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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As pesquisas eleitorais e o Seminário Real do Bulandi - Um intervalo de confiança.




Por Zé Carlos

Abaixo vai uma descrição pouco elaborada e sem o brilhantismo com que ela foi exposta no Seminário Real de Amostragem,  da principal palestra do seminário feita pelo cientista “nerd” temeroso de perder a cabeça, que eu captei e tento passar para vocês (ver primeiro texto aqui). Se houver algum falha me perdoem, porque a conferência foi toda em inglês e o meu está mais enferrujado do que os canos da COMPESA, em Bom Conselho, e no Recife também.

“Caro Rei,

O meu método consiste em pegar toda a população do reino e anotar o número do seu CPF, ou RG. Para quem for anônimo, e não quiser apresentar os documentos, criaremos um código que os identificará de alguma forma, pode até ser um IP, ou mesmo um código de barras, que só serão usados para que, ao serem jogados, os números, em uma bacia enorme, possam ser sorteados para entrar na pesquisa como “amostrados”. A cada pessoa eleitora do reino corresponderá um número, já que aqui dizemos que somos livres mas somos obrigados a votar. O sorteio pode ser feito por Vossa Majestade (V.M.) ou poderá ser feito pelo Faustão ou pelo Sílvio Santos, que não moram no reino mas tem programas de TV que são vistos por aqui.

Escolhidos os “amostrados”,  por sorteio, faremos a eles as perguntas que quisermos e eles representarão a todas. Sem privilégios nem intervenção dos seres humanos mortais e pecadores, dentro dos limites do possível, por exemplo, com um grupo de policiais pacificadores atrás deles, para evitar intervenção de algum meliante.

Ora, senhor Rei, como estamos usando apenas uma parte da população, não poderemos garantir, com 100% de certeza, que suas respostas sejam as mesma que obteríamos se usássemos todo mundo. Mas, como V. M. já sabe, o custo é muito menor, e com o uso da teoria das probabilidades, que eu prefiro ter a cabeça cortada, do que tentar explicá-la, o que podemos fazer, além do que já se faz, é dizer quanto é o erro envolvido nestas estimativas. Este erro vai ser chamado de “margens de erro”.

O que apelo, como ser humano mortal e medroso, é que V. M. só me corte a cabeça se os resultados, depois de computados os votos, se estiverem fora desta “margem de erro”. Se houver uma mudança do seu decreto mortal, eu continuarei a exposição do método, se não, eu  paro por aqui.”

O Rei, que ouvia o cientista com atenção fez um gesto real de anuência ao seu pleito e então o cientista, que agora tinha o compromisso de acertar os resultados, mas dentro de uma margem de erro, porque ele prezava sua cabecinha, continuou.

“Caro Rei,

Sendo assim vamos em frente. Vamos supor que, o tesouro real estivesse numa situação tão ruim, que V. M. só pudesse autorizar um pesquisa eleitoral para entrevistar 2 pessoas. Isto poderia ser feito, sorteando duas pessoas chamando-as ao palácio e perguntando a elas em quem votariam e teríamos um resultado qualquer, que poderia ficar perto ou longe do resultado das eleições. Mas como eu estou com minha cabeça ameaçada, eu só contaria o resultado para Vossa Alteza Real dizendo que a “margem de erro” seria muito grande, com medo de perdê-la. Isto não significa que os resultados, ao consultar apenas duas pessoas, estariam longe do resultado das urnas. Apenas seria pouco provável que estivesse.

A essência da coisa, Majestade, é que mesmo de 2 pessoas, dependendo do tamanho da população do reino, poderíamos ter milhões de pares que poderiam ser formados por todo mundo, por exemplo, o Zé Abílio e o Josino Villela seria uma destas amostras possíveis e fatalmente o resultado, caso ela tivesse sido a escolhida é que a eleição seria empate. Nós, cientistas, ficamos só imaginando coisas complicadas, mas, V.M. pense que cada amostra de 2, de 3, de 4 ou de qualquer número, terá um resultado que só existe em nossa imaginação. Continuando a imaginar, que é o que fazemos para fazer jus ao nosso salário de cientista real, suponha que podemos ter no papel todos os resultados possíveis, com uma amostra de tamanho determinado por mim ou por V.M. Então para cada vez que escolhemos uma destas amostras, temos um resultado que pode ser comparado com o da eleição.

Por exemplo, para uma amostra de 5 pessoas, poderíamos ter, para a população do reino todo, que beira os 1000 habitantes, um total de milhões de combinações possíveis, das quais apenas uma seria sorteada. Mas, imaginando, como cada uma tem a mesma possibilidade de sair no sorteio, cada uma poderia produzir um resultado diferente, com determinada probabilidade. É como no jogo do bicho, Majestade, tanto pode dar cabra como pode dar jacaré. O que temos antes é a probabilidade de ganhar no bicho, que é mais fácil de calcular quando pensamos no “grupo” do que quando pensamos no “milhar”.  

Sendo assim foi criado algo que se chama Intervalo de Confiança, que dizem, tem tal nome porque indica quando o cientista poderá ter a cabeça cortada, pois nos dá a diferença entre o que é obtido para uma amostra particular e o resultado real da eleição. Este intervalo, gera um chamado Coeficiente de Confiança que diz em percentagem, quanto poderíamos esperar que o resultado de nossa amostra estivesse certo. Por exemplo, se ele for 95% indica que em apenas 5% das amostras esperamos que venha com um valor errado e nos faça perder a cabeça. Entendeu majestade?”

Eu vi que, a esta altura o Rei já estava um pouco sonolento, e ao invés de dar resposta à pergunta,  disse para todos:

- Hora de intervalo para o lanche, voltaremos em seguida quando nos tivermos refeitos.

Vi o cientista respirar de alívio e correr para suas notas, para tentar ser mais claro ainda, se possível, no próximo bloco da conferência.

Quando resolvi publicar estas notas captadas no Seminário Real, e fui relê-las, vi que era impossível para um cristão acompanhá-las no blog, se as publicassem tudo num dia. Resolvi então fatiá-las, como vocês já notaram. Se gostarem deste terrível assunto continuem lendo nossa notas nas próximas postagens. Será que o Rei vai engolir esta tal de amostragem? Não percam!

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