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quarta-feira, 8 de abril de 2015

SEU TOMÉ





Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho

Nos arredores da pequena cidade de Ribeirinha, o seu sitio era um ponto dos moradores conversarem sobre os mais variados assuntos. Sentava-se no tronco de arvores arrancado, e ali todas as tardes batiam papo. Tomé ficava olhando para o terreiro grande, com pés de jacas, mangas rosa e abacate. As galinhas no terreiro rodopiavam no aguardo a distribuição do caroço milho jogados no terreiro; ali perto o chiqueiro com dois bacorinhos baés, fuçando e roncando junto ao uma gamela cheia de caldo de feijão e farinha. E mais na frente um burrinho focinhava a grama junto com o cavalo de estimação para ir à feira. Olhava com gosto o seu pedaço de terra, plantada e cultivada. O pequeno açude com agua limpinha que costumava colher para beber e para uso domestica. Ali estava a sua vida, ali estava a sua felicidade. Nada mais queria neste mundo. Acendia o seu cachimbo com fumo de rolo cortado com um canivete e acedendo com um tição fumegante dado por Dona Redonda, sua mulher, apelido, pois se chamava Violeta. Dava um trago um suspiro olhando para o céu azul e o sol procurando se esconder. Fim de tarde. O seu vizinho seu Bernardino, Bene, todas as tardes lá estava para prosear. Aparecia de vez em quando seu Jacó, seu Chico, seus vizinhos, mais longe. Seu Tome tinha ido ao Ceará e seu Bernardino, Jacó e seu Chico desejava saber as novidades da cidade grande. Nunca tinha cruzado uma cidade que não fosse a sua Ribeirinha. “Boas tardes! Meu cumpade, como foi à viagem? Ora meu cumpade, tu sabe qui Alfrredim é tinhoso, quando bota no quengo uma coisa vai brigar até que aconteça. É riento e queria porque queria que eu fosse para a capitá. Conhecer outro mundo. Viver outas coisa que não via. Tanto insisti que fui pra lá. Esta viagem que num era do meu agrado, tu sabe como sou não gosta de arredar o pé do meu sitio. Aqui tem de tudo não é mesmo cumpade? Mas mesmo assim fui.  Sái no amanhecer  do dia. Tumei o ônibus eu e mia veia dona Redondinha. Viajamos muito tempo, cheguei a recife quase de noite. um monte de automovel e ônibus rodando a ruá. muita luz nunca vi coisa igual. Fui pra uma pensão perto da rodoviária e ali me atrepei e olhei pela janelinha um fussue danado de pessoa indo de um lado pra outro como formiga perdida. Eu lá de cima via tudo que doidice. Fui dormir mas não dormi a peste da muriçoca rodopiava os meus ouvido, o calor agoniava o meu cangote e dissia um suor mulhando a camisa, rolava de um lado prá outro e nada de dormi. Redonda roncava, ou mulher danada nada incomodava enrolada em pano branco. O dia amanheceu e eu sem dormi me lavei numa pia num corredor com gente na fila. Não estava acustumado com isso, a minha mué saiu de chinelo foi a privada da mueis. Tomei um café frio e rim num lanchonete com pão amassado e ovo mole, igual a Redondinha. Paguei e desci para pegar o avião pru ceara. O sol queimando o braço e eu com maleta e sacola na mão e o suor escorrendo pela cara. Gente como um diabo. indo pra lá e pra cá. O carro que me levou para o aeroporto chamado taxi, nome esquisito, saiu em disparada. Casa em cima de casa. Alto que num avista o fim. Redondinha estava abismada. a rua cheia de gente e carro pra todo lado. cheguei no campo de pouso. Desci com duas maleta e duas sacola. Levava queijo de coalho e manteiga, farinha fininha como se fosse gome, feijão pretinho e dois quilos de charque e três rapaduras para adoçar a boca. Saímos e entramos num salão grande. gente pra lá e pra cá. Algumas gente falando que num entidia, parecida ser estrangeiro.  O carregador me levou eu pra um balcão bonito que só vosemesce vendo. Uma moça vestida de preto e gorro na cabeça com um lenço vermelho no pescoço, sorridente com os dentes no quarador – bom dia meu velho. Mais respeito eu sou velho, mas sou de Ribeirinha, terra de cabo macho, viu. A moça ficou olhando pra mim. Sou cabra macho e não aceito afago de ninguém, tenho a minha Redonda que dá conta do recado. Me de sua identidade e dela também. Pediu a moça, sorrindo. Remexi no bolso e Redonda em uma carteira pendurada no braço, catando dentro onde se encontrava a sua identidade, depois de muito tempo achou a desgraçada e entregou a moça que continua com os dentes no quarador. Deu um papel e ficou com a maleta e sacola e disse ali naquele portão o senhor vai entrar para pegar o avião. Fui correndo e olhando para todos os lados por que dizia que tinha ladrão por todos os lados. O meu dinheirinho estava no bolso da cueca, feita pra viagem. Duvido que algum cabra tenha coragem de vir me abocanhar que eu mato o safado de ponta pés. Entrei e sentou-me numa cadeira fria e sem encosto. Fiquei esperando e logo fui chamado. Um microfone, falou alto, dizendo que o avião ia pro ceara. Entrei num ônibus pensei que ia voltar, mas o desgraçado foi caminhando devagar até o avião que se encontrava parada. Subi a escada devagarzinho e com medo, e Redonda desconfiada pisa leve no degrau, segurando uma bolsa vemelha comprada no vuco vuca de seu Mané da Foto.  Será que este troço vai voar como disse as pessoas? Sentei-me numa cadeira e Redonda em outra. Um moço igual à outra sorrindo disse aperte o cinto. Eu cumpadre num sabia de nada, deu-me a costa e foi embora. Olhei para o cinto, já está apertada. Redonda disse que estava com uma cinta na barriga que já estava sufocando de tanto apertada. O moço voltou a ajeitou-me, prendeu com cinto preto encravado na cadeira e uma fivela branca. O bicho começou a rosnar. Andando de ré aprumou-se e saiu devagarinho e dentro de pouco ouvi uma acelaração medonha o bicho correu pelo uma pista e saiu do chão, lá de cima via as  casas pequenininha e o mar grandão e verde como este manga pendurada ali. Cheguei  na capita, Furtaleza,  lá tava Alfredim. O pouso foi de dar medo. O bicho bateu no chão, com se tivesse estrebuchando, e freio fui pra frente e voltei pra traz. Me benzi, como Redonda branquinha da silva, enjoada tremeu. Tomei um taxi, disse Alfredim, este carro que leva pra gente onde quer e cheguei na casa um luxo. Tudo tinha, fomos descansar no outro dia fomos à praia, ver o mar que eu nunca tinha visto, a não ser televisão de dona Josefa, uma vez. Nunca tinha visto tanta agua, Bene, nunca. Agua salgada. Verde igual à folha de bananeira. Ia lá ia cá à agua. A areia fininha, pisando atolava o pé, Molhei meus  pés arregaçando a calça. Redonda com seu vestido não quis vestir calça e nem butar maio. As moças não tinha respeito e nem vergonha, vestinha taquinho de pano cubrinco aquilo e aquilo o resto todo pra ver. Andava de um lado pra outro e a gente fica só olhando. Pouca vergonha! Maluquice. O meu Padim Cicero, disse certa vez que “as mulheres ia andar nua e ai está a verdade, do Santo Padre”. Não são verdade meus cumpadre.  O sol desgraçado de quente, pior do que o daqui. Fiquei vermelhão, Redonda muito branca ficou rosada. Mais o que mais gostei foi dum mercado lá pra bandas da cidade. Oxente nos num tamo na cidade, disse pra Alfredim. Muita gente, muita bugigangas, um enroscado danado subindo em curva todo tempo. muchila, sapato, paninho de cubir mesa, rede de toda cor, corda, barbante, panelas, chapeu de  palha e boné de toda cor, uma miseria mas parecia a feira de caruaru, cumpadre. Mas sabe o que mais gostei! foi a carne de bode comida lá pro cima em barzinho com meu fio. Olhem coisa boa pedi um à bicada lá veio o homem com um copo é um quartinho. Bebi e comi. Voltei e to aqui cumpdre. São e salvo. Tomaram café com bolacha e despediram e foram embora. Já era noite.

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