Em manutenção!!!

sexta-feira, 3 de março de 2017

Confusões do carnaval e vem aí a quaresma...




Por Zezinho de Caetés

Hoje, ainda de ressaca das ladeiras de Olinda (não, não fiquei para o Bacalhau do Batata), é que comecei a ler outra vez o que se passa neste país e no mundo. No fundo, no fundo, tudo foi carnaval.

Aqui no Brasil aquela festa já conhecida, mas com um ingrediente novo. Os carros alegóricos estão em pior situação do que o PT, querem que a multidão os aplauda, mas, passa por cima dela como um trator. Foi o que se viu no sambódromo carioca. Caía um folião por minuto de cima dos carros.

E no mundo não deixou de ter carnaval, com o episódio da entrega do Oscar em que trocaram os envelopes, numa gafe internacional. Também, não era para menos, com um presidente como Trump, que está há mais de um mês no cargo e até agora não disse nada que fosse entendido, esperava-se o que?

E aqui dentro, deste nosso país, que era abençoado por Deus, e agora nem bonito é mais, pelo desmatamento, mesmo depois do carnaval, em plena quarta-feira de cinzas, o Marcelo Odebrecht rasgou o verbo e disse com quantos paus se fez a vitória de Dilma, a incompetenta, em 2014.

E por que não reforçar e dizer, antes que o “Fora Temer”, que agora virou frase feita de artista desocupado e mamador de verbas públicas, se ouça outra vez?  É que, Marcelo, além de dizer que era um otário, e bobo da corte do governo Lula, disse que o Temer também recebeu seu dinheirinho, porque com financiamento privado de campanha, ninguém é de ferro. Mas, ele não pediu o dinheiro. Se mandou, o Eliseu Padilha pedir, então é outra história. Agora tem que ser o “Fora Padilha”, para serem coerentes.

No entanto, quem disse que há coerência em alguma atitude de petista? O seu presidente, o Rui Falcão, agora quer soltar Zé Dirceu, Vaccari, Palocci e outros, porque o goleiro Bruno, sim, aquele que matou a mulher, cortou em fatias e deu para os cachorros comerem, foi solto pelo STF. E pelo que me consta, os presos do PT fizeram o diabo com o povo brasileiro, mas, pelo menos que eu saiba, não jogaram os restos para os cachorros.

E o carnaval continua, mesmo depois do carnaval, e ficará mais animado certamente na próxima semana que, mais descansado, tentarei enfrentar o batente alto e grande de comentar sobre a política da terra.

E para não ficar devendo letras aos meus leitores e leitoras (progressismo é viciante), e depois de ter visto tantas mulheres em Olinda e no Recife Antigo, eu os deixo com um texto da Míriam Leitão, que as ajudará a lutar sem “machismo” naquilo que a sociedade as tolheu durante todo este tempo.

Vem aí, e com muita propriedade uma reforma da previdência, que apoio, mesmo sendo aposentado e podendo sofrer com ela. No entanto, vejo que para que nossos descendentes não sofram mais ainda, ela deve ser enfrentada. E a Míriam dá, sobre isto, um bom recado às mulheres, que poderia ser assim resumido: “Mulher, que é mulher de verdade, não é machista”. Fiquem com ela.

“É totalmente sem sentido, e desatualizada, a proposta de que a mulher deve ser compensada com uma idade menor de aposentadoria. Defendida por algumas profissionais — as quais, aliás, respeito profundamente —, a ideia acaba fortalecendo o papel tradicional da mulher, quando já passa da hora de rever essa divisão envelhecida dos papéis masculino e feminino.

A diferença de tempo para se aposentar é defendida com o argumento de que a mulher trabalha mais em casa e faz o esforço biológico da reprodução. Quanto ao trabalho doméstico desigual, ele vem do machismo. Se as mulheres passarem a ser compensadas pelo sistema previdenciário, é como se o Estado convalidasse esse comportamento dos homens e as indenizasse para tudo permanecer como está. A briga hoje, que tem tido avanços, é a de dividir as tarefas e mudar os conceitos. Não desconheço as estatísticas do IBGE que mostram essa desigualdade dentro do lar, medida em horas dedicadas ao trabalho em casa, mas o remédio não há de ser a Previdência compensar a mulher, como se isso fosse uma situação inevitável.

O corpo da mulher, claro, é onde acontece a reprodução e por isso há quem defenda essa redução da idade de aposentadoria, argumentando que esse “trabalho” é indelegável e importante para a sociedade. Raciocinando por absurdo: se todas decidissem não ter filhos, o país acabaria. Mesmo isso não é argumento convincente para manter a diferença de tratamento junto à Previdência. De novo, seria como se o Estado dissesse que este é o papel fundamental da mulher: a reprodução. E as mulheres têm inúmeras funções na sociedade. Se essa ideia prosperar vamos criar duas classes de mulheres: as que têm filhos biológicos e as que não têm. Mães que adotam crianças podem se perguntar: o que dá mais trabalho, a gestação ou a criação dos filhos? E o que aconteceria com o casal homoafetivo que tenha filhos? Há uma infinidade de situações no complexo e diversificado mundo atual que não entra nessa divisão binária e tradicional dos papéis sociais. O mundo, felizmente, está mudando.

Está na hora de fazer o contrário do tradicional e mirar-se em países cuja licença maternidade é substituída, após as primeiras semanas, pela licença para cuidado com a criança, que pode ter como beneficiário o pai. Mesmo em período de aleitamento, os pais em países nórdicos tiram licença do trabalho para cuidar dos filhos pequenos e, como consequência, desenvolvem uma paternidade mais completa. É dessa forma que se fará um mundo com nova percepção do que seja o papel do homem e da mulher na sociedade, velho sonho das feministas.

A mulher vive mais do que os homens, no Brasil essa diferença chega a sete anos. Não há motivo para fugir da tendência internacional de igualar a idade de aposentadoria. A idade mínima não é punição, nem sua redução pode ser prêmio de consolação por desequilíbrios domésticos e preconceitos.

O país precisa rever seu contrato social porque ele está em profundo desequilíbrio. Tudo está em discussão neste momento em que há um déficit previdenciário enorme com apenas 14% de brasileiros com 60 anos ou mais. Com 86% da população com menos de 60, o Brasil é jovem demais para estar com esse rombo e ele, evidentemente, vai aumentar, mesmo no cenário da retomada do crescimento que eleva a receita da Previdência.


O paternalismo em relação à mulher faz parte da discriminação contra ela. É a outra face da mesma moeda. Foi partindo do equivocado pressuposto de que elas seriam incapazes de prover sua subsistência, se não se casassem e ficassem sem o pai, que se criou o absurdo das pensões para filhas de servidores de algumas categorias do setor público, principalmente das filhas de militares. Isso mudou, mas o peso do passado continua sendo carregado pelo conjunto da sociedade. O país está com a Previdência quebrada porque homens e mulheres se aposentaram precocemente, filhas de servidores tiveram benefícios excessivos, e a desigualdade da sociedade foi reproduzida no acesso à Previdência. Isso à custa da exclusão de milhões de brasileiros, a quem só foi dada a possibilidade de um benefício ao fim da vida. Quanto menos desigualdade houver no sistema, melhor ele será.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário