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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Catolicismo, política e inflação




Zezinho de Caetés

Ainda não me desfiz de todos os efeitos do carnaval. Inclusive, aquela sensação de inutilidade que persiste quando tentamos voltar ao batente e escrever sobre o Brasil. Parece que perdemos uma semana de trabalho. E é isto mesmo o que aconteceu. Mas, se seguirmos ao pé da letra o que Deus disse a Adão, depois de ter comido a maçã, e a Eva, por ter gostado disto, que agora teremos que ganhar o sustento com o suor do nosso rosto, não sobraria energia para ganharmos nosso sustento. Pelo menos, o suor, correndo pelas ladeiras de Olinda, pode justificar que não estou desobedecendo a Deus.

Começo com este introito bíblico para  que vocês leiam o texto abaixo, do Percival Puggina, em seu site, publicado no último dia 09/02/2015, com título “Devoção a nossa senhora presidenta”. Leiam-no e eu voltarei lá embaixo para fazer o ato de contrição. (O que está destacado em itálico são citações do Puggina, e o que o que está em itálico é do próprio autor)

“Em 2014 acompanhamos um intenso período eleitoral, onde a reeleição da Presidenta da República, Dilma Rousseff, foi conquistada com muita luta e ação da militância na rua. Agora é tempo de organizar a casa internamente, de compor quadros administrativos do governo e de seguir avançando com a conquista de direitos e de espaços para o povo. Nesse sentido, os movimentos sociais, organizações e conjuntos, protagonistas dessa corrida exitosa se colocam a disposição e manifestam o desejo de participação nas decisões do governo de coalizão que vem se desenhando, afim reafirmar suas lutas, bandeiras e anseios.”

Se você pensou que esse texto fosse de alguma organização juvenil do PT ou do PCdoB, qualificando-se e se disponibilizando para ocupar cargos no governo Dilma, enganou-se. Esses maus tratos ao idioma são as palavras iniciais da Carta Aberta da Pastoral da Juventude da Igreja Católica, divulgada há poucos dias. Tem mais, se você pensou que isso acontece fora do alcance da CNBB, enganou-se novamente. O site da PJ afirma, a quem interessar possa, o vínculo e o apoio que tem da Conferência:

“Merece destaque aqui a presença efetiva da organização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, no Setor Juventude, seja através dos bispos acompanhantes das PJs ou dos assessores e assessoras.  Junto a essa presença e apoio, figura-se com muita importância os centros e institutos de Juventude, que através da Formação, Assessoria e Pesquisa, sempre se colocaram como estrutura de apoio à organização das Pastorais da Juventude“.

Se você pensou que a devoção filial a nossa senhora presidenta é uma peculiaridade dos jovens, com tolerância das autoridades episcopais que os acompanham e daqueles que desde o interior da CNBB os assessoram, errou de novo. A própria Conferência não deixa por menos. O texto a seguir foi extraído da “Análise de Conjuntura” apresentada pela assessoria da CNBB à 20ª Reunião do Conselho Permanente Ampliado, que se reuniu em agosto de 2014 (em plena campanha eleitoral). Tais análises são rotineiras, elaboradas por assessores da entidade e, não raro, contam com a colaboração de membros de governos petistas. Lá pelas tantas, examinando a conjuntura econômica do país, dizem assim os assessores (a íntegra está no site da CNBB, em Publicações):

“A sensação de um clima inflacionário espalhado pela mídia, baseando-se sobre os gastos ditos excessivos, sobretudo sociais, visa difundir um temor da volta da inflação, temor que é responsável por uma difusão da inflação. Entretanto, a taxa de inflação de agosto pode ficar mais baixa ou próxima daquela de julho (0.01%), contrariamente às previsões dos analistas do mercado financeiro. A aproximação das eleições acirra a disputa econômico-financeira entre governo e especuladores. A imprensa não está contribuindo para o debate político-econômico, substituindo a informação pela ideologia da crise permanente. A mídia, porta-voz das elites financeiras, informa que o Brasil está indo à falência. As manchetes dos jornais (impresso e TV) não param de denunciar erros na política governamental que teriam provocado ondas de desconfiança.”

É visível o intuito falsamente profético do texto, bem como a absoluta conversão dos autores à boa nova petista e a seus apóstolos da Papuda. De resto, tem sido assim a história da CNBB e seus organismos há meio século. Só para que não pairem dúvidas sobre a semelhança entre essas falsas profecias e as da “quarta estrela de Jacó”: a inflação nos meses seguintes a julho subiu constantemente de 0,25% a 0,78% e em janeiro pulou para 1,24%. Ah! antes que me esqueça: na conjuntura analisada pelos assessores da CNBB não há uma única palavra sobre corrupção, Petrobras, ou qualquer outro escândalo da pauta nacional.

Este é mais um que se soma às dezenas de artigos nos quais, há décadas e em vão, denuncio os mesmos problemas nas mesmas estruturas da minha Igreja em nosso país.

Tenho declarado aqui que sou um católico genérico, isto é, nasci numa família de católicos, mas nunca fui muito de frequentar as igrejas, a não ser em ocasiões sociais. No entanto, sempre observei, ou pelo menos tenho tentado, seus sacramentos, etc. etc. Confesso, que mesmo isto eu deixei de fazer quando descobri que o PT faliu, e um dos seus grandes fundadores e apoiadores no passado não tão remoto, foram alguns dos principais representantes do catolicismo no Brasil, e que vem falindo junto com ele.

Nada contra padre na política, e até votei em um, o Padre Arruda Câmara, mesmo sendo da ARENA, mas, venhamos e convenhamos, em termos políticos, nossa sagrada madre igreja está mais por fora dos últimos acontecimentos do que a Dilma, que passa o carnaval na Bahia enquanto o seu Ministro da Justiça tenta defender empreiteiro propineiro, em encontros misteriosos. Texto, entre os citados acima, envolvendo o nome da CNBB, nos dá a sensação que a Igreja hoje está mais alienada do que a da Itália no tempo do fascismo. Já não digo o caso da Petrobrás, que ainda está sendo julgado (pela justiça, embora já tenha sido julgado pelo povo, vide pesquisa Datafolha sobre popularidade da Dilma), mas, dizer que a inflação, que corrói o meu suado dinheirinho, não existe, é uma barbaridade, e até um pecado mortal, pois, pelo que me ensinaram, mentir é um pecado mortal, pelo menos antes do Frei Betto.

Vocês julguem por vocês mesmo. Qual o produto que vocês compraram ontem que não tenha tido um preço maior do que o do ano passado? Gasolina? Pão? Frutas? Verduras? Energia Elétrica? Talvez esteja sendo injusto, porque hoje podemos comprar uma TV de 50’’ com preço mais baixo, porque sobrou do Natal. Tudo isto para que o Levy, o Risonho, cumpra a missão da gerenta presidenta de colocar um freio nos gastos que a elegeu o ano passado, para nossa tristeza e com nossa ajuda através das obras superfaturadas pagas com o nosso dinheiro, e que iam parar nos cofres do PT.


Como se trata de pessoas ligadas à igreja católica, seria melhor, antes de falarem que a inflação é um “sensação criada pela mídia”, fazer o cálculo de quanto custa uma hóstia hoje e quanto custava no ano passado. A não ser por milagre de Jesus ou pela intervenção do Papa Francisco, enviando trigo direto de Roma para sua confecção, estou certo que cada vez que um católico, cumpre o sacramento de comungar um vez, pelo menos, a cada ano, hoje está mais caro. E não se enganem, se a Dilma continuar bagunçando a economia como já fez nos últimos 4 anos, não se surpreendam que poderá haver aumento do dízimo ou venda de hóstias. Seria um sacrilégio, eu sei, mas, seria melhor do que nós católicos não pudéssemos cumprir nossos deveres religiosos por causa da inflação. E que Deus nos proteja!

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