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terça-feira, 12 de março de 2013

MANÉ, ADEUS!





Por José Antonio Taveira Belo / Zerinho

Mais uma vez fui surpreendido por um telefonema na tarde do domingo, dia 03, quando a Lú com a sua voz embargada e chorosa, comunicou que Mané seu marido havia falecido no Hospital Alfa, dizendo – Taveira, meu velho se foi agora mesmo para a vida eterna – Estava sofrendo muito -. Mais uma vez fiquei em silencio. A tristeza invadiu o meu coração. Grande companheiro se despediu deste mundo. Partiu para a eternidade, deixando saudades nos amigos que conviveram com ele neste tempo temporal. Estive com ele em sua casa na quarta feira, e o vi muito fraco, já não reconhecendo ninguém. Esquelético em cima de uma cama de olhos fechados. Mal se mexia. Aquela cena me trouxe a memória o que foi Mané em tempos atrás. Fiquei comovido ao sair do quarto onde ele estava fraquinho, sem reação nenhuma. E pensei como os meus botões - Quem te viu e quem te vê -.

 Conheci o casal Manoel José Demetrio da Silva, apelidado de Mané, por ocasião de nossa participação no Encontro de Casais com Cristo - ECC, da Paróquia de São Francisco do Rio Doce, em 1990. O casal Mané e Lú, este é o termo usado durante o ECC que nos deu força para p trabalho pastoral junto aos casais da comunidade.  Foi o nosso coordenador de “Círculos”. Injetou em nossos corações ao amor a vida e a Cristo, nos seus pronunciamentos nas reuniões. Estreitamos os nossos laços de amizades e compartilhamos com todos os projetos de suas vidas. Mané, como era conhecido carinhosamente na Paróquia, era um entusiasta pela religiosidade. Formado em Economia e Ciências Contábeis, pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE contribuiu com a nossa Paróquia ao elaborar programa de finanças e administrativa. Trabalhava incansavelmente em prol dos mais necessitados. Tornou-se um missionário consciente, trabalhando incessantemente, na favela “Ilha do Rato”, hoje, Ilha de Santana, fazendo uso da sua palavra, como bom orador que era da palavra de Deus para aquela comunidade pobre e carente. Era bem quisto na favela. Tinha livre transito na comunidade, aconselhando um e outro que precisava da sua ajuda. Como Ministro da Sagrada Comunhão visitava os enfermos levando o viático para aqueles que não podia ir ate a igreja, Era um peregrino. Não havia tempo “ruim” para ele quando chamado para a missão que fizesse sol ou chuva lá estava pronto. Passou seria dificuldades para se aposentar o que lhe fez ficar encabulado pelo desprezo do INSS que não quis aceitar o tempo de trabalho que realizou na Prefeitura Municipal do Paulista. Precisou contratar um advogado para exigir os seus direitos, passando anos nesta angustia. Neste período de depressão adquiriu a “diabete” que lhe custou o abandono das coisas que mais desejava, andar pelas ruas e visitar os amigos. Esta doença fato foi lhe tirando a visão, que por pouco não o deixava um deficiente visual. Neste ínterim foi acometido do Mal de Alzheimer e a sua saúde ficou mais comprometida e debilitada.  Comemorou com uma alegria extraordinária dizendo – justiça tarda mais não falha – quando ganhou a causa na justiça, sendo o INSS obrigado a lhe aposentar com todos os direitos lhe pagando todo o tempo retroativo. Foi uma alegria muita grande.  Reformou o seu apartamento, pagou as suas dividas, que eram muitas, ajudou os filhos financeiramente, mas a doença não lhe deixou realizar os seus sonhos de viajar, conhecer outras terras, principalmente, as cidades santuários do Brasil. Falava muito no Santuário de Aparecida e de Trindade – Pai Eterno, em Trindade/Goiás. Mas Deus traçou outros planos para mim, disse ele certa vez. Estou conformado. O que posso fazer para amenizar a doença? Tomar os medicamentos que foram dados pelo médico e nada mais. Não, não posso me queixar, seja o que Deus quiser. Agradecer a Deus tudo que me deu uma bela família que compartilha do meu sofrimento. Dois amigos aqueles que me visitam e oram pelo restabelecimento de minha saúde. Enquanto estou aqui na terra continuo a confirmar a minha fé inabalável na Santíssima Trindade. A nossa mãe, a Virgem Santíssima é que me acolhe nos seus braços. O que mais eu quero? Apenas fortificar a minha fé na convicção que Deus dá ao ser humano a provação do sofrimento, a fim de que possamos ser mais humanos e mais fraternos. Dizia, ainda, nada se leva deste mundo se não forem às boas obras que você realiza. Nesta vida deixei muita a desejar, deveria ter sido mais compreensivo, mais caridoso e mais fraterno. Como ser humano, foi e é um pecador e não poderia ser de outra forma, mas me esforcei para melhorar a minha vida. E agora, Taveira, meu amigo estou de partida. Disse-me certa vez, no inicio da doença que o acometeu. Partiu. Foi sepultado no Cemitério de Santo Amaro, em uma cova aberta em terreno no meio dos túmulos. Não tinha numero apenas o seu filho riscou – Descanse em Paz!

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