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terça-feira, 8 de março de 2016

Um epitáfio para Lula




Por Zezinho de Caetés

Escrevo na segunda-feira e hoje vi um texto do Ricardo Noblat, em seu blog, que é chamativo pelo seu título: “Lula nunca mais!”. Confesso que quando li procurei por uma interrogação no final. Mas, realmente era um ponto de exclamação.

Mas, depois da sexta-feira 13 da semana passado, o que poderíamos esperar? A reação de Lula ao mandado de prisão (e não me venham com esta história de que “levar na marra” não é prisão, porque é) ele ficou tão indignado que disse só ir algemado. Para quem acompanha o desenrolar da Lava Jato, como eu, não houve surpresa nenhum no que aconteceu, e sim no que aconteceu. O que não esperava era que ele voltasse tão cedo de lá, com tudo que ele já aprontou depois que se julga o homem mais honesto do mundo. Só pode ter sido uma praga do Papa Francisco.

Como também não foi uma surpresa a reação da inificienta presidenta Dilma. Só faltou chorar com a prisão do chefe. E, além disso, não se conteve e foi abraçá-lo pessoalmente, gastando o meu dinheirinho suado na viagem. Meu bolso e meus olhos sofriam muito ao ver nossa governante, além de não governar mais nada, fazer tamanha patuscada.

Diante de tudo isto, o Lula, meu conterrâneo, fato que, como muitos caeteenses ilustres gostariam de esquecer, voltou ao seu linguajar natural diante num telefonema para a inocenta presidenta, onde disse a seguinte frase: “Eles que enfiem no cu todo o processo” (vejam o vídeo lá embaixo). Como atesta o Noblat no texto a abaixo ele já havia proferido outra pérola tempos atrás, como vocês podem ver lendo o texto abaixo transcrito: “Foda-se a Constituição!”.

“Eu penso que o Lula está politicamente morto e já procuramos um epitáfio para ele. Eu colabora propondo suas frase acima para colocar na lápide. Vade retro!

Pensei: o cara pirou. Só pode ser. Tudo bem que tenha se sentido ofendido pela reportagem do The New York Times sobre seu gosto por bebidas alcoólicas. Pega mal para um governante ser citado assim.

Mas o presidente russo Boris Ieltsin também o fora. E na rede de televisão CNN protagonizara cena memorável dançando em um palco no centro de Moscou depois de ter bebido todas as vodcas possíveis.

Daí a Lula determinar a expulsão do país do correspondente do jornal, Larry Rother? Sinto muito, era exagero. E também um abominável ato de arbítrio.

Foi isso o que ele ouviu dos poucos assessores com alguma gota de coragem para enfrentar seus costumeiros ataques de cólera - “exagero”. Em público, ele vestia a fantasia do “Lulinha paz e amor” com a qual se elegera pela primeira vez.

Um dos assessores, em reunião no gabinete presidencial do Palácio do Planalto, sacara de um exemplar da Constituição e apontara o artigo que garantia ao jornalista o direito de permanecer no Brasil.

Então Lula cometeu a célebre frase que postei no meu blog no dia 12 de maio de 2004, poucas horas depois de ela ter sido pronunciada: “Foda-se a Constituição!”.

Naquele dia, mais de um deputado e senador discursou no Congresso a propósito do que Lula dissera a respeito da Constituição, embora nenhum, por pudor ou receio de ferir o decoro, tenha reproduzido a frase ofensiva e grosseira.

Diretores de jornais e revistas me telefonaram perguntando se eu estava seguro do que publicara. Nenhum ousou escrever sobre o episódio. Eram outros os tempos.

Nos tempos das redes sociais, a imprensa não é mais reverente com os poderosos até porque perdeu o monopólio da informação. Algo que não se dê, a internet dá.

Palavras e frases consideradas chulas antigamente foram assimiladas pela linguagem corrente. De resto, como ignorá-las quando saem da boca de homens públicos e têm a ver com fatos públicos relevantes? Foi o que aconteceu outra vez com Lula.

Um vídeo postado na internet deu conta do que ele disse em conversa com a presidente Dilma poucos minutos depois do fim do seu depoimento forçado à Lava-Jato na última sexta-feira.

Lula disse: “Eles que enfiem no cu todo o processo". Referia-se, certamente, aos procuradores que o haviam interrogado. E ao processo que apura a roubalheira da Petrobras e a sua eventual culpa por ela.

A saída encontrada por Lula para sobreviver foi se declarar desde já candidato a presidente da República em 2018, correr assustado para o colo do PT, anunciar seu retorno às ruas e reconciliar-se com o discurso incendiário da época em que era inimigo das elites e a elas não se associara ainda, adotando apenas o que elas têm de pior.

Dará certo? Difícil que dê. Seria preciso combinar antes com os adversários.

Com a Lava-Jato. Com a crise econômica que se anunciou no seu segundo governo. Com a sucessora eleita e reeleita, sem talento para administrar, sequer, uma loja de produtos baratos, quanto mais um país.

Com o PT devastado pela corrupção e em queda acelerada no ranking dos partidos mais admirados. E com a maioria dos brasileiros que diz rejeitar a hipótese de votar nele, Lula, novamente.


Só há um responsável pela tragédia política e pessoal que Lula enfrenta: ele mesmo. Lula está quase nu. E o que já se vê não é recomendável para eleitores com 16 anos ou mais.”

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