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quarta-feira, 12 de março de 2014

O Fantástico e o filho do José Alencar




Por Zezinho de Caetés

Neste domingo passado estava vendo o Fantástico, esperando uma reportagem anunciada sobre a situação da educação brasileira, e que incluiu até Jaboatão, mostrando escolas que devem ter feito corar os governantes do Estado pela ausência de infraestrutura básica, mostrando os alunos, sedentos de conhecimento, enfiando o pé na lama para obtê-lo, e, nem assim conseguindo.

Antes de chegar a hora da reportagem o programa dominical da Rede Globo mostrou outra reportagem sobre o vice-presidente de Lula, José Alencar, já falecido, mas, que deixou para trás, segundo ela própria, uma filha bastarda, que hoje quer apenas provar que é realmente filha do grande industrial e político, prometendo que não quer toda a herança, e sim uma vida digna.

Na hora em que terminou a reportagem, e diante da descoberta que hoje, os herdeiros do vice-presidente ainda não querem reconhecer sua parente, eu apenas pensei: bem, como gosto de política e neste campo “águas passadas movem moinhos”, mesmo quando o dono já morreu, eu conclui que se José Alencar, depois do que fez fosse apresentado como candidato a alguma cargo público, teria muitas dificuldades de se eleger. Pasmem, ele se recusou a fazer o exame de DNA, e neste caso, por lei, “quem cala, consente”. Eu, que nunca votei nele, continuaria não votando. Aliás, já não votaria em Lula por outros motivos, mas, com sua recusa em enfrentar o problema da Rosemary, mesmo que ele prometesse que colocaria o Jair Bolsonaro como Ministro da Justiça eu incorreria no erro de ter votado nele no tempo que o PT ainda era um partido político e não um ajuntamento de corruptos (não é quadrilha, segundo o STF).

Eu não iria nem mais pensar na reportagem, quando na segunda-feira pela manhã li um texto do Ricardo Noblat que é de 09/08/2010 e que ele reproduz em seu blog. O título é horroroso: “Flucht nach vorne”, que, como ele explica no texto é uma expressão alemã que significa “fuga para frente”. Coisa de alemão mesmo. Em resumo quer dizer que, sob ameaça, não corra, vá em frente e lute. E no texto eu soube que o processo vem se arrastando há anos, e até agora, a família recorre, tentando negar a paternidade.

Eu concordo totalmente com o texto do Noblat, abaixo reproduzido, ainda hoje, aplicando sua conclusão à família do vice-presidente. Como político ele teve bons momentos, mesmo que, como vice do Lula, apenas fazia contraponto para tentar mostrar que meu conterrâneo não agia como um “neoliberal” autêntico, pelo menos, nos primeiros anos de seu longo governo, seguindo toda a cartilha do FHC. Mas, com o não reconhecimento de sua filha, fica mais esta mancha em sua carreira que o Noblat resume de forma magistral em sua frase final que eu reproduzo aqui apenas mudando o tempo do verbo, pois agora ele está morto: “Alencar não [era] bronco. Mas esse episódio fez emergir uma face dele até aqui desconhecida. Uma face rude, cruel e mesquinha. Muito diferente da outra que comove o país há anos.”.

Mas fiquem com o texto, que mostra além disto a história de muitos pais por acaso que resolveram de maneira melhor o problema do que o Alencar e sem expressões de ignorância e grossura como ele fez, e a família continua ajudando a deixá-lo mal na foto da história. Vejam que o vice atual, o Michel Temer, também teve filho bastardo. Pela briga entre o PT e o PMDB agora, a Dilma pode até alegar que ele tem outros para provocar mais o partido. Tudo isto já é campanha, mas, fica para depois...

“A expressão alemã acima significa “fuga para frente”. Cercado, você ataca – e seja o que Deus quiser. Pisa fundo no acelerador do carro como fez diante do abismo a dupla do filme Thelma e Louise.

Ou então “enfia o pé na jaca” como parece preferir o vice-presidente José Alencar no caso da suposta filha de 55 anos que teve fora do casamento.

Alencar responde desde 2001 a processo de investigação de paternidade na Vara Civil de Caratinga, Minas Gerais. Ali quando era rapaz conheceu Francisca Nicolino de Morais, de apelido Tita, uma enfermeira de 26 anos, e com ela manteve um relacionamento amoroso entre 1953 e 1955.

Segundo testemunhas ouvidas pelo juiz José Antônio Cordeiro, os dois se viram pela primeira vez nas dependências do Clube Municipal da cidade. Passaram então a se encontrar em média três vezes por semana. E às quartas-feiras dormiam juntos na casa de Tita. O namoro era público.

Aos sábados, o casal podia ser encontrado no clube ou no Bar do Geraldo Pereira. Aos domingos, dançando no Bar da Zica.

Alencar chegou a pagar o aluguel da casa de Tita e ajudou-a com outras despesas. Até que Tita engravidou e deu à luz a Rosemary em 1955. O relacionamento acabou. Ao completar 42 anos, Rosemary soube por Tita quem seria seu pai.

Ela aproveitou uma visita de Alencar a Caratinga em 1998 para dizer-lhe que era sua filha. Na ocasião, Alencar teria comentado que resolveria tudo. Não o fez.

Rosemary foi à Justiça e pediu para ser reconhecida como filha dele. Uma vez aberto o processo, os advogados de Alencar tentaram extingui-lo por meio de sucessivos recursos.

Ouvido em juízo, Alencar negou ter tido qualquer relacionamento com Tita e acusou-a de freqüentar “a zona do meretrício” de Caratinga. “Como profissional, oferecia-se a quem a pagasse por seus préstimos”, disse.

Ao comentar o caso em “Programa do Jô” da semana passada, insistiu Alencar: “Todo mundo que foi à zona pode ser pai”.

Por duas vezes, o juiz Antônio Cordeiro marcou dia, hora e local para que Alencar se submetesse a exame de DNA. Em vão. Os advogados dele conseguiram suspender o exame.

A Jô, Alencar insinuou que está sendo vítima de chantagem econômica e garantiu que o exame de DNA “não é 100% seguro”. De fato, não é. A margem de acerto do exame é de apenas 99%.

Diz o artigo 2 da Lei 8.560/90: “Na ação de investigação de paternidade, todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos. A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético – DNA – gerará a presunção da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório”.

Com base na recusa de Alencar em fazer o exame de DNA, no conjunto de provas recolhidas e em jurisprudência consolidada do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o juiz decidiu em 21 de julho passado que “a investigante” passe a se chamar Rosemary de Morais Gomes da Silva, filha de Francisca Nicolino de Morais, a Tita, e de José Alencar Gomes da Silva.

Somente uma pessoa, a pedido de Alencar, apresentou-se à Justiça para dizer que Tita era prostituta.

O delicado estado de saúde de Alencar, que luta há 13 anos contra um câncer, não lhe confere imunidade para agredir grosseiramente o bom senso.

Se permanece apto a assumir a presidência da República na ausência do seu titular era de se imaginar que conservasse intacta sua capacidade de avaliar bem os fatos.

Fernando Collor, Orestes Quércia e Michel Temer, por exemplo, são políticos que reconheceram filhos de relações extraconjugais.

Paulo Maluf fez questão de se submeter a exame de DNA para provar que não era pai de uma menina de nove anos. E provou. Fernando Henrique Cardoso é um caso à parte.

Teve um filho com a jornalista Miriam Dutra pouco antes de se eleger presidente. Havia se relacionado com ela por anos.

Procurados por jornalistas, os dois sempre negaram que Tomas fosse filho de quem é. "Nem o pai dele tem certeza que é o pai", confidenciou Míriam a um amigo certa vez.

Mas Fernando Henrique ajudou a sustentar o filho, recebeu-o várias vezes discretamente no Palácio do Planalto, visitou-o na Europa e o reconheceu em cartório de Madri logo depois da morte de dona Ruth Cardoso, sua mulher.


Alencar não é bronco. Mas esse episódio fez emergir uma face dele até aqui desconhecida. Uma face rude, cruel e mesquinha. Muito diferente da outra que comove o país há anos.”

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