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sábado, 18 de dezembro de 2010

ORDEM NA ORDEM



Por Thiago Santos Lima (thiagosantoslima@hotmal.com
            Um grupo de aproximadamente trinta a trinta e cinco pessoas, quase todas da minha idade, viverá um momento ímpar em meados de janeiro do próximo ano. Sim, no mês que vem! Eles participarão juntos com seus familiares, amigos e agregados de todas as solenidades possíveis e imagináveis de uma formatura. Eles vão se formar em Direito.
            Eu sou um deles. Pela graça de Deus, que deu força e paciência, faço parte desses trinta e poucos prestes a receber o diploma de bacharel em Direito, o que muito me orgulha, mesmo sabendo que um título de nível superior caiu muito em seu valor, e o de direito, embora muito bonito e tradicionalmente nobre, perdeu grande parte de seu glamour em razão do varejo do ensino superior brasileiro. E exatamente sobre este varejo educacional, enfaticamente o de direito, escrevo este pequeno texto direcionado não sei para quem, talvez para mim mesmo... para meu consolo.
            Sem delongas, sem tratar das várias idéias do que é certo ou errado e do justo e do injusto, muito me impressiona que um órgão de classe como a OAB, que é notadamente diferenciada de todos os outros pelo seu nível de envolvimento político e jurídico com o Estado brasileiro, peque naquilo que deveria ser o seu alvo principal: participar da boa Justiça.
A boa Justiça não é a Justiça (também com letra maiúscula) estatal somente, mas também aquela latente na alma humana, aquele ideal guardado dentro de cada um. Afinal, até onde aprendi na faculdade, por mais que Direito e Justiça não sejam mais sinônimos, o distanciamento dos círculos, impossibilitando o famoso “mínimo ético”, é uma atitude totalmente reprovável.
            Desta feita, toda essa confusão entre a OAB e os bacharéis em Direito não é, de forma alguma, razoável, porquanto é notadamente recheada pelo inverso da boa justiça.
            Entretanto, sou consciente de que a tal injustiça da Ordem não está em permitir ou não que todos os formados em Direito adquiram a carteira profissional. Até porque sou partidário de que outros cursos, sobretudo os de saúde, tivessem uma peneira dessas! É, antes, pelo excessivo rigor dos exames e pela ardilosidade silenciosa dentro deles.
            Por quê? Porque a OAB tenta dar uma de “MacGyver” sem poder! Pois só quem consegue salvar o mundo com um único instrumento é o próprio MacGyver. Quer dizer, a Ordem consciente da bagunça no ensino jurídico do Brasil tenta com um só meio – o exame – resolver todo o problema; e silencia e não luta pelo fechamento das faculdades indignas da formação jurídica. Com isso, ela sai batendo no escuro feito “pitboy”, largando a mão em qualquer um que passar, mesmo contra aqueles que transitam na melhor das intenções.
            É lógico, porém, que não sou ingênuo para crer e querer que todos os formandos e formados em Direito mereçam ostentar a carteirinha rosa, mas soltar os cachorros em cima de quem não é culpado é uma tremenda injustiça!
            Assim, já que este é meu último parágrafo e já deu vontade de chutar o pau da barraca, vou logo dedurar. Porque embora caladinho neste balaio de gato e, talvez, até querendo sair de fininho, está o nosso querido Ministério da Educação, que liberou em toda esquina as várias FAJUTAS, FOFOCAS e FARRAPEIRAS da vida, dando ensejo para que a OAB se achasse no “direito”, já que trabalha mesmo com isso, de descontar em mim a culpa dos outros! Ou seja, bem que ela podia largar a mão no MEC, que é alguém do tamanho dela... Isso tudo só me faz lembrar um ditado que diz assim: “em briga de elefantes, quem se dá mal é o capim!”.
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(*) O Thiago é um concluinte do Curso de Direito, mora em Recife, mas nasceu pertinho de Bom Conselho, em Garanhuns.

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