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terça-feira, 6 de maio de 2014

SER FELIZ POR NADA




Por Carlos Sena (*)

Tem dias que a gente acorda feliz por nada. De todas as teorias acerca da felicidade está, a de SER FELIZ POR NADA é a que mais me contenta. Porque ser feliz por nada é, sobremaneira, ser feliz com as coisas que cada pessoa estabeleceu pra si como forma de bem estar. Está é a grande diferença!

O mundo todo dia nos convida para participar de coisas postas de fora pra dentro ignorando que nos temos vontades e desejos próprios. Não raro, somos cobrados por atitudes que, a rigor, não estão dentro de nós como forma de realização interior, nem mesmo exterior. Saber conjugar tudo isso não é fácil. É, como nos diz a canção: "um lado carente dizendo que sim é a vida da gente dizendo que não".

Ser feliz por nada configura um pouco da nossa vitória particular. E essa é a vitória que só cada pessoa festeja consigo mesmo bem no sabor também da canção "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é" (Caetano Veloso).

Mas, como seria, ora direis, esse SER FELIZ POR NADA? Grosso modo, é quando a gente descobre que primeiro temos que nos amar, para depois amar o outro. Fundamental. Porque quem se ama não se permite a relações afetivas doentias; nem mata nem morre por amor, porque amor é vida; quem se ama não atrela a vida a outrem, porque se pode ser feliz consigo mesmo - diferente de ser feliz sozinho. Quem se ama não se preocupa com opiniões dos outros acerca das suas atitudes. Quem se ama? Ora, quem se ama é feliz por nada porque serve a si mesmo como um tudo. Egoísmo? De forma alguma. Amar a si mesmo é o princípio e o fim da existência humana na terra. O contrário é a angústia e a solidão de quem vive preocupado em satisfazer os outros; de quem vive correndo excessivamente  atrás de mais dinheiro pra dar vida boa a filhos, esquecendo que eles tem que lutar por suas vidas. De quem deixa de ser ser feliz preocupado com o que os outros vão dizer, etc. Amanhã, quando o "outono" da vida chegar, ninguém vai querer ouvir lamentos que quem passou pela vida e não viveu.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 23/03/2014

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