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quinta-feira, 6 de março de 2014

Evangélico e Homossexual.




Por Carlos Sena (*)

A imprensa no geral e a de Pernambuco no particular ainda não venceram o "verbo" do estigma e da discriminação. Isso para o lado ruim e para o bom. Para o ruim quando, numa matéria policial em que a vítima ou o algoz é um homossexual, logo vira manchete: "homossexual" morto pelo amante ou "homossexual" mata e rouba um cidadão em tal ou qual lugar! Ora, se o homossexual é homem ou mulher , por que quando isso acontece com um hetero não se anuncia do mesmo jeito? Assim: "heterossexual mata amante", etc. Perece mesmo que a sexualidade ortodoxa é definidora de condutas. Quando a conduta é "boa", politicamente correta é do bem e só os heteros a praticam. O contrário só aos homossexuais se lhe tributam o deboche e o achincalhe e uma mídia discriminatória e violenta. Se o homossexual delinquente for rico e frequentar as altas rodas sociais, tudo fica na surdina, mas mesmo assim se debocham da situação e a mídia faz vista grossa nesse aspecto.

Outro aspecto da mídia nem sempre politicamente correta, é associar o status de EVANGÉLICO a algumas pessoas que tem o infortúnio e a falta de dinheiro para sair num "Bandeira dois da vida". Pra quem não conhece, o Bandeira dois é líder de audiência em Pernambuco e é useiro e vezeiro dessas expressões. Nessa questão dos "evangélicos" ela é duplamente explorada. Pelas vítimas ou pelos algozes que, no afã de se defenderem de uma acusação exaltam logo que "sou evangélico". Como se, em sendo evangélico, estivessem acima do bem e do mal. De fato, quem frequenta cultos evangélicos sabe que eles se consideram SALVOS. Não sei se da língua do povo. Não sei se da língua de satanás. Não sei se salvos pelo gongo ou mesmo se Jesus os salvou antes do julgamento final... Mas é comuníssimo ouvir no rádio um bandido se defendendo de uma acusação se dizendo "evangélico". Também é muito frequente ouvir uma manchete mostrando uma cena de crime em que um evangélico foi protagonista. Resumindo: tanto o locutor de rádio exalta essa expressão, quando a própria vítima ou o algoz, quando lhe aprouver também.

Independente de julgar, vale refletir acerca de uma imprensa menos sanguinolenta, principalmente no rádio AM e nas TVS que mantêm esse formato "Mundo Cão" de programa. Fato é que a audiência ganha picos quando a miséria, a violência, a morte, o escárnio, etc., são por demais de mais. Nesse caso, entra o povo. O Povo na TV? Pode ser e tudo leva a crer. Mas pode ser isso rompido se a vida um dia vier a valer algum tostão a mais do que não vale hoje? Ou será que os humanos adoram ver seu semelhante na lona, no cacete, para ele se divertir mais solenemente? Afinal, no Coliseu romano, os leões devoravam pessoas para as outras se divertirem a cântaros! E nós que estamos na civilização do amor, no terceiro milênio, estamos fazendo diferente disso? Difícil dar uma resposta objetiva neste sentido. Mas, não é difícil compreender que uma sociedade que tripudia em cima das pessoas por conta das suas escolhas sexuais, não fica muito distante disso. Da mesma forma não fica distante na medida em que se dizer evangélico serve de manto para se praticar violência, pautaria, sodomia, enquanto a noite não chega para transformar todos os gatos de diversas cores em pardos... Todas as uvas verdes em maduras para satisfazer às serelepes e espertas raposas de plantão... Todos os cajus rançosos em cajuina cristalina em Teresina. Todos os afagos dos tamanduás em abraços lúdicos de prazer, enquanto a noite não vem trazendo consigo a esperança de que "quando mais negra seja a noite mais permaneça sendo madrugada para que o canto dos galos rufe noites nos quintais silenciosos...
A paz do senhor, irmão. Ou Glória!

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 09/01/2014

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