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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Recordar é Viver - O fim do mundo?! (12/11/2011)



Por Zezinho de Caetés 

Hoje estava lendo um texto da Miriam Leitão que ela intitula de “Aldeia Global”. O título ela tira das aventuras de uma tira de jornal antiga, que eu também lia, e até já fizeram filme sobre: Obelix e Asterix. Ela se reporta ao que acontecerá se até o dia 2 de agosto os Estados Unidos, por não haver acordo entre executivo e congresso para aumentar o limite de seu endividamento, eles declararem moratória.

Eu chego me arrepiei todo. Não porque isto seja fácil de acontecer, mas porque há a possibilidade de acontecer. A mais forte e exemplar democracia do mundo, o país com maior liberdade econômica no planeta, pode ser vítima de suas próprias virtudes, e assim sendo levar o mundo de roldão.

Se como ela diz, a hipótese é tão remota que os economistas nem pensaram nas conseqüências, como um curioso como eu poderia imaginar o futuro dentro de um buraco negro como este?  Leiam o texto e eu volto depois e espero, antes do dia 2 de agosto.

“Abracurcix, chefe da aldeia de Obelix e Asterix, na Gália, só tinha um medo nessa vida: o de que o céu caísse sobre sua cabeça. Assim estamos atualmente na economia mundial, temendo o que sempre pareceu tão absurdo quanto definitivo: o de que a dívida americana caia sobre nossas cabeças. O Congresso dos Estados Unidos brinca com os nervos do mundo.

E se... os Estados Unidos declararem moratória? Esse começo de pergunta jamais esteve associado ao resto da sentença. E vai se aproximando o dia fatal, 2 de agosto. Se até aquele dia o Congresso dos Estados Unidos não elevar o teto do endividamento, o país de maior economia, maior dívida, maior peso global, não poderá rolar sua dívida.

Na verdade, não se sabe bem o que acontecerá neste dia seguinte ao apocalipse, porque de tão improvável nunca foi pensado. Os economistas preferem nem raciocinar sobre hipótese tão terminal.

Os EUA emitem a moeda de referência do planeta e sempre foram o porto seguro para o qual voam os capitais quando há qualquer risco em qualquer lugar do mundo, ainda que seja lá mesmo.

Em 2008, a crise estourou nos Estados Unidos, e o capital do mundo fugiu de todo o planeta e foi se abrigar no seguro e pouco rentável mundo dos títulos do Tesouro americano.

Tudo é tão esquisito que tem sido deixado de lado, como hipótese. Fala-se dela como aberração, mas não com uma análise da sucessão de eventos que seriam detonados por tal cataclisma.

Um alerta da China aqui, outra reportagem ali, exortações do presidente Barack Obama acolá. As negociações permanecem travadas no Congresso americano, mas tudo é tratado com a certeza de que, no minuto final do filme de suspense, chegará a cavalaria, e impedirá o fim do mundo.

Neste fim de semana, a nova diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que não consegue pensar nem por um minuto nessa possibilidade.

Se alguém fizesse sequer esta leve menção, mesmo para negá-la, de um calote da dívida americana tempos atrás, passaria por louco, como o chefe da aldeia gaulesa que andava com o escudo na cabeça para se proteger da eventualidade de que o céu não se aguentasse lá em cima.

Mas ontem parecia que os sete céus estavam para cair nas nossas cabeças. Como se não bastasse a crise americana e sua dívida mamútica de US$ 14 trilhões, ontem passaram a duvidar da capacidade da Itália de pagar sua dívida.

Jim O’Neill, do Goldman Sachs, o mesmo que inventou o conceito Brics, disse que a Zona do Euro não consegue absorver uma crise de bônus da Itália, a oitava economia do mundo e a terceira do bloco, de US$ 2,6 trilhões.

Além disso, o stress é o “teste de stress” a que estão sendo submetidos os grandes bancos europeus, uma espécie de superaveriguação dos riscos que as instituições correm diante do cenário de queda em dominó de países da Europa.

Estão em dificuldade, como se sabe, Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália. A Itália ainda tem que pagar 200 bilhões este ano. O país tem uma dívida que é cronicamente alta — por volta de 120% do PIB —, o ministro das Finanças está caindo, e o governo italiano está pagando o dobro de juros que os alemães pagam para rolar suas dívidas, quase o mesmo preço pago pela Espanha.

Como se fosse pouca a confusão, a crise política na Inglaterra subiu ontem de patamar com a descoberta de que o finado jornal “News of the World”, quando era dirigido pelo até recentemente porta-voz do primeiro-ministro, David Cameron, invadiu os e-mails de Gordon Brown que, à época, exercia o cargo de primeiro-ministro.

No Parlamento britânico, os temperamentos ferveram de forma nada britânica. O ministro da Cultura foi prestar esclarecimentos e foi vaiado pela oposição. O líder da minoria trabalhista, Ed Miliband, disse que era um insulto ao Parlamento o primeiro-ministro Cameron não ter ido dar pessoalmente as explicações para os problemas e que o governo estava, diante do escândalo, em completa desordem. Foi a vez de os conservadores gritarem.

Literalmente.

Estava tão animado o Parlamento britânico que até a rede americana CNN cortou rapidamente das declarações do presidente Obama para transmitir ao vivo de Londres, enquanto as bolsas caíam por temer o colapso da Itália.

Mas o risco não é de que os Estados Unidos deixem de pagar a dívida? É. Tecnicamente, é isso. Se o Congresso não elevar o teto da dívida, o governo americano teria então que negociar com os detentores dos títulos vencendo uma prorrogação do pagamento. Neste caso, os títulos do Tesouro que são considerados referência de risco zero passariam a ser arriscados.

Os afetados seriam os maiores detentores dos papéis do Tesouro. O primeiro da lista é a China. O Brasil é outro grande detentor. Outros atingidos seriam as seguradoras que garantiram esses papéis.

Estão vendo como é impensável? Na hipótese de tudo isso acontecer, o crash de 1929 pareceria brincadeira de criança. É por isso que todos preferem apostar que o Congresso americano vai ceder. Abracurcix tem razão: melhor se proteger segurando o escudo na cabeça.”

Para tornar mais claro isto, imaginem uma cidade do interior como a minha ou do Zé Carlos, onde todos os habitantes confiassem tanto numa pessoa que depositassem todos suas economias, em época de crise, em seu cofre. Um belo dia este senhor, por causa de um briga familiar resolve não devolver aquilo que os habitantes colocaram lá. De um dia para o outro todos acordariam mais pobres, os próprios habitantes, ao saberem do calote, começam a cobrar suas dívidas e querem receber não aquela que está no cofre em “dólares americanos”, mas noutra espécie qualquer em que eles confiem.

Chegariam logo a conclusão de que não haveria tal moeda, pois ninguém mais confiaria em ninguém, e todos passam a viver com os bens que lhes restaram. Quase que voltariam a uma economia de trocas, ou seja, as trocas se dariam na base três pães por duas bananas, etc. etc.

Só rezando!

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