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segunda-feira, 30 de maio de 2016

A semana - Renan e Sarney entram na farra das delações. E o Cunha repete: "Tchau, querida!"




Por Zé Carlos

Difícil até começar esta coluna hoje. O que se tinha para sorrir já se sorriu. Basta ligar a TV, ver o noticiário e bolar de rir. Vejam que até ontem, no domingo, quando pensava que havia fechado este espaço semanal, lá vem uma nova delação. Isto já está ficando monótono. Se não fosse sobre o Ministro da Transparência, Fiscalização e Controle do governo Temer, eu nem comentaria aqui. Ou seja, o Temer colocou a raposa para tomar conta do galinheiro. Estamos realmente num mato sem cachorros. Está difícil para o Temer, o nosso mordomo vitalício.

No entanto, precisamos continuar e voltar para o início da semana, para “torturar pelo riso” os nossos parcos leitores. Oh! Missão cruel!

A semana praticamente começou com os congressistas tendo que trabalhar. Não, não riam, eles ficaram um dia inteiro julgando os vetos de nossa musa, a Dilma, para poderem votar a meta fiscal do Temer que, tentando imitar a Dilma, foi dobrada. A Dilma dizia que gastou além da conta, e Temer descobriu que não havia nem conta. E os congressistas, coitados, tiveram que trabalhar, fazendo o trabalho de 1 ano em um dia, para não deixar o Temer, o mordomo, servindo aos fregueses numa bandeja vazia. Viraram à noite em um show de humor de quase 24 horas de duração, do qual eu só consegui ver algumas partes. Claro que o destaque foi para turma do PT cuja função era se fazerem de palhaço atirando tortas nas caras dos outros para fazer rir o distinto público. E digo, que só se conseguiu terminar o show porque a Gleisi Hoffman dormiu no palco. Renan aproveitou o cochilo e encerrou o show, com a vitória dos humoristas do Temer.

Por falar em Renan, fazia tempo que ele não protagonizava um espetáculo como o fez esta semana. Além de levar adiante o prometido ao Temer, de aprovar o rombo do orçamento, ele se meteu no maior imbróglio da semana, quando o ex-senador Sérgio Machado, o homem bomba da semana, delatou tanto e tanto, que esta semana vai ficar conhecida na história como a “Semana da Delações”. Os mais atingidos até agora são o Jucá, o Sarney e o próprio Renan, que de tão amigo do Sérgio Juruna, como o chama nosso colaborador o Zezinho de Caetés. Basta dizer que o Juruna moderno era tão amigo do Renan, que deve ter gravado até um “pum”, cujo som foi colocado como inaudível. Mas, bastam os poucos sons audíveis para verificar que  “se gritar pega poltrão, não fica um, meu irmão!”.

O que se pode concluir das “delações seriadas” do “gravador geral da república”, seria de fazer chorar qualquer um que não soubesse que vivemos no Brasil, onde se sabe, desde o Pero Vaz de Caminha, que nosso lema é “mateus primeiro os teus!”. Quando o Renan diz, entre um “pum” e outro que o Procurador Geral da República é um mau caráter, seria uma ofensa grave se não soubéssemos que o show de humor deve continuar, pois o Janot, que foi o xingado, está com tantos processos de Renan nas mãos, e nada faz, que corrobora sua “piada”. E o Sarney, dizendo que o Lula agora só vive chorando, e, eu pegando o mote digo que deve estar chorando tanto que não pode nem falar mais, pois é o Instituto Lula que por ele fala. Pareceria uma coisa muito séria e nem deveria constar desta coluna semanal. No entanto, quando vemos o humor neste país não tem fim, não temos como não colocar. Afinal de contas, aqui até se pratica o estupro coletivo (argh!).

E o que os gravados falam da nossa musa a Dilma, chega dá pena, se ela também não aprontasse das suas. Sua vida agora é andar por este país, contando, além da lorota do golpe, que é uma mulher extremamente honesta, que é a piada que foi tanto utilizada pelo PT que se gastou no meio das delações. Sua missão agora é, mesmo afastada, não sair da ribalta dos risos. Basta ver uma de suas últimas entrevistas para mostrar a força interior de nossa, ainda hoje, a maior pândega, seguida de perto pelo Lula, e vindo por fora agora, muitos outros que serão assuntos preferenciais nesta coluna:

“Folha - Vamos começar falando sobre o impeachment.

Dilma Rousseff - Pois não.

A senhora precisa ter 27 votos contrários a ele no Senado.

É melhor falar que precisamos de 30.

E só teve 22 na votação da admissibilidade. Acredita mesmo que pode voltar?

Dilma Rousseff - Nós podemos reverter isso. Vários senadores, quando votaram pela admissibilidade [do processo de impeachment], disseram que não estavam declarando [posição] pelo mérito [das acusações, que ainda seriam analisadas]. Então eu acredito.

Sobretudo porque as razões do impeachment estão ficando cada vez mais claras. E elas não têm nada a ver com seis decretos ou com Plano Safra [medidas consideradas crimes de responsabilidade].

Fernando Henrique Cardoso assinou 30 decretos similares aos meus. O Lula, quatro. Quando o TCU disse que não se podia fazer mais [decretos], nós não fizemos mais. O Plano Safra não tem uma ação minha. Pela lei, quem executa [o plano] são órgãos técnicos da Fazenda.

Ou seja, não conseguem dizer qual é o crime que eu cometi. Em vista disso, e considerando a profusão de detalhes que têm surgido a respeito das causas reais para o meu impeachment, eu acredito que é possível [barrar o impedimento no Senado].

A Folha - A senhora se refere às conversas telefônicas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, com os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros e com o ex-presidente José Sarney?

Dilma Roussef - Eu li os três [diálogos]. Eles mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da Operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a "sangria" continuaria. A "sangria" é uma citação literal do senador Romero Jucá.

Outro dos grampeados diz que eu deixava as coisas [investigações] correrem. As conversas provam o que sistematicamente falamos: jamais interferimos na Lava Jato. E aqueles que quiseram o impeachment tinham esse objetivo. Não sou eu que digo. Eles próprios dizem.”

Claro que não vou citar a entrevista toda porque quero meus leitores ainda vivos, porque ao ler que a Dilma, a própria, diz que o Renan, o Jucá e Temer, contaram a piada da sangria, não aguentariam continuar. Como é que se pode pensar que um humorista que depende de todos os outros para o seu sucesso fale mal de alguém com seriedade. Pelos bigodes de Sarney! Claro que só pode ser piada. Enfim, o único cara sisudo que ainda continuo a observar, e até hoje não disse uma piada sequer e portanto, está quase ausente desta coluna, é o juiz Sérgio Moro. Este realmente é muito ruim de humor. Só fala coisas sérias. Que chato! Vejam que a turma que ele comanda, a chamada operação Lava Jato, faz sucesso com outros gêneros da arte, mas, no humor, é zero à esquerda. Somente para continuar na linha do humor dilmiano cito mais um trecho da entrevista da Dilma, nossa eterna musa:

“ Folha - Mas era melhor cair a fazer um acordo político com ele [Eduardo Cunha]?

Dilma Roussef - Fazer acordo com Eduardo Cunha é se submeter à pauta dele. Não se trata de uma negociação tradicional de composição. E sim de negociação em que ele dá as cartas.

Jamais eu deixaria que ele indicasse o meu ministro da Justiça [referindo-se ao fato de o titular da pasta de Temer, Alexandre de Moraes, ter sido advogado de Cunha]. Jamais eu deixaria que ele indicasse todos os cargos jurídicos e assessores da subchefia da Casa Civil, por onde passam todos os decretos e leis.

Folha - A senhora se refere a nomeações do governo interino?

Dilma Roussef - Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura [deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara]. Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha.

Folha - Não haverá, na sua opinião, governo Temer possível?

Dilma Roussef - Vão ter de se ajoelhar.”

Vocês podem ver, se ainda estiverem conseguindo ler, a capacidade de inventar da nossa musa. Vai se passar muito tempo para aparecer outro humorista deste jaez. Vejam bem que toda esta briga com o Cunha, nosso Malvado Favorito, foi porque ele se recusou a fazer um show junto com ela. Agora, onde um chega com sua trupe ou outro sai de fininho. Vejam uma parte do show do Cunha, que poderia se chamar, se juntassem com o da Dilma, de “A Casa dos Enforcados”, onde no cartaz de propaganda da peça deveria estar o Teori Zavascki chutando o banquinho e deixando a corda esticar, retrucando a fala de Dilma em forma de mensagens, para provocar mais riso ainda:

“A primeira mensagem:

“Além da arrogância e das mentiras habituais, ela demonstra a sua incapacidade e despreparo para governar”.

A segunda mensagem:

“Além do crime de responsabilidade cometido e que motivou o seu afastamento, as suas palavras mostram o mal que ela fez ao país”.

A terceira mensagem:

“O custo da reeleição de Dilma para o povo brasileiro já está em 303 bilhões de déficit público, além de uns 700 bilhões de juros da dívida”.

A quarta mensagem:

“Com o descontrole das contas públicas, aumenta a inflação e a despesa de juros da dívida pública. A sua gestão foi um desastre”.

A quinta mensagem:

“Dilma mente tanto que já estamos aprendendo a identificar quando ela mente. Basta mover o lábios”.

A sexta mensagem:

Se até o Lula se arrependeu de ter escolhido ela, imaginem aqueles que ela fez de idiota, mentindo na eleição”.

A sétima mensagem:

“Para ela, apenas uma frase: Tchau querida”.”

Quando juntamos tudo isto e vemos que este é o grande debate político nacional, deveríamos nos juntar ao Lula em seu choro convulsivo. Eu só não o faço, agora mesmo, porque nesta coluna não entram coisas sérias. Só o humor abunda. E, não para rimar, mas para terminar, li que o Sérgio Juruna chamou nossa musa de “presidente bunda mole”. Aviso aos leitores que ele se referia ao período de antes da Dieta Ravena, cuja meta é deixar a sua “bunda dura”. A Dilma, a essas alturas, já deve ter dobrado a meta.


Fico por aqui à espera das novas e alegres delações, cuja fila cada vez mais se parece com as filas para arranjar emprego. Vem aí a do Pedro Correa, e a que é considerada a “delação das delações” que é a da Odebrecht, isto se o Zé Dirceu não decidir fazer a sua. Seria uma farra!

2 comentários:

  1. José Fernandes Costa30 de maio de 2016 às 23:16

    Prezado Zé Carlos: será que alguém iria ler um texto desse tamanho??? - Você acredita??? - Note: quando a gente escreve, é pra ser lido. - Se é pra não ser lido, MELHOR NÃO escrever. - Esse é só o meu pensamento!!! - Quem sabe se você não tem centenas de milhares de leitores???!!! - ObrigadOOO!!!!!!! /.

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    1. Caro Zé Fernandes,

      Obrigado por ler-me, pelo menos o título, que já mostra que o texto será longo pois se trata de delações, que parecem nunca acabar. E quando tenho que citar a Dilma, que é a musa da coluna, em termos de humor, então fica mais difícil ainda ser conciso.

      Quanto ao número de leitores, contando com você que só lê o título, já tenho mais de 10, o que não é pouco vendo quão pouco se lê neste país.

      Mas, obrigado pelo conselho para ser mais conciso. Tenta-lo-ei seguir. Um abraço.

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