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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O início do fim do "almoço grátis"




Por Zezinho de Caetés

Eu nunca pensei que fosse tão difícil se livrar das eleições. Isto não é um mal em si mesmo, principalmente, nesta, onde o PT foi à breca. Então eu digo como os jovens: “Vamos curtir o momento”. E, para isto, nada melhor do que um texto “exato” como aquele abaixo transcrito do jornalista econômico Alberto Sardenberg, que já me cativou pelo título: “Ajuste, por bem ou por mal”, no O Globo de hoje.

Como todos os meus leitores sabem, eu, apesar de ser de outra área, fiz um curso de Economia que me deixou entender, pelo menos sua mais básica lição, dita, se não me engano pelo Milton Friedman certa vez: “Não há almoço grátis!”. Bastaria um pouco de meditação sobre esta frase para saber que, mesmo eu recebendo do Bolsa Família, sendo rico ou pobre, alguém está pagando por ela.

Com isto em mente, não há como ser contra o ajuste fiscal que está sendo proposto pelo governo Temer. E, como  não poderia deixar de ser, aqueles que estavam almoçando sem pagar nada estão temerosos, sejam ricos ou pobres. O que espero é que o custo do ajuste recaia sobre aqueles que deles se aproveitam, com grande observância daqueles que por um motivo ou outro, recebem o almoço grátis porque devido a fatores alheios a sua vontade não têm como pagá-lo.

Dito isto, eu adentro ao que já chamei atenção aqui, e que também é assunto do Sardenberg que é o fortalecimento do liberalismo no Brasil, que os petistas passaram a demonizar como o neoliberalismo, apenas para se locupletarem do poder através das classes menos favorecidas.

Ficou claro que, com o resultado das eleições, o Brasil mostrou que é mais liberal e conservador, quando as esquerdas foram simplesmente dizimadas nos seus maiores redutos e que seus representantes máximos, como o Lula, Dilma, PSOL e quejandos, foram varridos do mapa, apesar do meu conterrâneo, o Lula, ainda andar por aí tentando se livrar da prisão, espinafrando os vencedores, mas, preparando os punhos para as algemas.

E, quem pode discordar do articulista quando ele diz serem as eleições municipais a base para se saber o que pensam os brasileiros? Tenho certeza, lá no meu Caetés querido, berço nosso,  ainda guarda o lugar de Lula como asilado, o PT perdeu, se é que ele ainda existe por lá. E estou dizendo isto baseado só na intuição. Não há como fugir, o liberalismo está vindo ao Brasil. É um prazer conhecê-lo, por estas bandas.

E isto, vai ser um imperativo quando os prefeitos descobrirem que o Estado não pode tudo, e que um “mínimo” de sua atuação é o bastante para ele ser mais eficiente, deixando ao setor privado a tarefa de levar este Brasil ao rumo do crescimento. Não vai ser fácil, depois de ficarmos viciados a viver por conta dele, mas, como todo povo que quer se desenvolver, conseguiremos. Afinal, ainda sou um otimista.

Fiquem com Sardenberg que eu  vou tentar ganhar dinheiro para pagar as passagens de ônibus, que hoje não pago por ser idoso. E eu, como todos, uso a parte que me cabe no almoço grátis, mas, não ocuparia nenhum ponto de ônibus se ele faltasse.

“É difícil tirar uma tendência de eleições municipais num país tão amplo e tão diversificado. Mas, observando os principais centros políticos, as capitais estaduais e as cidades mais dinâmicas e de maior peso regional, pode-se dizer que a agenda de esquerda — a ideia de que o governo e suas estatais podem tudo — foi dizimada. Quanto à agenda liberal, o seu contrário, não se pode dizer que teve uma vitória esmagadora. Mas é certo que avançou em boa parte do país.

Essa discussão, no fundo, é a seguinte: o que fazer no pós-PT? Debate, aliás, que envolve até a esquerda. Como sobreviver sem o PT e, sobretudo, sem Lula, que está com seus dias políticos contados?

É verdade que tal discussão não apareceu explicitamente em boa parte dos municípios. Mas dava para perceber. Por exemplo, quando os candidatos petistas e/ou de esquerda esconderam a estrela, Lula e Dilma, estavam dizendo que uma era havia acabado. Quando candidatos de diversos partidos se diziam “não políticos”, estavam refletindo a crítica ao excesso de Estado, aos aparelhamentos. E, sobretudo, quando candidatos ao centro prometiam diminuir a máquina e cortar cargos, estavam apontando para o necessário ajuste de contas. Na mesma direção, muitos falaram de necessidade de parcerias com o setor privado para novos investimentos.

Os prefeitos eleitos que não trataram desses temas vão encontrá-los em janeiro na forma de uma dura realidade. Os municípios estão quebrados. Há exceções, claro. Há cidades médias bem administradas e, sobretudo, há municípios que têm boa capacidade econômica para gerar receitas e atrair investimentos privados.

Mesmo esses, porém, estão necessariamente em regime de restrição. Os problemas estão ali onde os políticos menos gostam: no próprio setor público e, dentro deste, na folha de pessoal.

De 2001 para cá, surfando na bonança econômica que trouxe expressivos ganhos de receita para os governos federal, estaduais e municipais, o setor público gastou boa parte disso contratando pessoal e concedendo aumentos salariais.

O número de funcionários nos municípios simplesmente dobrou nesse período. E os salários reais, em média, subiram coisa de 50%. No geral, os prefeitos, como muitos governadores, administraram como se nunca houvesse a possibilidade de uma redução nas receitas. Era como se todo ano houvesse mais dinheiro que no anterior.

Ou seja, querendo ou não, os prefeitos eleitos terão diante de si um ajuste fiscal. A reação imediata de muitos deles, talvez da maioria, é correr para Brasília. Podem levar alguns trocados, mas nada que resolva, dada a situação de penúria também do governo federal.

A alternativa é dura: ou fazem o ajuste ou logo faltará dinheiro para pagar as contas do dia, inclusive salários, o que já ocorre em algumas cidades.

Dito de outro modo, a agenda liberal é inevitável: enxugar a máquina, cortar gastos de investimento e custeio, dar um jeito de segurar a folha — nada de novas contratações e reajustes de salários — buscar eficiência na gestão, concentrar o dinheiro que tiver em saúde e educação e chamar o setor privado para as necessárias obras.

Quem não fizer isso vai fracassar. Quem fizer, terá de ser muito bom político para vender a agenda como positiva, ao menos no início da gestão. Esse tipo de programa impõe sacrifícios na partida, deixa a administração com alguma folga nos anos finais, os mais perto da nova eleição municipal e no momento do pleito nacional e estadual.

Tudo considerado, temos um período interessante pela frente. O PSDB, o grande vencedor, terá de mostrar que toca efetivamente uma agenda liberal e exibir resultado nas principais conquistas, como a cidade de São Paulo. É com elas que vai se apresentar em 2018. O DEM renasceu e vem forte com alguns nomes importantes, a começar pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. O PMDB, bem, todos sabem, buscará a agenda mais adequada para o momento, que é a do ajuste.

Os demais partidos, os pequenos, que tiveram boas vitórias serão testados. Na verdade, não os partidos, mas os prefeitos pessoalmente, já que, para eles, a fidelidade partidária não existe.

O Rio com Crivella e o projeto evangélico é um caso à parte. Vai depender de como andar a administração.

O PT? Parte quer simplesmente deixar e/ou acabar com a legenda. Outra parte quer que o partido se legitime como esquerda socialista, declarando-se pela extinção do capitalismo. Se for assim, uma parte acaba, a outra vai para o gueto da esquerda.


A ver.”

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