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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Sangue, suor e lágrimas





“Muito dinheiro, educação ruim
        
O Estado de S.Paulo

Entre 2008 e 2017, a despesa da União com educação teve um aumento real de 91%, informa o estudo Aspectos Fiscais da Educação no Brasil, elaborado pela Secretaria do Tesouro Nacional. “O gasto federal em educação cresceu substancialmente nos últimos dez anos, e tal expansão atingiu todas as áreas da educação, sendo mais destacada no ensino superior”, diz o estudo. No entanto, esse impressionante crescimento de gastos dirigidos à educação não propiciou, nem de longe, uma melhora significativa da qualidade do ensino. No atual cenário de grave déficit fiscal, as evidências indicam pouca eficácia no uso de um alto volume de recursos públicos, que é cada vez maior, sem que a população veja o retorno desse pesado investimento na qualidade da educação pública.

O estudo do Tesouro Nacional esclarece pontos importantes para um debate maduro sobre educação. Não é correto afirmar, por exemplo, que o País investe pouco em educação. O Brasil gasta com educação pública cerca de 6,0% do Produto Interno Bruto (PIB). Os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) gastam, em média, 5,5% do PIB. Tido como exemplo em educação, o Chile investe 4,8% do PIB em educação pública.

A conclusão é cristalina: alto e crescente volume de recursos não é sinônimo de qualidade de educação. “Apesar da forte pressão social para a elevação do gasto na área de educação, existem evidências de que a atual baixa qualidade não se deve à insuficiência de recursos”, afirma o estudo, lembrando que “políticas baseadas apenas na ampliação de insumos educacionais são, em geral, ineficazes”.

Em 2017, o governo federal gastou R$ 117,2 bilhões em educação, sendo R$ 75,4 bilhões destinados ao ensino superior e R$ 34,6 bilhões à educação básica. Ainda que a União tenha, nos ensinos fundamental e médio, apenas um papel supletivo em relação aos Estados e municípios, é gritante a disparidade de volume de recursos, especialmente pelo fato de que o principal déficit educacional está no ensino básico.

As classes menos favorecidas, que mais necessitam de recursos públicos para a educação, recebem menos investimentos federais. Entre 2008 e 2017, além das despesas com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), os itens que mais contribuíram para o aumento de gastos com educação pública foram os Institutos Federais de Educação Tecnológica (Ifets) e os Hospitais Universitários, cujos beneficiários diretos são uma restrita parcela da população.

O estudo do Tesouro reconhece que, entre 2008 e 2017, houve um aumento da oferta de vagas na rede pública de ensino, ressaltando que a atual dinâmica demográfica, com menor taxa de natalidade, conduz a uma redução do número de pessoas em idade escolar. No entanto, o ponto central é que, apesar do aumento das despesas, “a qualidade da educação brasileira ainda é muito precária quando comparada internacionalmente”, afirma. Entre 70 países avaliados em 2015 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), o Brasil obteve a 63.ª posição em ciências, a 59.ª em leitura e a 65.ª em matemática. O Vietnã, que investe 5,6% do PIB em educação - porcentual menor, portanto, que o investido pelo Brasil -, obteve a 22.ª posição geral.

Não é apenas a experiência internacional que indica a possibilidade de um melhor uso de gastos públicos em educação. O estudo lembra, entre outros casos, o município de Sobral, no Ceará, que obteve a melhor avaliação da rede de ensino municipal em 2015. Sua despesa média por aluno é de R$ 3,09 mil, enquanto a média nacional está em R$ 5 mil.

O aumento dos gastos públicos com educação nos últimos dez anos não levou à melhora da qualidade do ensino. Mas esse aumento fez alargar amplamente outro dado: a quantidade de funcionários do Ministério da Educação. Em 2008, havia 189 mil; em 2017, eram 299 mil. É urgente repensar o investimento em educação - ele deve aumentar o aprendizado dos alunos, e não o número de funcionários públicos.”

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AGD comenta:

Este é o terceiro dia da semana que as publicações da AGD tocam nos mesmos pontos: Crise fiscal e Educação. E não poderia, como se viu, ser sobre um bom ponto de vista. Nestes setores o Brasil vem caindo aos pedaços, principalmente, a partir dos governos petistas, nos quais o Lula, hoje condenado pelo conjunto da obra, resolveu dar educação superior a todos, porque ele não a teve, deixando de lado os ensinos básico e médio.

E hoje vivemos a triste situação a que sempre levam as escolhas erradas no gasto de recursos. Viu-se, que em termos quantitativos os recursos não são tão mixurucas. No entanto, são mal e porcamente aplicados com base no populismo para manutenção no poder.

E já são, pelo menos, 15 anos de despautérios fiscais. Com a saída de Dilma, teve-se alguma esperança de mudança, até descobrirem que o novo presidente comia no mesmo coxo da propina e do enriquecimento ilícito, mesmo que tentasse fazer algumas reformas absolutamente necessárias se o passado não o tivesse condenado.

E aqui estamos nós, em mais uma ano eleitoral, tão longe e tão perto de uma possível solução. Tão longe porque já se sabe, a partir dos candidatos que se apresentam até agora, não se vislumbram propostas decentes, e tão perto porque podemos mudar a situação, ou pelo menos tentar muda-la, a partir das urnas.

O resumo da ópera e do conselho melhor para o eleitor é não votar em qualquer candidato que diga ir solucionar tudo no curto prazo. E como já disseram que, no longo prazo, todos estaremos mortos, votemos naqueles que tenham propostas realistas, que sem plágio, prometam algum suor e algumas lágrimas, deixando o sangue para as emergências.

O que não se pode esquecer é nossa responsabilidade eleitoral, a única que pode coibir um pouco a irresponsabilidade fiscal e educacional.

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