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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Seu Clívio



Por Zé Carlos

Visitei Bom Conselho recentemente. De minhas viagens por lá sempre surgem letras na minha cabeça, que insistem em se juntar para produzir alguma mensagem. Desta vez não foi diferente, e estou escrevendo sobre as coisas que vi por lá.

Há coisas que vemos e gostamos, outras que nos são indiferentes e aquelas que nem gostamos de lembrar. Entre estas últimas, ouvi de alguém que Seu Clívio, como eu chamava o Professor Clívio Lima Cavalcanti, estava doente. E me perguntava se eu ainda tinha contacto com Lucinha Peixoto, que dizia ser aluna do professor, e pedia para que eu a avisasse.

E a conversa continuou, enquanto eu lembrava de coisas de minha juventude, na qual, posso dizer que o Seu Clívio teve uma enorme influência. E não foi só por ter sido meu professor de desenho, inglês e matemática, como também por ter sido uma espécie de orientador em alguns esportes de sua predileção. Não sei se todos sabem que ele era um grande admirador de muitos esportes e que era um bom entendedor de basquetebol, sem contar sua destreza nos jogos de voleibol.

Não me lembro bem o ano em que o Brasil foi campeão mundial de basquete, há muito tempo atrás, e, incentivado por ele, ficava com a cara colada no rádio ouvindo a transmissão das partidas, parece-me pela Rádio Tupi.

E, no futebol, do qual não era um exímio jogador, foi o primeiro a me fazer saber o que era um “individual”, que vinha a ser uma espécie de preparação para entrar nas partidas. Isto tudo, como um dos fundadores do Sport (penso que era Sport Clube de Bom Conselho, mas não tenho certeza), que não sei se chegou a jogar ou não. Só sei que ele e o Seu Zezinho Sá Barreto eram os maiores entusiastas da equipe.

No entanto, foi mesmo no ramo do ensino que o Seu Clívio mais influenciou minha vida. Desde as aulas de Desenho, que me serviram para mostrar que se eu fosse viver de ser desenhista eu já teria morrido de fome, passando pelas aulas de inglês, onde aprendi que “ the book is on the table”, até a Matemática, na qual era um exímio mestre.

Fui um bom aluno de Matemática, e descobri que algo de que você não gosta pode passar a gostar devido à influência de um bom professor. E seu Clívio foi um deles e influiu em toda minha vida, como o fazem nossos primeiros professores.

Hoje, lendo as notícias de Bom Conselho, soube que ele faleceu. Lembrei tudo de novo, voltando um pouco àquela cidade, agora um pouco mais triste. Deveria eu ficar triste? Eu até acho que não, embora tenha ficado. Afinal de contas, Seu Clívio teve sempre a vida que sempre deve ter sonhado desde seus tempos de marinheiro, como ele gostava de contar.

Depois do Ginásio São Geraldo, foram poucos os meus contactos com ele, embora sempre tivesse notícias, pela sua atuação em muitos campos da sociedade de Bom Conselho, que posso dizer, nossa terra, mesmo não sabendo onde ele nasceu. Foi muito importante para a cidade, principalmente para nós que tivemos o privilégio de sermos seus alunos.

Sei que, uma grande amiga e sua aluna, a Lucinha Peixoto, se já souber do acontecido, sentirá muito seu passamento. O que posso prometer é que farei o possível para avisá-la.

Meus sentimentos aos familiares e aos bom-conselhenses que perdem mais uma de suas boas referências.


Que vá em paz, Seu Clívio!

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