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segunda-feira, 17 de junho de 2013

DIA DO DIA DO DIA.




Por Ademir Ferraz (*)

Não sabia eu que hoje era comemorado o tal dia dos namorados até uma amiga mandar-me parabéns. Não entendi, mas alertou-me para uma questão. Dia dos namorados, dos ficantes, dos amantes avulsos, da mulher, do marido, da filha, do filho... Não sei mais do que se trata. Em dado momento somos namorados e em outro somos amantes. Num instante namorado não faz sexo, noutro sem sexo não há namoro. Há um quê de “esdruxilidade“ permeando as características seja dos sentimentos, seja da normativa dos sentidos. Nesta linha, o garoto esfomeado, nas portas ébrias dos bares sonolentos dizia: Professor “to aí no carro”. Depois de um tempo em que todo mundo já professava, veio o patrão. Patrão “to aí no carro”. Quando não mais existiam trabalhadores, pois todo mundo era patrão, veio o Doutor. O pós-doctor não é título, então ou se fica aí ou recomeça o ciclo. Analiticamente há um entrelace entre as duas coisas: Dia disso e título por veículo, ou não. Se observarmos outras datas como dia da mãe (Abro parênteses para dizer que um deputado propôs dia da avó, e eu não conheço avó que não tenha sido mãe) e volto para o dia de sua mãe, da minha ou das duas. Não há a menor importância de quem, de fato, é o dia. Dia das mães deveria ser, pelo menos o é para mim, todos os dias. Mas as coisas esdrúxulas fenecem na paixão pela mediocridade das idéias, de tal forma que no dia da mulher ai de quem não parabenizar. Assim, ou o homem fica com 365 dias e a mulher com um, ou o ano passa para 366 dias. A menoridade humana da qual fala Kant conjugada com idéias buberianas e terrenas, vai bem nesta direção: Clonar um dia para esquecer os outros em um paradoxo cansado, mas muito feliz! A clonagem não é de seu José nem de dona Maria da esquina. Esta duplicidade de datas vem dos grandes comerciantes, nasce no seio dos grandes economistas para produção de mais riqueza dos 10% que sabem tirar vantagem dos demais 90%. É como se estes 90% de mulheres e homens teimassem em não tomar nas mãos a feitura de seu conhecimento, mas, ao contrario, permanecessem reféns impensantes dos que usam sua pobreza mental para fazer dinheiro. Finalmente, se casamento é uma instituição falida, pelo menos é uma coisa. Mas e o namoro, que tipo de instituição é, se é que é!

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(*) Publicado originalmente no Facebook

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