A semana - Ainda o Bolsa Família e a marca de batom

Por Zé Carlos

Confesso que não gostei do filme da UOL desta semana. Não, não é apenas porque não seja relevante ou porque não seja engraçado. É que a peça desfaz uma tradição brasileira de que um fato não pode ser uma piada por mais do que 5 minutos, sem que outra surja e tome seu lugar. Ele ainda bate na questão do Bolsa Família e do pseudo boato “criminoso”, que assolou o país na semana anterior. Mesmo que a ênfase seja em outros aspectos, já não dá mais para rir muito.

A explicação para a repetição deve ter sido o feriado de Corpus Christi, que gera sempre um feriado prolongado que já afeta mesmo os calendários turísticos do país. Não adianta dizer que sexta-feira não é feriado, quando é feriado na quinta-feira, porque os funcionários públicos não obedecem mesmo, e contaminam a atividade privada com o ócio remunerado, porque ninguém é de ferro. E a equipe produtora do filme deve ter ido assistir ao Homem de Ferro 3, para ver se conseguiria ser de ferro. Não conseguiu.

Aqui em Pernambuco, a coisa é mesmo pior. Dizem que o feriado foi trocado pelo dia de São João. Uma troca que só teve vantagem para os servidores públicos, que fingem não trocar o dia, gozando o feriado de Corpus Christi, e no dia de São João dizem que esqueceram de trocar o feriado e agora e se apegam ao ócio remunerado também para pular a fogueira.

Aliás, como o filme não é dos melhores mesmo, para comentários, tratemos do assunto maior da semana e do mês: As festas juninas. Eu me lembro, lá em Bom Conselho, das brincadeiras deste mês, que, praticamente, se concentravam no dia 23 de junho, a chamada véspera de São João, onde se acendiam as fogueiras e se soltavam fogos com a potência dos traques de chumbo. Velhos tempos, belos dias.

Com o passar do tempo, o São João foi esticando, esticando, esticando, e hoje já se faz uma festa na cidade que dura 10 dias sem parar, e o povo dança, dança e canta, ao som de conjuntos que cobram uma fortuna para se apresentar. É o Forróbom, que já é um evento fixo no calendário turístico de Bom Conselho, como são as festas religiosas. Tornou-se um evento turísticos político como em todos os outros municípios.

Dizem até que não é o Bolsa Família o fator decisivo para as eleições municipais na cidade, mas o Forróbom. E nem mesmo é o evento em si. O que elege o prefeito agora é o tipo de atração que se traz para o evento. Por exemplo, se for no último ano de governo, a Elba Ramalho daria mais 20% de chance de reeleição do prefeito. Pesquisas feitas em outros municípios já mostram que, para Ivete Sangalo, o percentual chega a 100%. Se isto é verdade os prefeitos da época Forróbom escolheram mal as atrações do Forróbom, pois até agora nenhum foi reeleito. O atual prefeito, já começou com Elba e se for verdade a profecia, em 2016 teremos a Ivete.

Bem, mas nada disto está no filme, que, para coroar sua ruindade esta semana, fala de uma marca de batom que uma fã deixou na camisa de Obama, e ele, dentro daquele estilo de sinceridade presidencial americana faz piada sobre o fato, não querendo que a Michelle, sua esposa, fique com ciúme da marca. Naquele país, marca de batom na camisa, mesmo que seja feita por estagiárias, pode dar até impeachment. Aqui no Brasil, mesmo marca na cueca, não dá em nada de negativo. Pelo contrário, serve para encobrir mais o dinheiro que nela se carrega.

Fiquem com o resumo do filme pela equipe da UOL e vejam o filme abaixo e vejam se gostam mais do que eu. Assim espero.

“Um comercial da Caixa Econômica Federal mostra uma criança chamada Dudu falando suas primeiras palavras. Então sua irmã fala "Gente, Dudu tá lendo". A fala virou viral na internet, mas na vida real, a Caixa está dando muito mais o que falar do que só as frases do Dudu. Depois da confusão com o Bolsa Família, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, admitiu que o banco repassou informação equivocada sobre a liberação de todos os pagamentos do Bolsa Família e pediu desculpas. O presidente Barack Obama também está procurando desculpas para justificar marcas de batom no seu colarinho.”