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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Tenham um Feliz Natal, se puderem...




Por Lucinha Peixoto (*)

Eu disse que estava escrevendo sobre o Natal e estava mesmo. Fui interrompida pelo Sr. Ccsta e pelo Xico Pitomba, que não respeitam nem o natal dos outros, já que eles mesmos não o tem. Agora vou tentar fazê-lo sem muita certeza de quando o poderei publicar.

Quando escolho um tema para escrever, primeiro vejo minha experiência pessoal e de preferência me reporto ao meu querido Bom Conselho onde passei bons natais em minha vida. Desde tenra infância, quando o principal parque de diversão era na Praça Lívio Machado e constava apenas dos barcos e dos “trivolins” como chamávamos aos carrosséis, tão pobrezinhos, coitadinhos.

Mas, a principal diversão não era esta de parque, que também tinha a “onda”, que era uma espécie de círculo com cadeiras que girava em torno de um mastro e fazia-nos subir e descer, mas sim as rodadas na Pedro II, e as brincadeiras com as colegas na própria praça.

Não me lembro de Papai Noel por lá nesta época. E só agora lendo o texto da Tereza Halliday, que li no Diário de Pernambuco,  e que transcrevo abaixo, onde ela questiona sobre o que tem o natal a ver com Jesus. O Papai Noel segundo ela foi uma invenção da Coca-Cola. Morrendo e aprendendo, como já dizia o mosquito da dengue que não quis fugir do fumacê. E ainda falam dos americanos. Nós, para quem hoje é Deus no céu e Papai Noel na terra, falamos deles com desprezo, quando inventamos esta onda de que “o que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil” , quando dizíamos o contrário antes e hoje apenas sabemos os imitar.

Os nossos heróis são o Macunaíma e o Saci-Pererê, e falamos do Super Homem porque ele é americano. É o nosso velho complexo de vira-lata. Nos sentimos bem em falar mal do que é correto porque não podemos sê-lo, e quando já estávamos conseguindo, vem o governo Lula e finge que somos um país grande e que já podemos competir com o mundo. Esquecemos nossos problemas, todos resolvidos pela ascensão ao mercado de consumo de 28 milhões de pessoas, que antes não sabiam que Papai Noel existia e agora sabem. Se a crise continuar, eles irão odiar o Lula Noel, pois querem o Papai Noel e não o terão no próximo natal.

Vejo que estou muito pessimista, e não era para menos. Esta semana não pude ser o que normalmente sou, uma otimista. Comecei dizendo que o Brasil não é sustentável com o que aí está, me defendi dos meus perseguidores e venho escrever sobre o Natal. O que vocês queriam? Que eu começasse cantando “Gingobel”? O melhor que faço para não continuar tornando pessimistas aqueles que me lêem, é deixar vocês lerem alguém que transmita mais otimismo do que eu. Fiquem com a Tereza Halliday e tenham um Feliz Natal, se puderem. Enquanto isto eu fico aqui tentando um “sinalzinho” da rede para publicar isto.         

“O dicionário registra duas acepções para o verbete “natal”: adjetivo derivado de nascimento, como na expressão “acompanhamento pré-natal”, envolvendo as gestantes; e substantivo masculino designando a festa religiosa dos cristãos, para celebrar o nascimento de Jesus, seu mestre, Deus encarnado e Salvador. Falta dicionarizar um terceiro significado do termo: Natal - evento de consumo e encontros sociais manifestado por copiosas compras de objetos, comidas, bebidas e reuniões de confraternização; beneficia-se do sincretismo com a celebração religiosa do mesmo nome.

Esse Natal nada tem a ver com Jesus, o do Sermão da Montanha. Deveria ser chamado Natal Social ou Natal Consumal. É festa laica, profana, tingida de sentimentos de solidariedade sazonal e desejos de ganhar presentes, inculcados desde cedo nas crianças. Sua ocorrência produz marcantes efeitos comerciais e psicossociais. Seus promotores e participantes (quase todos nós) vestem a camisa da comemoração do aniversário de Jesus e apropriam-se de símbolos ligados às tradições festivas dos cristãos: o presépio, as canções para enternecer, a árvore de Natal, os Três Reis Magos, o personagem de marketing Papai Noel, criado pela Coca-Cola em meados dos século XX - caricatura do lendário bispo Nicolau (anos 270 - 343) de Myra, Turquia, que teria sido um presenteador secreto de dinheiro aos necessitados.

No Natal Social, muitos sofrem quando não podem comprar roupa nova, pintar a casa, estar acompanhados, corresponder ao modelo de felicidade natalina proposto por marqueteiros e mídia. Também é o tempo de ser pressionado a ajudar os de renda mais baixa a descolar “as festas”, em caixinhas com fendas para o donativo, envelopes de entregadores de jornais e listas de funcionários de condomínio. Argumentos induzindo à solidariedade ou ao sentimento de culpa são usados por pessoas físicas e jurídicas nesta época. Mas os paupérrimos também precisam de comida nos dias que não são “de Natal”.

 O Natal festa do aniversário de Jesus, que se convencionou celebrar a 25 de dezembro, oferece grande oportunidade aos que aceitam a sua mensagem de Paz, Simplicidade e Perdão: refletir sobre a imensa responsabilidade de ser cristão, caso queira sê-lo de verdade. O Natal Social, evento de consumo e de contatos, plenifica-se nas estatísticas do aumento de vendas e endividamento. É azáfama, excesso de agitação, escassez de paz. Busca encher o vazio com muita luz, cor e som. No sincretismo das duas festas homônimas, há que estar consciente das diferenças fundamentais entre elas. E, já que são duas, desejemos com benevolência: Felizes Natais!”

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(*) Em tempos de não muita produção para o blog sempre me valho dos amigos para que nossos leitores tenha sempre uma boa leitura diária. Desta vez minha vítima é a amiga Lucinha Peixoto, de quem reproduzo um texto que saiu originalmente no seu Blog em 23 de dezembro de 2011 (aqui). Lucinha é sempre uma leitura agradável, e com ela já desejo um Feliz Natal para todos. (Zé Carlos).

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