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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A entrevista do Lula e a história do Abraão e do Isaac


O Sacrifício de Isaac (Caravaggio)


Por Zezinho de Caetés

Eu, ontem, incentivado pelas redes sociais, peguei as panelas, para panelar meu conterrâneo Lula, numa entrevista que ele daria na Globo News. Preparei-me e deixei as panelas ao alcance da mão. Começada a entrevista, não as usei. Tive pena dele. E não foi só pelas respostas batidas e surradas que sempre dá, junto com as metáforas estranhas, mas, sim também pela sua condição física. Até o cabelo foi embora, e a suadeira continua.

E, ainda mais, foi um massacre do começo ao fim. O entrevistador não teve consciência e praticou uma crueldade terrível. Fez perguntas para os quais ele não estava preparado para responder porque pensou que ninguém iria lhes fazer. O Lula está tão acostumado a suas plateias amestradas, de onde só ouve aplausos e se deu mau do começo ao fim, com raras exceções, nas quais ele mostrou sua maior qualidade que é a de ser escorregadio e se mandar sem responder.

Para mim, o ponto alto da entrevista foi, quando perguntado sobre o caso do seu filho, que andou ganhando mais dinheiro do que aquilo que ele comprovou ser capaz. Quando se esperava que ele elogiasse a capacidade do filho em ser um empreendedor e ganhar dinheiro como seu pai, que ficou rico fazendo palestras pelo Brasil e pelo o mundo, ele diz que o filho tem que provar que mereceu aquele dinheiro.

Ou, seja, para se safar, mandou o filho fazer o que ele deveria já ter feito em relação à sua riqueza que o caracteriza como o presidente que mais enriqueceu no cargo em toda a história do país, como ele gosta de dizer. Mas, quem sabe ele não foi orientado por Deus, cujo nome usou em vão, durante a entrevista, para sacrificar o seu filho como o velho Abrãao foi orientado para sacrificar Isaac? Na certa ele espera que Deus mande um anjo que segure sua mão na hora do sacrifício. Se este anjo for o Sérgio Moro, vai dar com os burros n’água.

Certamente, misturar a história do Lula com histórias bíblicas não é muito adequado, porque podem me chamar de sacrílego, mas, não resisti, ao constatar que Lula continua o mesmo de sempre, e que o Reinaldo Azevedo tem razão no texto por ele publicado em seu blog, que abaixo transcrevo, com o título: “Lula, o morto assanhado”, que resume tudo. Ou seja, “morreu e esqueceu de deitar”.

Fiquem com o Reinaldo, que eu vou ver coisas mais interessantes do que o Lula.

“Lula está mais assanhado que lambari na sanga. Quer falar. Não passe perto dele com um gravador ou com um microfone. Você corre o risco de ser laçado para ele lhe dar uma entrevista, nem que seja à força. Mas falar o quê?

Assisti à entrevista dele a Roberto D’Ávila, na GlogoNews. Pois é… D’Ávila consagrou um estilo ali nos estertores da ditadura. Entrevistava personalidades do governo e da oposição, sempre com um modo lhano, cara de bom moço, como a dizer: “Não temam a democracia, senhores de farda”. E conservou a fala mansa.

É injusto dizer que ele não apertou Lula. Ao longo da vida, fez boas e más entrevistas sem apertar ninguém. É um jeito. No programa que foi ao ar nesta quarta, isso serviu para evidenciar que Lula, apesar do assanhamento, definitivamente, não tem mais o que dizer — o que é uma boa notícia.

O ex-presidente ficou o tempo todo com o cenho fechado, grave como convém a um suposto estadista, mas apelando, como de hábito, às altas categorias do pensamento político. Disse, por exemplo, que não dava palpite no governo porque isso seria como um ex-marido dizer ao atual como é a mulher. Ufa!

Ao falar da crise política, ele se traiu. Disse que, antigamente — no seu governo, por certo — “a gente falava com os ministros, e os ministros entregavam os votos”. Entenderam a compreensão que este gênio da raça tem do Parlamento? Hoje, ele diz, não é mais assim. Por que não? Sei lá! Não ficou claro.

Para a incredulidade geral, negou que tenha pedido a cabeça de Joaquim Levy, o que é obviamente mentira! Não só pediu como chegou quase a anunciar a nomeação de Henrique Meirelles — que não se fez de rogado: decoroso, deixou claro que só daria entrevistas depois de nomeado. Para não ser inteiramente desmoralizada, Dilma teve de manter Levy.

Não se é Lula sem uma grande cara-de-pau política, não é? O sujeito que orientou a Fundação Perseu Abramo a descer o porrete no ajuste econômico resolveu defendê-lo. Abriu mão, desta feita, da sapiência alcoviteira e optou pela metáfora de um encanador: “Nós cometemos erros. Dilma percebeu que estava saindo mais água da caixa do que entrando. Daí a contradição do discurso da campanha com o que ela está fazendo. Mas ela teve o compromisso de manter [o ajuste]”.

O quê? Então, em outubro, ele não sabia quanta “água” havia na caixa? Não existe contradição, mas estelionato.

E a Petrobras? Ah, aí, com efeito, a entrevista caminhou para o terreno do surrealismo. Lula disse, acreditem, ter tomado “um susto”. Isso mesmo! Foi surpreendido. É como se João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, não existisse. É como se Renato Duque, o diretor de serviços, também do PT, não existisse.

E a Lava-Jato? Ah, Lula acha que ela faz um bem ao Brasil. Só se opõe aos vazamentos. Outra inverdade, não é mesmo? Ele o PT querem a cabeça de José Eduardo Cardozo, acusado de não controlar a Polícia Federal.

E se a presidente decidisse falar com a oposição, chamar ex-presidentes para colher sugestões? Por ele, disse, tudo bem, mas seria preciso saber, alertou, se as pessoas teriam ou não delegação de seu partido. Era, claro!, uma referência a eventuais divisões no PSDB…
Ora, ora… E das divisões internas do PT, quem vai cuidar?

A menos que Lula diga alguma coisa interessante, este é o último post que escrevo sobre entrevistas suas.


Nesta quarta, tive a certeza de que, de fato, como personalidade política, ele já está morto. Um morto assanhado.”

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