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terça-feira, 26 de março de 2013

Antevendo o futuro





Por Zezinho de Caetés

Semana passada, exatamente no dia de São José, eu li, no O Globo, um artigo de um economista jovem, o Rodrigo Constantino, com o qual me deliciei. E não foi só pela sua capacidade de expressão que alguns dos meu professores tinham, mas hoje não se encontra mais nos economistas mais jovens, com frequência. E mesmo em alguns antigos, pois a presidenta é economista,  e se ela escreve como fala, deve ser um desastre.

Foi, principalmente, pela viagem que ele fez junto comigo pela história da chamada Nova República, sobre a qual, minha geração pôs tanta esperança.

E ele começou me lembrando as lágrimas da Maria da Conceição Tavares durante a implantação do Plano Cruzado. Para os mais jovens, e devo ter alguns leitores assim, eu relembro um pouco o que foi este plano, ainda rindo do papel ridículo daquela economista portuguesa.

Em 1986, com o que foi herdado do regime militar, veio uma bagunça tremenda em nossa economia, com inflação galopante e uma tal de correção monetária que foi uma espécie de tentativa de conviver com o monstro inflacionário e ao mesmo tempo fingir que ele não existia. Era algo que alguém mais realista diria que não daria certo. Mas, eram tempos politicamente difíceis e sem ideias novas.

O Sarney, chamado abaixo, no texto do Constantino, de bigodudo, que era o presidente, resolveu colocar um ponto final na bagunça, e o que fez?  Em resumo: Congelou os preços de tudo a partir de um belo dia. Então se a mandioca valia alguma coisa naquele dia, continuaria valendo pelo tempo afora. Congelou a Taxa de Câmbio. Isto é, dali para frente nossa moeda, que passou a ser o Cruzado, teria o mesmo valor em relação ao dólar e outras moedas, parecia, até para sempre. Congelou os salários e colocou a violência na política econômica inventando um tal de “gatilho salarial” que não era, como alguns jovens podem pensar, algo matasse os empresários a curto prazo. Na realidade foi preciso um tempo para que todos quase morressem.

O grande fiasco deste plano como já é mais do que sabido, embora esquecido pelos responsáveis pela política econômica atual, foi tentar mexer com o mercado naquilo que lhe é essencial: a formação dos preços.

As pessoas pensam que os preços dos bens e serviços são castigos que os empresários impõem aos consumidores e que se os diminuirmos ou congelá-los estão fazendo um grande bem ao povo e principalmente aos pobres. Ledo engano por que passam ainda hoje os sósias do Perfeito Idiota da América Latina. E o pior, acham que os salários são a bênção universal para o bem do povo, então por que não aumentá-los.

Se esquecem, e como se esquecem, que, como a natureza, a sociedade e a economia têm suas forças incontroláveis e para domá-las, o remédio maior é o aumento da produtividade dos que produzem, que dependem muito da infraestrutura física e social, no final tudo ficando com a educação e conhecimento do seu povo. Povo educado tem governo eficiente, pelo menos que não atrapalha aqueles que querem produzir.

Mas, leiam o texto abaixo que o autor chamou de “De volta ao passado”, e só para ser um imitador barato eu chamo o meu, como vocês viram lá em cima. Viagem e preparem-se para turbulência.

“Acelerei a minha máquina do tempo DeLorean e regressei aos anos 80. Às vezes, precisamos mergulhar no passado para prever o futuro.

Um senhor bigodudo era o presidente. Vi na televisão o anúncio de um novo plano econômico, chamado “Cruzado”. Entre as principais medidas, estava o congelamento de preços e da taxa de câmbio. Maria da Conceição Tavares, assessora do Ministério do Planejamento, chorou de emoção diante das câmeras da TV Globo. Literalmente.

A euforia era contagiante. Muitos pensavam que um novo Brasil estava sendo construído, mais justo e mais próspero. Mas a realidade...

Essa ingrata não permite que as leis econômicas se submetam aos caprichos políticos. O congelamento de preços levou à escassez, e nas prateleiras começaram a faltar produtos. O que fazer?

Claro que a culpa só podia ser da ganância dos empresários, esses insensíveis que só querem lucrar. Mas o homem do bigode tinha a solução: caçar bois no pasto! Afinal de contas, não podemos deixar faltar carne no açougue. Há estabelecimentos desrespeitando o preço tabelado? Simples: fiscais do governo para controlar esses perversos!

Alguns economistas coçavam a cabeça, perplexos. Eles sabiam que nada daquilo funcionaria. Não se ignora as leis econômicas impunemente.

Não eram os “desenvolvimentistas” da Unicamp, os mercantilistas ou os adeptos da “teoria da dependência”. Esses tinham receitas parecidas, pensando que o governo é uma espécie de sábio clarividente que pode simplesmente decretar o progresso da nação.

Mas o importante é constatar que havia lucidez em meio a tanta euforia irracional. Infelizmente, tal como Cassandra, seus alertas eram ignorados. A turma estava empolgada demais com o futuro prometido, com a sensação de esperança. Apontar que o rei está nu é estragar a festa de muita gente míope e embriagada.

Após essa experiência nostálgica, retornei ao presente. Liguei a TV e vi que o bigodudo ainda estava lá, com tanto ou mais poder concentrado nele. Vi também que aquela mesma economista com sotaque de Portugal era extremamente respeitada e vista como uma mentora pela própria presidente. “Memória curta dessa gente”, pensei.

Depois notei que nossa taxa de câmbio praticamente não oscila mais, e que a inflação fica acima da meta o tempo todo, mesmo com crescimento pífio da economia. Mas o Banco Central nada faz, preferindo manter a taxa de juros reduzida, claramente por razões eleitoreiras.

Em seguida, vi o ministro Guido Mantega avisando que iria fiscalizar se as desonerações fiscais eram mesmo repassadas para o preço final. Déjà Vu! Tive calafrios na espinha.

Quer dizer que o próprio governo faz de tudo para despertar o dragão inflacionário, estimulando o crédito público, criando barreiras protecionistas, aumentando gastos, reduzindo artificialmente os juros, e depois pensa que vai segurar a inflação com fiscalização?

Qual será o próximo passo? Recriar a Sunab? Fazer uma campanha difamatória contra os empresários? Criar os “fiscais da Dilma”, usando senhoras com tabelas nos mercados? Manipular os índices oficiais de inflação?

É uma visão assustadora, um flashback de um filme de quinta categoria que já conhecemos e sabemos como termina.

Quem não tem idade suficiente ou não tem boa memória, basta olhar para o lado e ver o presente da Argentina. O novo Papa pode ser argentino, mas sem dúvida Deus não o é, caso contrário não permitira que o casal K ficasse tanto tempo no poder causando esse estrago todo.

Mas, pelo andar da carruagem, não poderemos zombar dos “hermanos” por muito mais tempo. O governo petista tem feito de tudo para alcançar as trapalhadas deles. E não adianta culpar fatores exógenos, pois dessa vez não vai colar. O Peru, a Colômbia e o Chile, com modelos diferentes e mais liberais, crescem muito mais com bem menos inflação. Nossos males são “made in Brazil”, fruto da incompetência da equipe econômica e da própria presidente.

Finalmente, liguei o rádio e ouvi um ex-ministro tucano endossando a ideia de que era, sim, preciso fiscalizar os donos dos estabelecimentos, para não permitir aumentos de preços. Depois vi que o PSDB fazia uma campanha não pela privatização, mas pela “reestatização” da Petrobras, quase destruída pelo PT.

Quando lembrei que essa é a nossa “oposição” a este modelo terrível que está aí, peguei minha DeLorean e ajustei a data para 2030, na esperança de que lá teremos opções realmente liberais contra essa hegemonia de esquerda predominante no Brasil atual.”

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