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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

De quem seria o tríplex do Guarujá, se não é do Lula?




Por Zezinho de Caetés

Hoje acordei com a notícia de que a defesa de Lula pede 55 dias para provar que o tríplex do Guarujá não é dele, e assim se livrar das garras do juiz Moro, pelo menos, quanto a este ponto. Não pensem, no entanto, que isto inclui todas as coisas que pesam sobre meu conterrâneo, que, até agora, está mudo quanto ao resultado das eleições municipais, onde o PT foi morto e enterrado.

Ora, se eu fosse o Sérgio Moro proporia uma boa transação aos seus advogados: “Deixem o Lula ficar aqui na carceragem em Curitiba enquanto vocês tentam provar que o apartamento não é dele, e eu lhes darei 55 anos para conseguir fazer isto”.

Será que o Lula aceitaria a barganha? Claro que não, porque o que se está querendo é protelar a quase inevitável prisão de Lula, pelo conjunto da obra. E, sendo justo, poder-se-ia dizer que não foi só o  Lula que tentou ficar rico em sua luta pelos pobres. Enquanto, como ele diz, colocou os pobres para andar de avião, ele já nem usava mais isto, pois tinha os jatinhos das empreiteiras prontos para decolar.

E isto é uma característica comum dos dirigentes chamados socialistas, sejam eles do século XX ou do século XXI. Se não fossem os pobres eles não seriam ricos como o Fidel, o Maduro, e tantos outros. Hoje, com o despertar da Democracia na América Latina, o que eles querem mesmo é fugir e não sabem para onde. Para o Uruguai não querem ir porque teriam que andar no fusca do Mujica.

Mas, por hoje é só. Fiquem com um texto do Josias de Souza (“Advogados de Lula pedem 55 dias para comprovar que tríplex não lhe pertence”), publicado no seu blog, onde ele detalha o trabalho que terá a defesa de Lula para desmentir o óbvio ululante, de que o Lula é realmente proprietário do tríplex. Se eles forem expertos darão uma do Eduardo Cunha e dirão que ele era só “usufrutuário”. Certamente, ambos deverão se encontrar em Curitiba.

“Convertido em réu sob a acusação de cometer os crimes de corrupção passive e lavagem de dinheiro, Lula se deu conta de que precisa cuidar dos minutos, porque as horas passam. Seus advogados dispunham de dez dias para apresentar suas considerações iniciais. Em petição endereçada ao juiz Sérgio Moro, pediram 55 dias para demonstrar que o tríplex do Guarujá não lhe pertence.

Lula foi enviado pelo juiz da Lava Jato para o banco em 20 de setembro. Moro escorou sua decisão na denúncia do Ministério Público. Somando-se as 149 folhas da peça aos seus anexos, chega-se a um total de algo como 16 mil páginas. A defesa alega que os procuradores da força-tarefa de Curitiba levaram 55 dias para concluir o trabalho. Em nome da “paridade de armas”, pedem o mesmo prazo.

Lula é acusado de amealhar R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas bancadas pela OAS. Afora o custo do armazenamento das “tralhas” que Lula acumulou nos dois mandatos de presidente, há os confortos introduzidos no tríplex do Guarujá. Moro deveria conceder o tempo requerido pelos advogados. Depois que ficou entendido que a conversa mole da “perseguição política” já não resolve, há muito por explicar.

Os defensores de Lula podem começar, por exemplo, explicando por que a assessorial do morubixaba do PT admitiu que ele era dono do famigerado apartamento em dezembro de 2014. Em notícia veiculada no dia 7 daquele mês, o repórter Germano Oliveira informou: a Bancoop, Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, que deixara cerca de 3 mil pessoas na mão por causa de fraudes atribuídas ao seu ex-presidente, João Vaccari Neto, entregara a Lula o tríplex do Guarujá. Com a falência da cooperativa, a OAS assumira as obras.

O edifício ficara pronto em dezembro de 2013. Mas o apartamento de Lula recebera um trato especial. Coisa fina. Antes unidos apenas por uma escada interna, os três andares foram atravessados por um elevador privativo. O piso ganhou revestimento de porcelanato. E a cobertura foi equipada com um ‘espaço gourmet’, ao lado da piscina.

Ouvida nessa época, a assessoria de Lula declarou: “O ex-presidente informou que o imóvel, adquirido ainda na planta, e pago em prestações ao longo de anos, consta na sua declaração pública de bens como candidato em 2006.” Candidato à reeleição naquele ano, o então presidente Lula de fato havia informado à Justiça Eleitoral que repassara à Bancoop R$ 47.695,38, uma cifra que não ornava com o valor de um triplex.

Na sequência, os doutores podem esclarecer por que a assessoria de Lula mudou a versão sobre a posse do triplex cinco dias depois de reconhecer que o imóvel era dele. Sob os efeitos da má repercussão da notícia segundo a qual Lula tornara-se o feliz proprietário de um tríplex à beira mar, na praia de Astúrias, uma das mais elitizadas do litoral paulista, o Instituto Lula divulgou, em 12 de dezembro de 2014, uma “nota sobre o suposto apartamento de Lula no Guarujá.”

Primeiro, o texto retirou a encrenca dos ombros de Lula. Anotou que foi a mulher dele, Marisa Letícia, quem “adquiriu, em 2005, uma cota de participação da Bancoop, quitada em 2010, referente a um apartamento.” A previsão de entrega era 2007. Em 2009, com as obras ainda inacabadas, os cooperados “decidiram transferir a conclusão do empreendimento à OAS.”

O prédio ficou pronto em 2013. Os cooperados puderam optar entre pedir o dinheiro de volta ou escolher um apartamento. “À época, dona Marisa não optou por nenhuma destas alternativas”, escreveu o Instituto Lula. “Como este processo está sendo finalizado, ela agora avalia se optará pelo ressarcimento do montante pago ou pela aquisição de algum apartamento, caso ainda haja unidades disponíveis.” Nessa versão, a família Lula da Silva estava em cima do muro.

A defesa terá também a oportunidade de sanar outra dúvida: Por que a mulher de Lula pegou as chaves de um apartamento que dizia não lhe pertencer? Em 17 de dezembro de 2014, cinco dias depois da nota em que o Instituto Lula alegara que Marisa Letícia ainda hesitava entre requerer o dinheiro investido na Bancoop ou escolher um apartamento no edifício Solaris, moradores do prédio informaram ao repórter Germano Oliveira que a mulher de Lula apanhara as chaves do triplex número 164 A havia mais de seis meses, em 5 de junho.

''Todos pegamos as chaves no dia 5 de junho, inclusive dona Marisa”, disse, por exemplo, Lenir de Almeida Marques, mulher de Heitor Gushiken, primo do amigo de Lula e ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013.

Outra interrogação inquietante que flutua na atmosfera à espera de uma resposta é a seguinte: por que Marisa Letícia demorou seis anos para decidir se queria ou não o apartamento do Guarujá? Só em 8 de novembro de 2015 veio à luz a notícia sobre a decisão da mulher de Lula acerca do apartamento do edifício Solaris. Nessa data, o repórter Flávio Ferreira informou que Marisa desistira do triplex.

Os assessores de Lula esclareceram que Marisa acionaria seus advogados para reinvindicar a devolução do dinheiro que aplicara no empreendimento. Considerando-se que a OAS assumira as obras do edifício Solaris em 2009, a ex-primeira dama levou arrastados seis anos para decidir. Cooperados menos ilustres tiveram de decidir na lata, sob pena de perder o direito de exercer a opção de compra.

Há mais mistério: por que diabos Lula, Marisa e Lulinha, o primogênito do casal, inspecionaram as obras da reforma do tríplex? Inquérito conduzido pelo Ministério Público de São Paulo, enviado posteriormente à força-tarefa da Lava Jato, inclui carradas de depoimentos curiosos, muito curiosos, curiosíssimos. Chama-se Armando Dagre Magri uma das testemunhas. É dono da Talento Construtora.

Armando contou à Promotoria paulista que a OAS contratou sua empresa para reformar o tríplex número 164 A. Orçou a obra em R$ 777 mil. Realizou o serviço entre abril e setembro de 2014. Avistou-se com Marisa. Estava reunido no apartamento com um representante da OAS quando, subitamente, a mulher de Lula deu as caras. Acompanhavam-na três pessoas. Descobriria depois que eram o filho Fábio Luís, o Lulinha, um engenheiro da OAS e ninguém menos que o dono da empreiteira, Léo Pinheiro, hoje condenado a 16 anos de cadeia na Lava Jato. Inspecionaram a reforma, atestaram sua conclusão e deram a obra por encerrada.

Zelador do prédio desde 2013, José Afonso Pinheiro relatou ao Ministério Público que Lula também vistoriou as obras do triplex. Esteve no apartamento, por exemplo, no dia da instalação do elevador privativo. Contou que a OAS limpava o prédio, ornamentando-o com flores, nos dias de visita de Marisa. Uma porteira do edifício disse à Promotoria ter visto Lula e Marisa juntos no local em fins de 2013. Em suas notas oficiais, o Instituto Lula não explica o inusitado interesse pela reforma de um imóvel cuja propriedade o casal nega.

Sempre que tem oportunidade, Cristiano Zanin Martins, um dos advogados de Lula, reitera: Esse imóvel não é do ex-presidente nem de nenhum parente. A família Silva comprou uma cota de um projeto da Bancoop. E quanto às reformas bancadas pela OAS? O doutor costuma dizer que não tem a menor ideia do porquê da reforma. Nem quer saber, já que este imóvel não é do ex-presidente Lula ou de qualquer parente do ex-presidente Lula.


Ou a OAS converteu-se de empreiteira em instituição de caridade ou alguém ficará no prejuízo. Ou a sentença de Curitiba levará às manchetes uma terceira versão: a verdadeira.”

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