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sábado, 17 de maio de 2014

Copa do Mundo - A coisa aqui tá preta...




Por Zezinho de Caetés

Eu já estou em clima de Copa do Mundo. Mas, quem não está? Tanto aqueles contra, como  os vimos ontem em polvorosa pela sua não realização no Brasil, quanto os a favor, nos quais me incluo com algumas restrições. É mais do que óbvio que se o Lula, em 2007, partisse dos princípios mais comezinhos de com aplicar com eficiência o dinheiro público, dentro de seus princípios demagógicos de melhorar a vida do que ele chama de povo, a Copa hoje talvez fosse na Venezuela, país que está caindo de maduro. Entretanto, já que “metamorfose ambulante” presidencial já cometeu a mancada, eu penso que devemos deixar as seleções jogar em paz e que o “caneco” seja nosso.

Uso o termo “caneco” por ser ele tanto da minha época quanto da do Ignácio de Loyola Brandão, um dos nossos bons escritores, que escreve sobre o tema no Estadão de ontem (16/05/2014) com o título bastante literário de “Copa e os tons de cinza do Brasil”. Eu já não diria tons de cinza porque a coisa aqui no Brasil está mais para tons de preto mesmo. E nossa copa pode ser um belo fiasco em todos os pontos de vista. Repito, meu caro amigo, o que o Chico Buarque dizia, quando ele ainda sabia fazer música, ou seja muito antes de ser o grande expoente da nossa esquerda caviar: “Aqui na terra 'tão jogando futebol/ Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll/ Uns dias chove, noutros dias bate sol/ Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta....”

Esta semana, morando nesta cidade que o PT quase destruiu, o Recife, vivi momentos de pânico, como toda a população, esperando o próximo saque, devido a greve dos policiais. Greve nos serviços públicos deveriam serem legalmente proibidas, e até parecem que são, mas, no Brasil está se tornando difícil saber o que é legal e o que é ilegal. Quando a presidenta, depois de um movimento social fazer bagunça na porta do Palácio do Planalto, e ao invés de serem punidos, são recebidos por ela em audiência, e trocarem salamaleques, a coisa fica mais preta ainda. Para mim é a Democracia e o Estado de Direito que estão em jogo. E nisso, nós que zelamos por esta democracia ainda incipiente, conquistada a duras penas, nos últimos 25 anos, não devemos cochilar.

E, pasmem, enquanto a população perdia um dia de trabalho com medo, o nosso ex-governador, agora em busca da presidência, viaja para São Paulo, como se nada tivesse a ver com isto. Resultado, os petistas já começam a dizer que se não fosse a Dilma o caos estaria muito maior. Ontem, dizem que terminou a greve da polícia, e hoje, o que será de nós? Dizem que houve sete mortes relacionadas com esta greve, imaginem se amanhã os coveiros entrarem em greve. O que sei, é que, em grande parte, tudo isto foi gerado pelo clima da Copa do Mundo do PT, que segundo a presidenta será a Copa das Copas. Seria ótimo se isto fosse verdade, mas, o que se espera, pelo desempenho em termos de obras é que ela seja a Copa sem Copa. Ou seja, seja mais uma mentira petista, tão maior quando aquela que vi no seu programa eleitoral.

Eu não sei se, ao ver o programa em sua TV de plasma lá na Papuda, o Zé Dirceu gostou daquilo que ouviu do Lula. O meu conterrâneo está se excedendo tanto, que pode até me acusar de ter matado a rolinha que ele matou quando éramos crianças lá em Caetés. No fundo no fundo, seu objetivo é ganhar as eleições, e para isto, os papudeiros mensaleiros que se danem. Para mim que se danem porque são criminosos, mas, mesmo assim não merecem ser tratados assim por alguém que tem o rabo mais preso do que eles.

Mas, fiquem com o texto mais ameno do Loyola Brandão, sempre trocando os tons de cinza por tons de preto, pois a coisa realmente está preta. Mesmo assim vou tentar chegar à Arena Pernambuco para ver um jogo da Copa, se houver Copa, e na esperança de que dentro de campo a seleção esqueça o pé frio do Lula.

“Na minha idade, segui muitas Copas do mundo com entusiasmo e alegria, participando da corrente geral que tomava o País e nos fazia rir, nos fazia crer, nos fazia torcer. Não me lembro de 1954, mas de 1958 em diante, repórter geral, aderi ao entusiasmo que coloria e arrastava o Brasil de ponta a ponta na época da Copa. Meses de risos, otimismo, ironias, brincadeiras. Quase na véspera então, fosse onde fosse, as janelas se tornavam verde-amarelas, ruas e muros pintados, grafites por toda a parte, faixas imensas desciam do alto dos edifícios, bandeirinhas nos carros, banners por toda a parte. Havia apostas, farras nos bares, bons compositores criavam hinos louvatórios. Muita gente ainda canta "pra frente Brasil, salve a seleção". Ainda canta os "milhões em ação, salve a seleção". E são refrões de 40 anos atrás, quando havia ditadura. Onde está a música desta Copa? Até agora, ouvimos canção oficial da Fifa, chocha, tola, sem pegar nos nervos. Lembram-se das notícias mostrando o povo correndo para comprar televisores? O povo corria às lojas, era um tsunami. Os estoques se acabavam. Não vi nada até este momento, os televisores estão à espera de compradores.

Agora, é democracia, os jogos serão aqui, e o que vejo é um Brasil furioso, raivoso, irritado, desesperançado, arrasado, colérico, ressentido, zangado, magoado, amuado, com dentes cerrados. Não se fala nos jogos, nos adversários, não se aposta em quem vai ser campeão. A maior parte da estrutura está inacabada. Junte-se a isso uma epidemia de dengue e o ministro da Saúde desaparecido. Claro, aprendeu com Lula, não sei de nada, não vi nada, não ouvi nada. Melancolia. Concordo que os protestos deveriam ter sido sete anos atrás quando se decidiu que a Copa seria aqui, para glória de Lula Supremo, o rei sol. O povo não tem pão, saúde, educação? Que coma brioches, então!

Vi pelos telejornais um fato meio ridículo. A discussão se vai ser feriado ou não nos dias de jogo. Há capitais e municípios querendo votar leis. Porque se for feriado, terá de ser por lei votada pelas Câmaras. Coisa de gente que parece não conhecer o Brasil, a história, o nosso povo. Acaso nas últimas copas alguém decretou feriado? Acaso alguém, nos dias de jogo, foi trabalhar? Algum caxias (neste caso não sei se devo escrever com C maiúsculo ou minúsculo. Socorro Pasquale Cipro Neto), algum puxa-saco, alguém brigado com a mulher foi ou vai trabalhar em dia de jogo? Alguém trabalha no carnaval? Vá, vá, vá, como dizia minha avó Branca, quando queria desdenhar de alguma coisa. Copa é igual carnaval, a gente entrega a Deus.

Ou será que é um pouco cedo? A festa vai contagiar? Nunca uma seleção teve a obrigação de ganhar como agora. Que Santo Expedito e São Judas Tadeu, patronos das causas impossíveis, zelem por nós. Faltam alguns dias. Que tudo dê certo e que a gente ganhe o caneco, como se dizia antigamente. Mesmo sem o fervor, o entusiasmo, a loucura, a farra. O Brasil está cinzento, todo mundo estourando por dá cá aquela palha Brasil. Estamos iguais à Rússia e Ucrânia, dentes de fora.


Ocupei espaço com a desesperança e o abatimento, quando queria falar muito da Flipiri, a sexta festa Literária de Pirenópolis, em Goiás. Já firmada no calendário cultural. Ainda farei isso, porque muita coisa boa acontece lá, envolvendo toda a cidade, todas as escolas, todos os professores. Flipiri e a Jornada de Passo Fundo são exemplos de como essas semanas têm o pé na realidade e na necessidade de formar leitores. Eles envolvem alunos do Fundamental para cima. Em Pirenópolis, foram recebidos com alegria 60 escritores, contadores de histórias, músicos, dançarinos. Quero falar de Iris Borges, sonhadora, idealista, pragmática, um "trator" que move céus e terras e realiza a Flipiri, ano a ano, com uma verba mínima de algumas poucas centenas de milhares de reais. Milagre, milagre, digo cada vez que vou lá e vejo o resultado.”

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