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quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Vida Enquanto Aprendizagem.




Por Carlos Sena (*)

Aprendi que respeito ao semelhante é quase que uma religião, se quisermos viver bem conosco. Conosco, porque sempre se diz com o outro. Prefiro começar por mim, porque a tolerância tem que chegar primeiro em cada um, para depois chegar ao outro no processo da relação conosco.

Por isso aprendi que tenho que ter vários "EUS" dentro de mim, para poder conviver com vários "OUTROS" dentro dos outros. E, deste modo, meus "EUS" nem sempre se entendem e travam consigo verdadeiras batalhas, muitas delas terrivelmente "sangrentas".

Aprendi, com isso, que o mundo moderno estimula à predominância da aparência tanto física quanto emocional. Algo como não bastar ser, mas apenas parecer. E não são poucos os que vivem por  aí vivendo apenas querendo ser e, naturalmente, "querendo" distância do que seja consistente, firme, verdadeiro. Por isso aprendi que o próprio transitório como o "culto ao corpo sarado" e relações afetivas pouco duradouras (dos ficantes) tem assumido formatos supostamente definitivos. E, então, novamente aprendi que esse modo de vida equivocadamente inventado tem levado pessoas a um futuro de solidão e tédio. Porque ( e isso também aprendi) o terceiro milênio, a era de Aquarius, não combinam com essas atitudes imediatistas e superficiais que o mundo moderno estabeleceu como forma.

Nesse meio de concepções tão supostamente revolucionárias, antigas instituições como a Família vão retomando seu poder instituidor de proteção às pessoas que, não raro, se perdem em si no vazio que mais cedo ou mais tarde caem. A idade avança, o corpo sarado despenca, os amigos se dissipam, e a família poderá estar ali, como salvadora. Ou não?

No final, a vida nos mostra que, de fato, não podemos nos desvencilhar dos nossos EUS, porque os outros cada vez mais se perdem em si. Nós, isso temos que continuar aprendendo, porque a vida moderna, os valores, os amores, todos estão cheios de armadilhas para nos fragilidade. Pois o homem moderno tem sido frágil na sua condução de vida e tem se permitido aos modismos dos "mass mídia".

Aprender com a vida se faz imperioso, porque as nossas universidades, na sede do lucro fácil, vendem apenas informações, não "FORMAÇÕES" como um dia já foi afeita com mais ênfase. Por isso, para se conviver com pessoas cheias de informação, temos que ter muito respeito conosco, pois só assim, com o exercício diário, podemos conviver bem com os outros. Isso, eu também aprendi. Ou não?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 20/05/2014

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