Em manutenção!!!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

"É a política, estúpido!" Será que vai dar macaco?




Por Zezinho de Caetés

Bem, ontem seria o dia D da Lava Jato, com a promessa do sorteio do seu novo relator. E eu, este brasileiro otimista, fiquei a tarde toda esperando o “globo” e as “bolas”, mas, no final das contas nenhum nem outro.

Houve apenas uma sessão em homenagem ao Teori Zavascki, que, lá onde estiver deve estar dizendo: “Deixem de mimimimi e prendam logo o Lula!”. O que?! O que se viu foi a velha desculpa da presidente dizendo que cancelou o convite ao Temer e aos outros poderes da República, para ser uma homenagem mais íntima, e que tudo continuaria amanhã.

E o ano começou para a justiça brasileira. Primeira coisa que vi foi o Gilmar Mendes salvar o Renan Calheiros ao pedir vistas no processo, já resolvido, que proíbe a presidência dos poderes para quem é réu. Se o processo tivesse terminado, nem a última sessão de sua presidência o Renan poderia presidir. Já começou mal a justiça. Ou melhor, depois da morte do Teori, continuou mal.

E o outro evento do dia, a eleição para presidência do Senado, não deu outra, o Renan venceu outra vez. Aliás, do jeito que ele vem vencendo eu não sei por que o Temer não formaliza logo e entrega a presidência da República a ele. Seria mais transparente.

Não tem outra conclusão para os males do Brasil: “É a política, estúpido!”, parafraseando aquele americano que ficou famoso por ter chamado seus compatriotas de estúpidos. Ou o Brasil faz uma reforma política séria, ou a política engole o país.

Eu não chegaria a propor a volta da Monarquia, por falta de reis confiáveis. Mas, por que não um parlamentarismo à brasileira, onde o Primeiro Ministro seria escolhido fora da classe política? Não, o Eike não! Que tal um religioso? Não, o Edi Macedo não!  Este é mais político do que os políticos atuais. São só sugestões de quem está perdido e usa a jocosidade para a vida não ficar tão monótona.

Mas, o Pedro Simon seria uma boa. E digo isto porque ontem vi uma entrevista antiga dele, e que parecia, mutatis mutandis, que foi na semana passado. Tudo de ruim que ele descobriu na política brasileira, no seu longevo tempo de político praticante, continua aí. Conchavos, conchavos e conchavos. O que seria bom se os conchavos não fossem para atacar o erário em causa própria.

No entanto, temos um novo presidente do Senado, que também é citado nas planilhas da Odebrecht como o “Índio” (Um delator premiado diz que ele recebeu propina da Odebrecht para influenciar um MP de interesse da empresa). Quem sabe, mudando a etnia a coisa não melhore? E o que mais me comoveu na eleição foi aquele clima de “já sei o que vai acontecer” inclusive no discurso do candidato de oposição, o Senador José Medeiros. Meu Deus, a política está se tornando a arte da enganação, o que sempre foi, mas era pelo bem público.

Pelo menos a eleição serviu para mostrar que o PT abandonou seu discurso de que houve um “golpe” no Brasil, se aliando para votar no “Índio”, com a raras exceções do Gleisi Hoffman, Lindberg Farias e Fátima Bezerra,  ou seja, os que ainda esperam a volta do Lula. Triste fim do Quinteto Abilolado. Pois até a Vanessa Graidiotin também votou no vencedor. Ou seja, Dilma perdeu o discurso.

E no judiciário, estamos esperando o Bingo para hoje, onde será conhecido o substituto do Teori. E ontem, li a respeito de como se faz o sorteio do STF. É através de um programa de computador, que se supõe gerar números aleatórios. Eu fico logo pensando, o que pode ser aleatório no Brasil além do Jogo do Bicho. Será que vai dar Macaco?

E para que nossos leitores fiquem mais informados ainda, eu transcrevo um texto do Carlos Alberto Sardenberg (no O Globo de hoje), intitulado “Pela economia, ok. Já na política...”, onde ele mostra, com palavras mais técnicas, que poderemos até sair do buraco pela Economia, mas, a Política torce contra. Ou seja, repito: “É a política, estúpido!”.

“Deixemos a política provisoriamente de lado e olhemos os números da economia, aqui e lá fora. O resultado, já adiantando, é claro: 2017 será melhor que o ano passado, isso querendo dizer mais crescimento por toda parte, em ambiente equilibrado. Vale para o Brasil e para o mundo.

Os Estados Unidos terminaram o ano passado em aceleração e devem seguir assim ao longo de 2017, com um PIB um ponto acima do resultado de 2016. Pouco? Pois coloque 1% sobre uma economia de US$ 18,5 trilhões. Dá um bocado de produto.

Inglaterra ainda cresce mais de 2% anuais. Os países do euro e até o Japão aceleraram no fim do ano passado. A China vai garantindo a expansão dos seus 6,5%, e os emergentes em geral ganharam mais condições com a alta e depois estabilização dos preços de commodities.

Tudo somado e subtraído, o PIB mundial pode crescer 3,5% neste ano, meio ponto acima de 2016.

E o Brasil? Também está melhor. Verdade que depois de dois anos de recessão, com uma queda do produto acumulada de quase 9%, qualquer coisinha já é melhor. De todo modo, há quase um consenso de que o país volta a crescer, acelerando moderadamente no segundo semestre, podendo chegar ao final de 2017 com uma expansão do PIB entre 0,5% e 1%. A inflação está desabando, pode cair ainda mais, o que significa que os juros vão cair mais e mais depressa — dos atuais 13% para 9,5% em dezembro.

Isso explica a melhora nos índices de confiança medidos pela Fundação Getulio Vargas. Esses índices chegaram ao fundo do poço durante o processo de impeachment, passaram a se recuperar com a troca de governo, tiveram uma pequena queda em dezembro, recuperada agora em janeiro.

Com base em entrevistas, os índices procuram medir a disposição das pessoas nos diversos setores da economia, consumo, indústria, comércio, construção e serviços. E separam a percepção da situação atual das expectativas.

Por exemplo: os consumidores brasileiros, em janeiro, deram 68,1 pontos na avaliação da situação presente, mas 88,1 quando perguntados sobre expectativas para os próximos meses. Esse padrão se repete nos demais indicadores: a situação hoje não é lá essas coisas, mas deve melhorar.

Resumindo: os dados econômicos, desemprego em alta, especialmente, e renda em queda, jogam para o pessimismo. Inflação em queda, custo de vida mais comportado, juros desabando jogam para uma expectativa realista de saída da crise. Com a ajuda da economia global.

Certo?

Certo até que se introduz o fator político. Trump, por exemplo, pode iniciar uma guerra comercial e cambial dentro do mundo desenvolvido e com a China, o que comprometeria o comércio global e reduziria o crescimento mundial. Sem contar os rolos que o presidente pode criar na geopolítica, com ameaças à segurança internacional.

A Inglaterra, a rigor, ainda não iniciou o Brexit, mas o processo terá efeitos contracionistas.

Há eleições na zona do euro neste ano — inclusive nos três grandes, França, Alemanha, Itália — com chances de a direita nacionalista e antiglobalização ganhar ou ao menos impor partes de sua agenda.

A registrar: nunca houve prosperidade global em ambiente de protecionismo e guerras comerciais. Muito menos quando isso é combinado com disputas geopolíticas.

E no Brasil, temos, claro, os estragos da Lava-Jato. Quais efeitos negativos podem ocorrer para a economia?

O ponto principal está nas reformas — previdenciária, trabalhista e tributária — sem as quais o Brasil não tem como voltar a crescer de modo sustentado. As reformas dependem de ação política do governo Temer e de suas bases no Congresso. Se a um dado momento, todos ou, vá lá, muitos líderes estiverem mais preocupados em se livrar das delações da Odebrecht, a tramitação das reformas fica prejudicada.

Por outro lado, a Lava-Jato não tem dado trégua e, mesmo assim, o governo conseguiu avançar com as reformas e outras medidas pró-recuperação, como a nova Lei do Petróleo. É o que precisa manter, tocar as reformas mesmo em meio às investigações. E dar ênfase a coisas que pode fazer sem o Congresso, como acelerar as concessões de obras públicas, instrumento poderoso para novos investimentos.

Convém ressaltar: o principal efeito econômico da Lava-Jato é positivo para o país. Trata-se de eliminar a corrupção que compromete a produtividade da economia e desperdiça investimentos públicos e privados.


Pode, porém, criar obstáculos no curto prazo, na medida em que atinge políticos e empresários que estão operando a economia. Paciência. Temos que passar por isso. O esforço deve ser o de manter o ritmo de reformas mesmo no meio da confusão. O que pode ser feito, ou só pode ser feito pelas lideranças que não estão na Lava-Jato.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário