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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Pernambuco, Vitalino e Virgulino.




Por Carlos Sena (*)

Pernambuco dá de tudo. Mesmo que não se plante dá. O que mais gosto no “dá de tudo” de lá é quem nem tudo que lá se dá é de tudo, ou de todos. Pernambuco dá desde sua história de lutas libertárias; dá um banho de sentimento pátrio quando, em Olinda, Bernardo Vieira dá o primeiro grito da República brasileira. É mesmo um estado dado: dá um Vitalino que exportou sua arte figurativa para o mundo. Dá também um Virgulino – o nosso lampião. Acerca dele sempre me pairou dúvidas do seu nome. Teria sido ele uma vírgula sonora que ao invés de tocar sanfona tocava violino? Ou esse nome se deu porque ele, como uma vírgula, era meio um sopro para se esconder das volantes? Pernambuco  dá isso também: nomes esquisitos e nomes poéticos: Rua da Saudade, da Harmonia, da União – algumas ruas inspiradoras dos famosos frevos de bloco. Dá nomes esquisitos como Garanhuns – cidade de clima frio que serviu de abrigo para aquela família antropófaga que matava gente e depois vendia a carne processada como recheios de coxinhas lembram? Nessa trilha “dada”, o estado se dá ao luxo de ter clima frio meio europeu como na cidade de Triunfo, Gravatá e a própria Garanhuns, concomitante ao sol escaldante do sertão... Pernambuco dá outras peculiaridades para o mundo: a Rádio Jornal do Comércio que, definitivamente e agora mais que nunca FALA PARA O MUNDO. Pela vocação de dar, deu para o mundo seu Lua, o nosso Gonzaga rei do baião. Deu Zé Bias – uma versão piorada de seu Lunga – personagem abusado de respostas na ponta da língua ferina, cuja fama tomou conta em todo Nordeste. Ô NOR, Deste? Deu sim. Tal qual Ta-Deu, ele deu: deu um presidente da república – um retirante da seca chamado LULA... Deu também calça e sutiã, deu Madame Satã e, sem revide, Pernambuco deu Nelson, não o Gonçalves, mas o Rodrigues. Aqui dá Perna, mas dá Buco. A mulher abrindo a perna e o homem buco, buco, buco... Pernambuco  dá até o que não tem: deu pro mundo Ariano Suassuna que da Paraíba saiu e lá se fincou para ser conhecido no mundo. Arriando sua sunga, Pernambuco dá praia e dá rio, dá calor e dá frio – calafrio com a violência inclemente que nas ruas se oferta em grosso foi e varejo. No Brasil colônia Pernambuco logo deu cana de açúcar por conta do solo massapê que aqui abunda. Abunda aqui, enquanto há bundas no cais do porto morto de saudades do tempo em que no Recife se dava no baixo meretrício do bairro, hoje chique, chamado Recife antigo. Pernambuco dá pra quem quiser, mas dá independente da querência do povo: deu Alceu e deu Valença. Deu Lia e não deu Itamaracá. Deu Reginaldo, mas não deu ao Rossi que virou padre. Pernambuco é dado, mas não é Bozó. Mas dá jogo e dá jogatina por aqui também. Joga-se no bicho, mas,  na bicha se joga bosta como se Gení fosse. Pernambuco deu bolo e deu rola. Bolo de rolo cuja fama saiu do país afora, mas deu a rola que Gonzaga cantou: “tenho pena da rolinha que o menino matou”... Pernambuco dá de tudo e não fica refém, dá inclusive pro mundo NOVA JERUSALÉM. A ultima noticia que Pernambuco deu  foi a notícia de um Advogado que foi coveiro e que, depois de formado estuda no cemitério para fazer a prova da OAB. Quem não acreditar vá lá pra ver. Mas se quiser mais saber acerca do que mais se dão em Pernambuco, as mulheres de Tejucopaco também dão: água quente nos ouvidos dos maridos traidores – lembrança dos Holandeses que elas expulsaram com panela e  água fervente... Pois é. Aqui se plantando tudo dá, inclusive tapa na cara de gente safada que nos visita e quer desdenhar do nosso povo.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 28/04/2013

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