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sábado, 11 de janeiro de 2014

O tempo que se faz




Por Carlos Sena (*)

Adoro compartilhar. Principalmente coisas boas, experiências particulares, mas que podem ser repassadas para outrem sem delongas. Diferente do FACEBOOK, nós humanos estamos compartilhando pouco afeto com os nossos semelhantes. Qual Face, “cutucamos” mais (qual o cão com vara curta) do que compartilhamos.

Pois bem: nesta tarde de sexta-feira fiz uma experiência interessante e simples: DESLIGUEI O CELULAR. Sabem por quê? Porque eu estava reclamando muito que não tinha tempo, sequer, para namorar. Pela falta de “tempo” imaginei criar um tempo pra mim dentro deste nosso tempo ofertado pela nossa civilização e tão escravizador dos nossos desejos e sonhos. Desligar o celular por algumas horas, ou por uma manhã é experiência que todos deveriam passar. Você fica com a impressão, de fato, de ter criado um tempo pra você e isso  basta. Porque essa “coleirinha” eletrônica que se chama celular nos escraviza em nós de forma trágica –  posto que  nos prende pela suporta crença de que sejamos livres e com ele (o celular) temos o mundo em nossas mãos. Até podemos tê-lo em nossas mãos, mas com tudo de bom e de ruim que lá fora existe e que nós, sob a pecha de modernos achamos maravilhoso, ou não?

              Hoje minha tarde de sexta pareceu-me com doze horas. Pude ter certeza de que barulhos outros não me incomodavam pela possibilidade de imaginar que meu celular estava tocando, ou urrando, ou berrando. Porque celular pra muita gente é divã de psicanalista, quando deveria ser para contatos breves ou um pouco mais longos desde que de comprovada necessidade. Por isso hoje meu dia ficou maior e, qual Deus fiz o tempo. Não sei se poderei fazer a hora, posto que sabe faz ela e não espera acontecer. Sem o celular por perto consegui ouvi o silencio e achei que ele estava fazendo barulho, tamanho era a minha ausência de tê-lo perto me permitindo o sentimento da fala, não do trinado. Do tato, não do caquiado das mensagens incomodativas. Nesta tarde não vi chover, nem vi o dia morrer se entregando ao à noite nem sempre criança, como dizem os seresteiros. Que bom que ainda não perdemos o sentido do valor das pequenas coisas como tomar uma água de coco no calçadão, comer pipoca na frente da TV, ler um livro pegando nele, riscando ele, sentindo seu cheiro de naftalinas. Desligando o celular vez por outra para não se perder de si, nem dos que a gente ama e nos amam também. Pena que nem sei se fazem isso por aí, mas eu fiz e adoooooorei.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 08/11/2013

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