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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Balinho Continua





Por Zé Carlos

Dias atrás recebi uma mensagem da Léa, irmã do Balinho, dizendo que ele estava em Recife. E naquele período, eu também estava lá. Ela até me mandou seu telefone, a meu pedido, pois queria falar com ele. Ela me enviou, mas, as circunstâncias da vida não me deixaram falar com um dos melhores amigos que eu tive na minha adolescência. Não fiquei triste, pois sempre havia outra oportunidade de vê-lo e relembrar nossos bons momentos em nossa terra.

As brincadeiras no recreio do Ginásio São Geraldo, as brigas em que fatalmente, mesmo pacatos, nos envolviam, as trocas de ideias entre pessoas interessadas que éramos sobre os destinos desde a palmatória de Seu Waldemar, aos destinos da Pátria, as conversas sobre a vida alheia para o mal ou para o bem, as trocas de livros que aliviavam suas faltas nas bibliotecas e tantas outras coisas, seriam tratados neste possível encontro.

Eu lembraria de um livro que ele me emprestou que não me lembro mais o autor mas cujo título era:  João Simões Continua. Era a história romanceada narrada por um morto que se via de repente fora do corpo e contava todo seu velório e enterro ao qual frequentava como se vivo estivesse, pelo menos como minha velha memória recorda. E é lembrando disto que, aqui, tão longe de Bom Conselho, recebo a notícia do falecimento de Balinho, que meus olhos marejam e o coração aperta.

No entanto, tenho certeza que ele, de onde estiver estará escrevendo sua história e nos vendo, apenas mudando o nome do livro que ele um dia me emprestou para: Balinho Continua. Nele certamente, ele relembrará porque ficou inimigo infantil do Zezinho Ponta Baixa, outro grande amigo. Lembrará porque ficava enfezado quando passavam a mão na sua cabeça para dizer que sua brilhantina era banha de porco. E do seu desengonçamento com uma bola de futebol.

Foi uma pena eu não ter reencontrado o Balinho. Mas, pensando bem, refreio minha culpa e me torno egoísta, ao saber que ele já estava doente e talvez tenha sido melhor eu guardar só em minha lembrança a sua figura magra, esguia e sadia que eu um dia conheci. E, também, em seu romance da vida que ele está escrevendo e nos vendo a todos, espero que não se importe com nosso último desencontro, pois para onde ele está, eu levarei qualquer dia destes um livro para que ele leia e o discutamos.

Enxugo as lágrimas, faço um sorriso e tento mostrar ao Balinho que sou feliz porque sei que o Balinho Continua, certamente, olhando para mim, também sorrindo e dizendo: “Claro, amigo, não faltará oportunidade para nosso encontro”. Que seja com a presença de Deus, caro amigo!

Um comentário:

  1. PARABÉNS ZÉ CARLOS POR ESSA JUSTA E MERECIDA HOMENAGEM AINDA QUE PÓSTUMA AO NOSSO HOJE SAUDOSO BALINHO DE QUEM TAMBÉM TIVE A VENTURA DE SER COLEGA;É UMA PERDA LAMENTÁVEL PARA OS FAMILIARES E TODOS NÓS QUE O CONHECÍAMOS, NO ENTANTO,CONCORDO QUANDO DIZES,BALINHO CONTINUA.

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