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quarta-feira, 22 de março de 2017

Vamos reformar ou empurrar com a barriga?




Por Zezinho de Caetés

São tantos os assuntos importantes e polêmicos da política brasileira no momento, que fica difícil começar qualquer texto que pretenda abordá-la. Entre a continuação da “carne podre”, a capitulação do Temer na Reforma da Previdência, o eterno vazamento da Lista do Janot, ou o jogo de amanhã entre o Brasil e o Uruguai, não escolhi nenhum.

Referir-me-ei às manobras dos políticos para fugir da Lava Jato, que agora virou categoria olímpica no Congresso Nacional. Enquanto a Lista do Janot vaza, os congressistas inventam moda para fugir de suas consequências. Agora querem por que querem uma Reforma Política.

Transcrevo lá embaixo, um texto do Hubert Alquéres (“Expediente de ocasião” – Blog do Noblt de hoje), no qual ele toca em alguns detalhes do que os políticos querem fazer, por debaixo do pano. E além disso, mostra uma comparação entre o momento histórico atual em que tudo foi tentado de forma açodada e deu errado.

Mais uma vez agimos ao sabor da crise, e por que daria certo? Como poderia dar certo a aprovação de uma Reforma Política que prever financiamento público de campanha e voto em lista fechada,  num país com 35 partidos e sem controle nenhum no gasto das verbas públicas como está constatando as 1001 operações da Polícia Federal.

E ontem vi o Temer, coitado, tentando manter a compostura e dando desculpas esfarrapadas, para não incluir os Estados na Reforma da Previdência. Ora, se sem a PEC do Gasto, comprometeríamos o presente, sem a Reforma da Previdência comprometeremos o futuro de nossa gente. E a crise continuará, peronia secula seculorum .

Eu sei, e quem tem a mínima noção de Economia e também não quer enganar os outros por motivos eleitorais sabe, que depois da PEC dos Gastos, não fazer uma Reforma da Previdência, é apenas prever um vôo de galinha para aquela. E não é só a Previdência que preocupa. Enquanto estivermos com uma legislação trabalhista facista do século passado, é a nossa economia que nunca decolará.

Nossa Democracia tem apenas uns 25 aninhos, e saímos de uma ditadura que procurou fazer 50 anos em 5, como o Juscelino, com obras faraônicas, e teve que entregar o poder aos civis para eles tentarem corrigir as besteiras que fizeram. Então esqueçam soluções que passem pela caserna, pois não é rima e nem solução.

A solução é deixar a Lava Jato trabalhar, e que o STF acorde do seu sonho letárgico e se reforme, procurando fazer justiça, que pelo menos trate iguais como iguais e não como diferentes quando tem privilégios pela função que exercem, gerando a impunidade pelo tempo.

Talvez o Collor estivesse pensando na situação dele hoje, quando dizia “O tempo é senhor da razão!”. Apenas bastaria trocar o termo “razão” por “impunidade”, e ele estará com toda a razão.

Fiquem com o Hubert, e meditem sobre as várias saídas que estão tentando os nossos ilustres congressista para tirar o Brasil da.... , cala-te boca, olha o decoro!

“Em meio à renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, o jeitinho brasileiro levou nossas elites a adotar o sistema parlamentarista para contornar o conflito entre os militares, que não queriam a posse do vice João Goulart, e as forças perfiladas no respeito à legalidade e à Constituição.

Parecia uma obra de engenharia política. Evitava a iminência de uma guerra civil, com o risco da fratura das Forças Armadas, e observava a cadeia sucessória em sintonia com os preceitos legais.

Adotada de afogadilho como “solução” para uma questão meramente conjuntural, a instituição do parlamentarismo só empurrou a crise com a barriga.

Ela voltaria com força e, em janeiro de 1963, os brasileiros decidiram-se pelo retorno ao presidencialismo. O desfecho desse episódio, todos nós sabemos; a ruptura democrática de 1964 e 21 anos de ditadura no Brasil.

Lição da história: expedientes de ocasião não são solução, são parte do problema.  Só turbinam as crises.

O exemplo histórico se faz oportuno diante das articulações do mundo político para aprovar, à toque de caixa, uma “reforma política” com dois jabutis rejeitados amplamente no Congresso em outras oportunidades: o voto em lista e o financiamento de campanha.

Jabutis, não porque esses dois temas não possam constar de uma reforma consistente que aproxime o eleitorado de seus representantes e contribua para a oxigenação nacional.  Voto em lista e financiamento público de campanha existem em países de modelo bem mais saudável do que o nosso.

A discussão não é filosófica. Se fosse séria, a reforma arquitetada por parlamentares e políticos contemplaria também a adoção de um sistema de eleição proporcional baseada no voto distrital puro ou misto, e a imposição de cláusula de barreira capaz de debelar o caleidoscópio partidário, hoje composto por 35 legendas.

Abriria, ainda, caminhos para o Brasil marchar para o parlamentarismo - regime, sem dúvida, mais avançado e mais resiliente às crises.

Não são essas as preocupações dos partidos e dos parlamentares.  Estão focados apenas em como vão sobreviver à bomba atômica da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A luz vermelha acendeu no julgamento do senador Valdir Raupp, com a decisão da Segunda Turma do STF de considerar como crime contribuições em Caixa 1 quando o recurso representar propina por vantagens indevidas.

Sobreviver significa se reeleger para continuar usufruindo do foro privilegiado.  Daí a engenhosidade: a carta na manga é o anonimato da lista fechada, onde os investigados da Lava Jato pretendem se esconder dos eleitores para conseguirem ser reeleitos.

O casuísmo do casuísmo. Na lista fechada teriam prioridade parlamentares com mandato. E como foram aferrolhadas as torneiras da contribuição empresarial, querem apelar para o meu, o seu, o nosso dinheiro - para usar palavras de parlamentares que há dois anos eram contrários ao financiamento público.

A lista fechada pressupõe a existência de partidos ideologicamente definidos e com visão programática.

Não é o caso do Brasil, com seus 35 partidos, uma geleia ideológica. Mesmo as principais siglas com um mínimo de definição – o PT e o PSDB – estão distantes de suas origens e se nivelaram por baixo.

É hora de voltar ao exemplo de 1961, quando uma ideia nobre, o parlamentarismo, foi vilipendiada e só ampliou a crise. Nas circunstâncias de hoje, a adoção do voto em lista e do financiamento público vai agravar a crise de representação, tornando abismal o fosso entre os eleitores e seus representantes.

Recentemente o Brasil recebeu uma lição de solidariedade dos nossos irmãos colombianos, na tragédia da Chapecoense. Pois bem, nossos políticos poderiam se espelhar no presidente da Colômbia, Manoel de Lo Santos.

Envolvido em denúncias de que suas duas campanhas receberam recursos ilegais da Odebrecht, De Lo Santos teve a coragem de assumir responsabilidades e pedir desculpas aos colombianos por “esse ato vergonhoso”.


Dá para esperar o mesmo de quem está preocupado somente em salvar a própria pele?”

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