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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Como seria uma delação do Lula ou da Dilma?




Por Zezinho de Caetés

Como dizia o Odorico Paraguassu, de saudosa memória: “É com alma lavada e enxaguada” de vergonha que vejo surgir mais delações a cada dia que passa, mostrando como se faz política neste Brasil. Havia uma cantiga infantil em minha, hoje, longínqua Caetés que começava: “Pai Francisco entrou na roda, levando o seu violão...” (vejam lá embaixo a cantiga no vídeo).

Parodiando, hoje se cantar-se-ia assim: “Michel Temer entrou na roda, levando a corrupção...”. Mas, é bom se dizer que com o levantamento do sigilo da delação do  que chamam de Juruna Machado, não seria só o Termer que serviria para fazer paródia. Hoje tem tanta gente enrolada que daria para fazer várias rodas ao redor das fogueiras juninas. Até Marina viria de vestidinho de chita.

Mas, enquanto eu comparo os fatos com cantigas de roda, o Josias de Souza aproveita o próprio Sérgio Machado, usando uma coisa mais adulta para fazer comparações, no texto abaixo transcrito, que usa como título uma frase do maior delator do Brasil, até agora: “A madame mais honesta dos cabarés do Brasil”, referindo à Petrobrás e tentando dizer que em relação a outras fontes de propinas, a Petrocabaré é uma senhora recatada e do lar.

É muito difícil de saber até onde irão as delações, e eu fico pensando se o Cunha for preso e resolver delatar, o que ele poderia dizer? Ficaria algum congressista de fora ou todos entrariam na roda com o Pai Francisco? E, se o Lula, ao contrário de Dirceu, quando for preso, resolver delatar? Eu já digo que, se ele disser que roubava frutas comigo lá pelos sítios de Caetés, é mentira, e que não me lembro de ter andado como ele na época.

No entanto, se o Lula resolver delatar, o Sérgio Moro não aceitará o acordo de delação se ele só incluir políticos do Brasil. Só fechará o acordo se ele entrar logo falando de figuras internacionais, como por exemplo, dizendo quanto o Obama levou para dizer que ele era o “cara”. Ou, dizer que o Papa Francisco deve a eleição ao dinheiro da OAS e Odebrecht. Ou seja, se houver uma delação do Lula, como diria o Galvão Bueno: “Acabou, acabou...”. Não vai ter mais tornozeleira eletrônica para ninguém.

Eu penso, ser por isso que a ex-presidenta e Lula estão disputando quem vai ser preso primeiro. Pois ambos sabem das mesmas coisas e falcatruas ocorridas em seus governos, pois como é sabido a Dilma era o Lula de saias, com mais neurônios, sem ofensa as mulheres. Já pensou ambos numa sala fazendo delação premiada simultânea? A frase mais ouvida seria: “Foi você!!!!”. E deixaria o Moro na maior indecisão. O que não seria bom para a operação lava jato.

No entanto, pela história, como conta o Tuma Jr., Lula nunca foi delator, ele era apenas informante do Golbery, e Dilma pelo que se sabe, não delator ninguém durante o período que ela diz ter sido torturada. Talvez, o Sérgio Moro, esperto como quê, os convença de que eles não irão delator e sim apenas informar, em troca de uma tornozeleira eletrônica, se o papel do “Bessias” era verdadeiro ou falso.

Agora fiquem com o Josias de Souza, para os detalhes que envolve a Petrocabaré. Depois, vejam o vídeo e concluam se o Aécio também entrou na roda.

“O delator Sérgio Machado prestou 13 depoimentos à força-tarefa brasiliense da Lava Jato. Transcritas, suas revelações encheram 400 páginas. Cobrem de Temer a Aécio. Certos trechos só deveriam ser exibidos na tevê depois da meia noite. E vendidos em jornais envoltos em sacos plásticos. A política, como se sabe, é a segunda profissão mais antiga do mundo. Mas o ex-presidente da Transpetro demonstrou que, no Brasil, ela se parece muito com a primeira.

A certa altura, Machado referiu-se à Petrobras como “a madame mais honesta dos cabarés do Brasil''. Os inquiridores estranharam. E o depoente: “Era um organismo estatal bastante regulamentado e disciplinado''. A perver$ão é maior noutros órgãos, onde vigoram “práticas menos ortodoxas''. Machado empilhou exemplos: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Docas, Banco do Nordeste, Fundação Nacional de Saúde, Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Departamento Nacional de Obras Contra as Secas…

Lendo-se os depoimentos de Machado, percebe-se que a suruba estatal dos dias atuais é muito parecida com a de antigamente. A diferença é que o PT, ao deixar a história para cair na vida, esforçou-se demais para demonstrar que não estava imune às tentações alheias. Entregou-se com tal volúpia aos prazeres do poder despudorado, que expandiu demais a orgia e esqueceu de fechar a janela. Adorou as alianças esdrúxulas. E percebeu que a volta às origens, além de indesejada, era impossível. Castidade, como a virgindade, não dá segunda safra.

Noves fora a diferença de escala, o ex-tucano Sérgio Machado disse que desde 1946 havia um padrão segundo o qual os empresários incorporavam em seus orçamentos um certo “custo político” —eufemismo para o ‘por fora’, o ‘quanto eu levo nisso?’. Variava conforme o ente da federação: 3% do valor dos contratos firmados com o governo federal, 5% a 10% nos negócios fechados com governos estaduais e 30% nas transações municipais.

Nos bordeis do Estado, pratica-se a suruba às avessas. A Viúva paga para ser violada. Se a Petrobras é “a madame mais honesta”, imagine-se o que sucede nos outros cabarés. Machado disse ter repassado propinas a 23 políticos de seis partidos. Apenas para os pajés do PMDB, sua tribo, entregou mais de R$ 100 milhões durante os 12 anos em que presidiu o balcão da Transpetro.

Sob Machado, “madame” era especialmente dadivosa com seus padrinhos do PMDB do Senado: Renan (R$ 32 milhões), Lobão (R$ 24 milhões), Jucá (R$ 21 milhões), Sarney (R$ 18 milhões), Jáder (R$ 4,2 milhões)… No cabaré gerido por Machado, Renan tinha tratamento diferenciado. Chegou a morder uma mesada de R$ 300 mil. Em anos eleitorais, a cifra engordava.

Dilma não respeita delatores. Lula adomina vazamentos. Mas o petismo adorou a veiculação dos depoimentos de Sérgio Machado. Gostou especialmente do trecho em que ele contou que Michel Temer lhe pediu R$ 1,5 milhão em verbas de má origem, para a campanha paulistana de Gabriel Chalita, em 2012. “É a reversão do impeachment”, celebrou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), como se nada tivesse sido descoberto sobre o partido dele.

Se a Lava Jato ensinou alguma coisa foi o seguinte: quem tem telhado de vidro não deve criticar a permissividade do cabaré do lado. Vem daí o silêncio da banda muda do Congresso, que convive com Cunhas, Renans, Jucás, Jáderes e dezenas de etcéteras que privaram do prazer grupal propiciado pela “madame mais honesta dos cabarés do Brasil.” A política brasileira sobrevive porque não presta atenção às suas impossibilidades. Nesse meio, a desonestidade deixou de ser exceção. Tornou-se um estilo de vida.”


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