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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A LISTA




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Uma pequena cidade “Sem Nome” com mais ou menos de vinte mil habitantes, cercada por grandes colinas verdejantes e o rio Pena Funda correndo calmamente com suas aguas límpidas atravessando a cidade. O clima frio e um sol brando são atrativos dos visitantes para descansar nas pequenas hospedeiras. Uma cachoeira é ponto de encontro dos pequenos citadinos. Joaquizinho era um homem já com os seus quarenta anos de vida tribulada na cidade, gostava de jogar bilhar no bar do seu Raimundo e tomar algumas cachaças na mercearia de Dona Flor. Gostava de vê-la todos os dias, sentia uma paixão mais não era correspondida por ela. Isso o maltratava. Mas o que fazer? Admira-la e conversar todos os dias por volta do meio dia, ali sabia de todos os fuxicos que acontecia tanto nos meio dos abastados moradores como dos pobres. Saia com um relatório completo e contava ao Chiquinho seu companheiro de “não fazer nada”. Dizia-se um galã, mulher não resistia o seu encanto de um moreno alto, olhos castanhos e barba bem aparada e cabelos lisos, somente uma resistia a este encanto – Dona Flor. A noite lá pela meia noite saia com um bando de homens a fazer serenata pelas ruas mal iluminadas com o toque do violão e cavaquinho tocados por Juquinha e Mariola acordando os donos de casa que muitos ficavam raivosos.  Sabia cantar, não era um cantor mais gabava da voz na alta madrugada. Conversando, no meio da Praça Pão Duro com alguns amigos desejava saber das mulheres que traia seus maridos. Pelo que ele ouvia no baixo clero, na mercearia e no bar muitas beatas de porta de igreja botava ponta nos maridos, sem que ninguém notasse. Ninguém queria arriscar um palpite. Mas ele desejava saber era o que importava. Mas quem poderia dar-lhe esta informação? Pensou e partilhou este seu pensamento com Chiquinho em uma tarde friorenta tomando conhaque na mercearia de Dona Flor. Conversa vai e conversa vem, alguém lhe sugeriu uma pessoa que sabia da vida de todos os moradores – padre, este sim sabia de tudo, pois elas e eles se confessavam, mas como saber se a confissão o padre não poderia revelar. Mas para tudo tem um jeito e Raimundinho pensou, pensou e disse – vou me confessar e vou mentir para o padre e tenho certeza que ele vai divulgar o nome das mulheres, pois eu não vou contar o nome dela. E assim se programou. Um dia encontrando o Padre na praça indo visitar os idosos em um abrigo no final da Rua do Papagaio, - disse Padre quero me confessar! O padre olhou e disse hoje não confesso ninguém, pois estou indo visitar uns doentes. E seu pecado já os conhece muito bem, já estão perdoados. Mais padre este pecado que tenho para lhe confessar é muito grave, muito grave e se eu morrer vai direto para as quintas do inferno e isto o senhor não vai querer, vai? O padre olhou desconfiado e disse amanhã você vai à igreja pelas quatro e meia e antes de começar a missa você me diz que pecado extravagante é este. Sim. Raimundinho saiu satisfeito rindo atoa. Amanhã eu sei de tudo, disse a Chiquinho, que falou se o padre desconfiar vai te excomungar e ai sim vai direto falar com Lúcifer, rei do inferno e com certeza ele não vai ficar contigo. Risos. No dia seguinte foi até a igreja. Chegou por volta das três e meia da tarde. Entrou na fila da confissão onde já tinha seis mulheres na sua frente. Olhara-o com desconfiança e desdém. Sabiam elas o predicado do Raimundinho na cidade, pois corria de boca em boca as estripulias dele. Aguardou pacientemente. Já estava para desistir, quando a última saiu e ele ajoelhou-se, sereno e calmo. O coração batia descompassadamente, pois ia fazer uma confissão de mentirinha, o que já era um pecado mortal. Diga o seus pecados Raimundinho. Olhe seu padre é um pecado mortal, tenho até medo de dizer-lhe. Diga meu filho, qual o pecado cometido por você que eu não sei? Olhe seu padre, eu ontem dormi com uma mulher casada! O que? O que? Eu não disse que o pecado era cabeludo. E quem é a mulher? Não digo não senhor! Diga você esta no confessionário! Digo não! Ah já sei mais ou menos foi com Dona Florinda, àquela espevitadeira? Foi não! Então deve ter sido com a cabelereira Doroteia, foi? Foi não! Diga o nome da mulher! Digo não! A já sei você quer esconder Marinete, todos dizem que não tem pudor. Não padre eu não digo. A mulher do seu Manoel da Venda, a Dorinha, foi? Não! Olhe seu padre não vou dizer. Passe logo a penitencia.  Vou lhe dar como penitencia rezar quarenta padres nosso e cem ave Maria. Ajoelhou-se fingindo rezar. Saiu devagarinho, contente atravessando a praça indo ao encontro de Chiquinho, dizendo “eis a lista”.

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