Por Zezinho de Caetés
Hoje é dia de rever os mortos. E
o PT não poderia ser esquecido de forma nenhuma. Por isso, é hora de rezar para
que ele descanse em paz e não nos assombre. Eu tenho meus mortos para rever e o
farei ao longo do dia, mas, não sem antes tentar fornecer uma leitura boa para
os leitores, para quando voltarem do cemitério.
O que encontrei de melhor foi um
editorial do Estado de São Paulo de hoje, no qual o jornal se posiciona quanto
à morte do PT e das esquerdas nas últimas eleições, mas, também fala de sua
tentativa de não saírem do corpo velho que lhe pertencia. Transcrevo-o lá
embaixo (“Uma ‘consulta’ muito estranha”).
Relacionado com o editorial, eu
assisti ontem ao grande espetáculo da leitura do relatório da PEC do Teto, com
mais um esforço do PT em não deixar este mundo, na Comissão de Constituição e
Justiça do Senado. Logo mais cedo estava assistindo a outra reunião da Comissão
de Assuntos Econômicos, que é presidida pela notória Gleisi Hoffman. Claro que
ela deu o seu show particular, mas, quem brilhou foi o outro notório Roberto
Requião.
E ouvi algo que ainda não tinha
ouvido, talvez por falta de audácia em relação ao senador do Paraná, o estado
das escolas invadidas e do juiz Sérgio Moro, para vocês verem os contrastes do
nosso Brasil. Ele defendeu a tese de que a PEC 241 é o prenúncio do Estado
Mínimo, que é o que pretende o governo Temer. Fiquei atento porque este é o meu
sonho. No entanto, vi que tudo não passava de mais uma sessão de jus esperniandi do que restou da
esquerda.
Se a PEC do Teto levasse ao
chamado Estado Mínimo, que é aquele onde as pessoas têm o direito de viver,
produzir, consumir sem a brutal interferência do poder público patrão que diz
para onde eles devem ir, eu a apoiaria ainda mais. O que ela é na verdade é um
esforço para que dentro em pouco não nos tornemos um país como a Venezuela que
está passando do Maduro para o podre numa velocidade espantosa.
Mas, se tudo der certo, e espero
que o Temer “segure a peteca”, se não
chegarmos ao Estado Mínimo, teremos a partir do próximo ano, pelo menos, o
Estado Congelado. Quem sabe em 2018 não possamos eleger alguém que esteja
disposto a fazer seu descongelamento, não para aumentar sua influência, mas,
para diminuí-la ainda mais?
É com este otimismo que lhes
deixo com o editorial citado, para ir homenagear os mortos. Quem sabe encontro
lá o João Paulo, o Humberto Costa e outros rezando no túmulo do PT? Embora,
aqui no Recife, pelo tamanho da derrota do seu candidato, ele deve ter sido
incinerado. Esperemos a data de jogar as cinzas, que deve ser em Cuba, junto às
de Fidel.
“Começou a tramitar ontem no
Senado a PEC do Teto, já com parecer favorável, sem emendas, do relator Eunício
Oliveira (PMDB-CE). Aprovada em dois turnos por ampla maioria na Câmara, essa
proposta, considerada vital pelo governo, será votada agora, também em dois
turnos, pelo Senado. O Palácio do Planalto confia em que a decisão da Câmara
será tranquilamente confirmada pelos senadores, permitindo que a PEC seja
promulgada até 13 de dezembro. Chama a atenção, contudo, o resultado colhido
até o meio-dia de ontem pela consulta pública promovida pelo Senado na página
e-Cidadania de seu site: cerca de 95% das quase 300 mil pessoas que haviam se
manifestado são contra a PEC do Teto.
Das duas, uma: ou o Congresso
está prestes a tomar uma decisão ao arrepio da vontade da maioria dos
brasileiros ou essa pesquisa não reflete exatamente a realidade. A verdade,
como de hábito em questões muito polêmicas, parece estar no meio. Há,
efetivamente, no Senado, uma minoria oposicionista, integrada principalmente
pelo finado PT e aliados, que perdem o pelo, mas não perdem o vício. Quem
acompanhou o aguerrido desempenho dessa turma na comissão do Senado que aprovou
o processo de impeachment sabe como ela atua: muito grito e pouco senso, porque
quando a derrota é inevitável o que importa é marcar posição. E não se pode
ignorar que o tipo de consulta feita pelo Senado se presta à manipulação por
qualquer grupo militante.
Por outro lado, a proposta de
estabelecer um teto para os gastos públicos é, por definição, impopular,
principalmente num país em que o predomínio do patrimonialismo – que anda de
braço dado com o populismo – habituou as pessoas, especialmente as mais
humildes e desinformadas, a acreditar na ideia de que o governo é o Grande
Provedor e que as pessoas não precisam conquistar nada por si mesmas. Basta
votar nos seus protetores, que eles se encarregarão de “distribuir” a riqueza
entre todos.
Contando com tão sedutor
argumento, petistas – que agora se agarram a qualquer coisa para sobreviver – e
“esquerdistas” em geral partiram para o ataque à PEC do Teto, com a mentira de
que a medida “congela por 20 anos” os gastos, principalmente em educação e
saúde. E imediatamente os estudantes passaram a ocupar as escolas – não
necessariamente as suas – e as organizações sociais saudosas das benesses oficiais
se prepararam para sair às ruas e deflagrar uma “greve geral”. Tudo para
impedir que o governo dito golpista, com o apoio da mídia monopolizada, ouse
subtrair “um direito sequer” dos trabalhadores.
A tropa de choque petista, ainda
que lambendo as feridas da surra nas urnas, mantém-se mais ativa do que nunca
no Senado. A Comissão de Direitos Humanos, sob a coordenação da senadora Fátima
Bezerra (PT-RN), promoveu debates sobre os “cortes de recursos para educação e
saúde”, para os quais foram escolhidos a dedo “debatedores” unanimemente
contrários à ideia de reduzir os gastos. Não faltou nem mesmo a musa das
ocupações de escola, a estudante secundarista paranaense elevada à condição de
porta-voz dos fracos e oprimidos, que arrancou delirantes aplausos, e algumas
lágrimas, ao declarar que os senadores que ousarem aprovar a PEC ficarão com
“as mãos sujas de sangue”. Os pais dessa menor de idade, ao que parece,
permitem gostosamente que a filha seja usada politicamente – e o mesmo ocorre
com as autoridades, que deveriam resguardar a adolescente.
A senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), ré no STF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, apresentou
emenda para que a PEC do Teto, se aprovada no Senado, seja submetida a
referendo popular antes de ser promulgada. A justificativa é que a grande
maioria dos brasileiros não sabe exatamente o que é a PEC do Teto e por isso,
antes de entrar em vigor, a emenda precisa passar por uma ampla discussão e
pela aprovação popular. Argumento que coloca em xeque a consulta pública
promovida pelo Senado, pois, mais uma vez, das duas, uma: ou bem a população
não conhece a proposta ou bem 95% dela conhece e está contra. Outra hipótese
plausível é a de que o resultado dessa consulta pública não interessa apenas
aos petistas, mas convém também ao presidente do Senado, Renan Calheiros, e
outros senadores, na medida em que valoriza substancialmente o precioso bem que
eles têm a oferecer ao governo: a aprovação da PEC do Teto.”
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