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domingo, 27 de fevereiro de 2011

ENTRE A FÉ, A SECA E O FEIJÃO



Por Carlos Sena

No infinito do agreste
caminham pés descalços de esperanças,
entremeando sonhos perdidos na terra quente!
Pra suportar tem que ser valente
da criança ao cabra da peste!

Lá no céu urubu faz ronda com seu olho zombeteiro
pode ser a novilha, cabra, ovelha e até o burro,
sem sussurro come o que morrer primeiro...

Meio dia, sol a pino,
menino faminto não empina papagaio.
Meia noite, ó Divino, manda chuva ou orvalho
que a gente planta esperança
canta missa e canta galo fazendo da manhã agasalho...

Cá na terra planto milho, feijão e até maxixe
vou plantar um pé de reza, um de amor e de cajá
nas terra lá de Brasília quero ver no que vai dar, ôxe,vixe!

Meu São José dá-me licença para o pastoril dançar
Louvo a Deus nosso senhor
seu moço não sou doutor,
só sei mesmo mal rezar e com rosário na mão
proverá Frei Damião pro inverno desaguar...

Toca o fole Gonzagão que a chuva molha meu rosto
Caruaru te prepara, Campina não se intrometa
quero na praça retreta, quero festa, quero foto!

De Campina quero um forró,
De Caruaru um xaxado, de Limoeiro um Coco de Roda.
De Recife um frevo, ciranda de Itamaracá é a moda
Quero agora a raça unificar de norte a sul essa nata
De Nazaré da Mata, me tragam o Maracatu...

(*) Publicado no Recanto das Letras em 21/11/2009

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