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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

MARIA HELENA.




Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho


Todos os dias ouvia Altemar Dutra a sua musica predileta - Maria Helena és tu / A minha inspiração / Maria Helena ouvir meu coração - na sua pequena radiola em sua casa. Era a paixão de Josué. Apaixonara-se pelo nome por causa de uma sua vizinha que tinha este nome idolatrado por ele. Diariamente saia de casa e passava em frente a sua casa, detinha-se um pouco olhando para encontrar o seu vulto pelo menos no terraço. Quando notado fugia o mais rápido possível. Mas, era um amor secreto que ele mantinha nos seus pensamentos. Não tinha coragem de se declarar era tímido. Sofria quando a via em outra companhia. Ela por exemplo também não dava bola para ele. Ignorava.  Sentia-se ausente do seu olhar do seu sorriso do seu falar meigo quando ouvia em algum lugar como na Igreja ou mesmo nas matines dos domingos realizados no salão do Progresso. A cidade pequena, somente tinha um clube, um cinema, com sessões nos sábados a noite e no domingo matine para a gurizada e a noite soirée para as famílias. Certo dia tomando algumas cervejas na barraca do Seu Benedito ousou em pensamento que falaria com ela para namoro na noite de domingo por ocasião da celebração da Missa presidida pelo Padre Honório. Lá com certeza a esperaria no pátio e se declararia para ela mesmo sabendo que ela ainda não lhe tinha dado bola. Disse - é hoje ou nunca! E assim foi. Abordou com uma boa noite e pediu para acompanhar ate em casa, pois gostaria de namora-la se ela desejasse. Foi curto e grosso. Avermelhou. Tremeu. O suor escorria. E aguardou a resposta com o coração acelerado. Maria Helena tomada de surpresa com aquele apelo, disse que não, pois não gostava dele. Ausentou-se e Josué ficou triste, mas não ia desistir. O tempo passa e o amor pela sua vizinha aumentava. Como não era correspondido tentou esquecer mesmo sofrendo. Em certo dia o Josué sentiu que estava sendo notado pela Maria Helena. De vez em quando um olhar discreto, um sorriso pequeno o que trouxe um animo para ele. Deixou o tempo passar e certo dia na Igreja no mês do Rosário, aconteceu o inesperado, em um esbarrão, foi à primeira palavra dada entre os dois, depois daquele pedido de namoro. Desculpe, disse ela. Não foi nada! Começara a conversar timidamente e aos poucos foram se encontrando. Cada dia mais Josué se dedicava a Maria Helena e ela ao mesmo tempo não lhe negava carinho. Noivara. Casaram-se depois e foram viver em uma casa bastante confortável. Nasceu o primeiro filho. Jaime, o nome da avó. Tudo corria bem. A vida lhe era favorável. Trabalhava e somente pensava chegar a casa. Certo dia ela foi a uma médica, a única na cidade. Passou um exame e o resultado constatou que estava com câncer de útero. Foi aquele alarme. Aquele chororô. A apreensão tomou conta de toda família. O tratamento começou na Capital. A Quimioterapia e Radioterapia foram ministradas de quinze e quinze dias. Fizeram a cirurgia, mas a doença avançou e cada dia que passava o desamino a e moleza tomava conta de Maria Helena. A radiola não mais tocava nos dias de sábados e domingos a sua musica preferida. Dois anos se passaram e a doença não cedia ao tratamento O desespero já tomava conta de todos, principalmente do Josué que amava a cada dia a sua mulher. 12 de outubro. O tempo amanheceu nublado. A tristeza tomava conta de todos da casa. Maria Helena dormitava no seu quarto, coberta por uma manta quadriculada nas cores branca e azul. A chuva fininha começou a cair e Maria Helena já não tinha coragem de abrir a boca, somente algum ai se ouvia. A três da tarde deu-se o desfecho – Maria Helena estava morta. O choro na casa foi grande. Começou chagar os vizinhos. O Padre compareceu e fez “encomendação do corpo” na sala grande da casa sob o olhar dos presentes chorosos. Acompanhou o enterro no Cemitério São Benedito, Ao sair Josué saiu triste e entrou no primeiro boteco e por coincidência lá esta tocando a sua musica favorita – Maria Helena...

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