe um liquido tipo garapa e,
em seguida, é feita nova coleta de sangue, repetindo-se em três vezes
consecutivas durante mais ou menos três horas. Faço uma leitura de que a curva
glicêmica provoca o pâncreas para ver como sua “mola” propulsora está
funcionando diante da resposta que ele dá à garapa que a gente dá pra ele
”trabalhar”... O resultado dessa curva é dado da seguinte forma em valores de
referencia:
Inicial: 95mg/dl
Após 1 hora: 180mg/dl
Após 2 horas: 155mg/dl
Após 3 horas: 140mg/dl
O diagnóstico de DIABETES é dado
quando em dois dias diferentes os valores máximos são ultrapassados. No papel
que o laboratório fornece com os
resultados, uma CURVA se apresenta com os resultados. O médico irá explicar ao
paciente e, certamente, encaminhar a um endocrinologista para as orientações de
praxe.
Por hoje é só. Atenção: não sou
médico, mas sou diabético. Essas informações são para os que, por acaso, não
tenham o domínio razoável dessa doença terrível que mata em silêncio, mas
depois que “grita” faz o maior barulho em nossa vida. Se eu me enganei com
alguma informação corrijam. Tive essa preocupação porque acho que a maioria dos
médicos não se comunica bem. Como além de diabético sou escriDOR, postei essa
contribuição.
OBSERVAÇÕES:
a) Se você observar que as
formigas estão rondando seu xixi, porque algum pinguinho distraído caiu fora do
vaso sanitário, ligue o sinal de alerta. Eu desconhfiei que minha glicose
estava alta por conta disto Afinal, formiga gosta de açucar, não de xixi.
b) Os sintomas dessa doença nunca
vem sozinhos. Pode ser que já aparecem levando você para o pronto socorro. No
geral, há indicios como: boca seca, muita sede, xixi intermitente, vista turva,
etc.
c) Frutas não tem açucar, mas tem
glucose, ou seja, um tipo de açúcar natural, mas que não deixa de ser açucar.
Se as frutas forem ingeridas em excesso, causam danos à saúde do mesmo jeito
que o açucar do doce, dos carboidratos, etc. O mesmo cuidado deve ser com a
ingesta de sucos. O suco de limão é o melhor de todos. A maçã é uma das mais
recomendadas. Banana tem muito açucar, uva tem muito açucar, caqui tem muito
açucar, etc. Melhor pegar com uma nutricionista a relação das calorias em geral
e das frutas no particular. No reino das frutas, será sempre melhor ingerí-las
com o bagaço, como no caso da laranja.
d) A importância dos alimentos
integrais é porque eles demoram a invadir a conrrente sanguinea, porque sua
digestão é lenta. Sento lenta, manda a glicose pro nosso sangue também de forma
vagarosa. Isto é bom porque o organismo não se agride com muita rapidez, como
no caso de um arroz branco comum, por exemplo.
e) Há quem diga que diabético
pode comer tudo, desde que esse tudo seja em quantidades equivalentes à
necessidade de calorias que o corpo precise para nos manter saudáveis o dia
todo. Se o bolo é diet, não se pode comer a metade dele, porque dessa forma, o
sentido se perde em função do acumulado das calorias. Bolo, mesmo diet é massa;
mesmo sem açucar, é massa e é, por consequencia carboidratos...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 12/08/2012
Li e fiquei feliz por essa contribuição. Pois, na condição de diabético sempre achei que os médicos se comunicam mal com o paciente para lhes dizer, na linguagem popular, tudo acerca. Relendo, fiquei feliz, pois vi que fui fiel a mim mesmo e ao que determina a orientação técnica com esse fim.
ResponderExcluircarlos sena.