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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A Terra da Gente




Por Carlos Sena (*)

Disse o poeta Mario Quintana: "Na terra da gente até a dor dói menos". E eu acrescento: na terra da gente qualquer alegria se torna uma grande alegria. Porque a lógica uterina parece se repetir quando se trata da nossa terra, do nosso chão. Isso a gente consegue sentir mesmo distante quando algum fato nos remete ao passado, como por exemplo,  o cheiro de terra molhada. Principalmente porque nos transporta para a infância onde a gente saia pra chuva pela chuva. Muitas vezes vinham com a chuva as tanajuras, ou apenas as juras da natureza nos anunciando um bom inverno tenazmente.

Na terra da gente a gente taz festa por nada. Encontra um amigo e haja bate papo e haja encontrs de ontens e hojes como se o tempo parasse ali, em nossa frente. Na frente do tempo, tempestades também se nos poderão invadir a alma. Mas, será nessa hora que a dor irá doer de menos. A dor quando nos invade em nossa terra é circunstancial do existrir. Quando ela acontece fora dela é ocasional... Asssim, sendo "a ocasião quem faz o ladrão", fora da nossa terra  a gente fica vulnerável e inseguro diante da dor. Na terra da gente não,  pois lá é a dor quem nos sente. Sofrendo por nós nos consente aos unguentos: o colo da familia. As preces dos amigos. Os sinos da capela nos chamando pra rezar. Até o coaxar dos sapos,  o reluzir dos pirilampos, o canto solitário das cigarras na copa da mata, nos servem se relaxante para a alma dolorida.

Na terra da gente a gente tem que SER com ela. Ela pode ser de qualquer tamanho, porque o tamanho verdadeiro dela é o tamanho da nossa aura.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 19/09/2014

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