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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

"ESTE CORNO SOU EU!"




Por Jose Antônio Taveira  Belo / Zetinho


O Bar TOME DUAS E PAGUE UMA no final da Rua Duas Moedas, da pequena cidade Jubazinha era o lugar preferido dos homens daquele lugar. Todos os dias aportavam vários moradores para tomar uma pinga com um caldinho delicioso feito por Dona Nana. Aos sábados, a rabada, a mão de vaca com pirão e arroz não chegava para os frequentadores. Aos domingos uma galinhada no capricho era vendida para algumas famílias. Seu Villela dono do bar era um português vindo de Lisboa, que se firmou ali naquele fim de mundo, dizia as pessoas. Era um homem alto, de um bigode de fazer inveja a qualquer homem e riso fácil. Sempre de avental branco e um lápis por trás da orelha era auxiliado por Caolho, um branquelo sarara das brenhas do sitio. Os frequentadores eram homens dali da comunidade, Seu Tonho, Seu Chico, Abelardo, Doidinho, Jacaré todos se entendiam. Mas, de repente o Seu Osvaldo, gaiato, desbocado falava palavrões e tirava brincadeiras de mau gosto. Era homem cheio de gíria. Tomava duas pingas e começava contar estórias do Rio de Janeiro, de onde veio. Eram estórias mirabolantes, que chateavam os demais, falando alto e não deixando ninguém se expressar. Num sábado à tarde, começou com gracejo com o Jacaré, chamando de corno, mesmo na brincadeira Jacaré não gostou e revidou jogando-lhe uma garrafa de cerveja na sua cabeça. Foi aquele Deus nos acuda. Morava na mesma rua e começaram a se estranhar. Evitava ir ao Bar do seu Villela, para não o encontrar. Certo dia, Jacaré estava sentado num banco quando foi agredido pelo Seu Osvaldo com uma paulada nas costelas e se engalfinhando em plena rua. Dai para frente começaram a criar um ódio desesperado. As suas duas mulheres se entendiam bem, como os seus filhos de menores de idade, não se importavam com o acontecido. Seu Osvaldo, então adoeceu. Uma doença incurável que o fazia ficar sempre deitado. Não frequentava mais o bar TOME DUAS E PAGUE UMA, pois não podia beber, pois o medico o proibira; os dias iam passando e cada dia piorava. No bar era o que se falava, pois, o Seu Osvaldo era conhecido na cidade devido às brincadeiras de mau gosto e de seus palavrões. Era desbocado e cínico. O Jacaré que morava na mesma rua era indiferente com o estado de saúde do Seu Osvaldo. Sempre dizia – Quero que morra este desgraçado! Vá prá o inferno! Não merece viver, pois, por onde anda sempre trás confusão. Assim, alguns meses se passaram e o Seu Osvaldo desfiava a cada dia, apesar dos cuidados de Dona Filo, que dia e noite estava ao seu lado. Numa certa manhã, de agosto, o vento forte levantava poeira e as folhas secas do pé de jambo, corriam soltas pela rua. A meninada corria pelos sítios a procura de mangas e goiaba. O riacho de agua corrente era o atrativo dos meninos que se banhavam, apesar das reclamações dos seus pais. O Seu Osvaldo já debilitado expressou vontade a sua mulher de fazer as pazes com o Jacaré. Aquela desavença lhe incomodava e ele queria voltar às boas com o seu desafeto. Recebia visita durante o dia de alguns companheiros que lhe trazia solidariedade e estimulo de melhora. Deus vai lhe curar, diziam. Amém! Dizia seu Osvaldo com um sorriso amarelo. A mulher foi sua emissária para trazer o Jacaré até a sua residência. “Jacaré recebeu o convite desconfiado. Quem confia num “safado”, mas ao mesmo tempo raciocinou ‘Ele doente do jeito que estar não vai durar muito” e ao mesmo tempo já se passaram algum tempo e ele quer falar comigo não custa nada. E, assim numa tarde chegou Jacaré a residência do Seu Osvaldo. Encontrou-o em uma espreguiçadeira de lona listrada de vermelho e branco na sala de camisa branca aberto no peito devido o calor que fazia. Sentou-se em um tamborete a sua frente e com um sorriso disse, aqui estou! Seu Osvaldo se endireitou e disse – que bom que você atendeu o meu chamado. Tirou um lenço branco do bolso da camisa enxugou a testa e disse – peço perdão pelo acontecido. Aquelas brincadeiras que eu dizia somente me trouxeram problemas. Sei que errei e a gente deve consertar o erro, pois, continuar no erro e burrice. Jacaré olhava aquele homem magro e frágil que outrora era forte e sadio. Ali estava de aspecto de morte. Pensou será que é verdade que ele pede perdão de coração, ou somente porque esta com os dias contados? Ficou na dúvida. Mas mesmo assim disse – Tá legal! Vamos acabar com esta intriga que não vai levar a lugar nenhum. De minha parte já esqueci todo acontecimento. Daqui prá frente sejamos amigos, disse. Seu Osvaldo com os olhos marejados deu-lhe a mão e não brincadeira olhando – disse - este “Corno” sou eu!” riu. Pouco tempo depois seu Osvaldo foi acompanhado por uma legião de amigos a sua morada definitiva – o Cemitério de Santo Alonso. 

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