Por Zé Carlos
Dias atrás recebi uma mensagem da Léa, irmã do Balinho,
dizendo que ele estava em Recife. E naquele período, eu também estava lá. Ela
até me mandou seu telefone, a meu pedido, pois queria falar com ele. Ela me
enviou, mas, as circunstâncias da vida não me deixaram falar com um dos
melhores amigos que eu tive na minha adolescência. Não fiquei triste, pois
sempre havia outra oportunidade de vê-lo e relembrar nossos bons momentos em
nossa terra.
As brincadeiras no recreio do Ginásio São Geraldo, as brigas
em que fatalmente, mesmo pacatos, nos envolviam, as trocas de ideias entre
pessoas interessadas que éramos sobre os destinos desde a palmatória de Seu
Waldemar, aos destinos da Pátria, as conversas sobre a vida alheia para o mal
ou para o bem, as trocas de livros que aliviavam suas faltas nas bibliotecas e
tantas outras coisas, seriam tratados neste possível encontro.
Eu lembraria de um livro que ele me emprestou que não me
lembro mais o autor mas cujo título era:
João Simões Continua. Era a história romanceada narrada por um morto que
se via de repente fora do corpo e contava todo seu velório e enterro ao qual frequentava
como se vivo estivesse, pelo menos como minha velha memória recorda. E é
lembrando disto que, aqui, tão longe de Bom Conselho, recebo a notícia do
falecimento de Balinho, que meus olhos marejam e o coração aperta.
No entanto, tenho certeza que ele, de onde estiver estará
escrevendo sua história e nos vendo, apenas mudando o nome do livro que ele um
dia me emprestou para: Balinho Continua. Nele certamente, ele relembrará porque
ficou inimigo infantil do Zezinho Ponta Baixa, outro grande amigo. Lembrará
porque ficava enfezado quando passavam a mão na sua cabeça para dizer que sua
brilhantina era banha de porco. E do seu desengonçamento com uma bola de
futebol.
Foi uma pena eu não ter reencontrado o Balinho. Mas,
pensando bem, refreio minha culpa e me torno egoísta, ao saber que ele já
estava doente e talvez tenha sido melhor eu guardar só em minha lembrança a sua
figura magra, esguia e sadia que eu um dia conheci. E, também, em seu romance
da vida que ele está escrevendo e nos vendo a todos, espero que não se importe
com nosso último desencontro, pois para onde ele está, eu levarei qualquer dia
destes um livro para que ele leia e o discutamos.
Enxugo as lágrimas, faço um sorriso e tento mostrar ao
Balinho que sou feliz porque sei que o Balinho Continua, certamente, olhando
para mim, também sorrindo e dizendo: “Claro,
amigo, não faltará oportunidade para nosso encontro”. Que seja com a
presença de Deus, caro amigo!
PARABÉNS ZÉ CARLOS POR ESSA JUSTA E MERECIDA HOMENAGEM AINDA QUE PÓSTUMA AO NOSSO HOJE SAUDOSO BALINHO DE QUEM TAMBÉM TIVE A VENTURA DE SER COLEGA;É UMA PERDA LAMENTÁVEL PARA OS FAMILIARES E TODOS NÓS QUE O CONHECÍAMOS, NO ENTANTO,CONCORDO QUANDO DIZES,BALINHO CONTINUA.
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