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terça-feira, 25 de julho de 2017

Direita, Esquerda ou D. Pedro III?




“A miséria da esquerda
        
O Estado de S. Paulo

Os intelectuais petistas começam a admitir em voz alta aquilo que seus colegas militantes apenas murmuravam aqui e ali: a esquerda - como eles a entendem - é totalmente dependente de Lula da Silva para existir como força eleitoral. Sem o demiurgo petista e suas bravatas demagógicas, reconhecem esses amuados ativistas, os partidos do dito “campo popular” dificilmente serão capazes de comover os eleitores com seu discurso estatizante, baseado na puída tese marxista da luta de classes. Ou alguém acredita que Dilma Rousseff, que se julga herdeira de Leonel Brizola e seu esquerdismo terceiro-mundista, teria sido eleita e reeleita presidente da República não fosse seu padrinho?

“Impedir o PT de ter um candidato competitivo a um ano do pleito equivale a banir a esquerda da vida política”, sentenciou o professor de História da USP e autor do livro História do PT, Lincoln Secco, em recente entrevista ao Estado. Segundo Secco, “a esquerda não tem plano B sem o Lula”. Mais do que isso: o professor petista considera que, “sem apoio do Lula, nenhum candidato da esquerda se viabiliza”.

O professor Secco não está sozinho nessa avaliação. A sentença do juiz federal Sérgio Moro que condenou Lula a mais de nove anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro teve o condão de fazer com que outros militantes manifestassem sua preocupação com o futuro eleitoral da esquerda, depois de mais de uma década de bonança petista. Para essa turma, é preciso começar a encarar a vida sem Lula na cédula de votação em 2018.

O mais curioso desse diagnóstico é que Lula da Silva jamais foi de esquerda. Sua carreira como líder sindical e depois como político se notabilizou pelo oportunismo desbragado. “Eu nunca fui um esquerdista”, disse o chefão petista em 2006, quando era presidente, buscava a reeleição e tinha de convencer o mercado de que nada mudaria na condução prudente da política econômica. Já quando precisa insuflar a militância esquerdista, Lula não tem dúvida em bradar, como fez no mais recente congresso do PT, que é necessário fazer “a esquerda voltar a governar o País”. Cabe aos ingênuos escolher em qual Lula se deve acreditar.

Diante da perspectiva muito concreta de passar os próximos anos na cadeia, Lula da Silva parece ter intuído que o melhor a fazer no momento é travestir-se de esquerdista, vociferando palavras de ordem contra o capital, a imprensa e a classe média, de modo a eletrizar os tolos que ainda se dispõem a defendê-lo, a despeito de todas as evidências. Sua intenção é óbvia: transformar seu julgamento em um caso político, como se sua condenação judicial, acompanhada de carradas de provas, fosse uma ação da “direita”, interessada em destruir as chances eleitorais da “esquerda”.

Essa encenação para engambelar esquerdistas bocós conta com a participação ativa da cúpula do PT, ciente, é claro, do risco de ver o partido encolher drasticamente nas próximas eleições caso Lula não possa concorrer. No mais recente encontro do Foro de São Paulo - o notório convescote de partidos esquerdistas da América Latina que acabam de se reunir em Manágua -, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse que “a direita reacionária e golpista não descansa” em seu intento de “destruir o PT e impedir que o maior líder popular brasileiro, Lula, seja nosso candidato nas eleições presidenciais de 2018”. Segundo a petista, “mais do que nunca necessitamos de um governo de esquerda de volta ao nosso país”. No mesmo discurso, sem ruborizar, a senadora aproveitou para se solidarizar com as ditaduras da Venezuela, de Cuba e da Nicarágua.

A estratégia petista de vincular o destino de Lula ao da esquerda - não só brasileira, mas latino-americana - parece estar funcionando bem, a julgar pelo lamento dos esquerdistas que já se consideram órfãos do chefão petista. Isso só comprova a miséria do pensamento dito “progressista” no País. Afinal, se essa esquerda, para existir, depende de um rematado demagogo condenado por corrupção, então é mesmo o caso de considerá-la moralmente extinta.”

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AGD comenta:

Aqui no Brasil, a discussão entre quem é de esquerda e quem é de direita, perdeu o sentido, nos últimos tempos, por só conhecermos a esquerda. Com a profusão de partidos que não são nem de um lado nem do outro, e sim, do dinheiro, não há ideologia que aguente.

Ainda bem que esta discussão está voltando e, pelo menos entre as pessoas esclarecidas, já há a sensação do que se chamou de esquerda no Brasil, nos últimos tempos, não passa de um tentativa de manter o poder a qualquer custo, quando nele se instala.

O projeto do PSDB de ficar mais 20 anos no poder no tempo de FHC, foi o mesmo seguido pelo PT na época Lula, só que estes queriam ficar para sempre. Hoje, já se vislumbra a possibilidade de subirem pessoas ao poder que se dizem de direita, sem medo e com possibilidade de conquistar votos.

Entre nós, não vislumbramos ainda a positividade da alternância de poder de ideias diferentes, e isto se deve a nossa formação histórica e cultural como Império. Vivemos sempre à procura de um imperador para ser D. Pedro III, e confesso que a ideia não é tão má quanto a introdução de outros regimes como parlamentarismo para o qual não estamos preparados, e pela nossa índole, nunca estaremos.

Penso eu que, num regime parlamentarista puro, nossa tendência seria ter um Primeiro Ministro por dia, o que seria uma catástrofe maior do que este presidencialismo que temos, e que agora estamos vendo quanto mal poderá fazer.


Enfim, na esquerda ou na direita, temos que ter um regime político em que possamos tocar as coisas do Estado (no seu mínimo possível) e vivermos como sociedade civilizada.

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